Mundo ficciónIniciar sesión— “Você não faz ideia do que significa ser minha.” — “E você não faz ideia do inferno que eu posso ser.” Amara nunca quis ser moeda de troca. Mas quando a empresa da família afunda em dívidas e a ruína bate à porta, descobre que seu destino já estava traçado: o preço da salvação é se casar com Damian Blackwell, o bilionário mais poderoso e temido da cidade. Ele não pediu seu coração. Pediu seu nome, seu corpo, sua obediência. Frio, calculista e dominador, Damian esconde mais do que contratos, por trás do terno impecável, vive o Alfa de uma linhagem marcada pela escuridão… e a escolha dele não foi acaso. Amara é a sua Luna. A única capaz de acalmar a fera. A única que ele não pode deixar escapar. Entre contratos assinados em sangue, jantares cercados de repórteres e noites em que a fera uiva por libertação, ela jura que jamais se dobrará. Ele promete que não descansará até marcá-la como sua. 🔥 Um casamento arranjado. 🔥 Um Alfa bilionário que transforma negócios em correntes. 🔥 Uma Luna que prefere incendiar o mundo a ser prisioneira. E no meio de tudo… um vínculo que nem o destino ousa quebrar.
Leer másAmara
Eu sempre achei que o barulho das máquinas no escritório do meu pai parecia um coração. Naquela tarde, cada clique de teclado soou como soluço, e o nosso mundo respirou errado. Pastas abertas, números vermelhos, café frio. — Pai? — minha voz falhou. — O auditor voltou? Ele não ergueu os olhos. Segurava a caneta como quem segura um corrimão antes do tombo. — Vieram todos — disse. — Banco, fornecedores, amigos. “Renegociação” virou piada. Minha mãe fechou a porta devagar. O perfume de jasmim não venceu o metal do desespero. — Amara, sente-se — pediu. Sentei, e a cadeira pareceu virar jaula. — Quanto tempo nos resta? — perguntei. — O tempo acabou — respondeu meu pai. A frase ricocheteou. Eu sabia que estava ruim, não sabia que tinha acabado. — Há uma proposta — disse minha mãe, escolhendo sílabas como quem pisa em vidro. — Uma saída. — Vender tudo? Eu trabalho em dois turnos. Três. — Não é isso — disse ela. Meu pai tirou os óculos, massageou o nariz. — Damian Blackwell. O nome caiu grosso. Eu o conhecia: o bilionário que comprava empresas sem mudar a expressão. Sorriso raro, influência onipresente. — O que tem ele? — forcei. — Ofereceu ajuda — disse minha mãe. — Em troca de um acordo. — Que acordo? Meu pai contornou a mesa, encolhido. — Casamento — disse. — Com ele. O chão cedeu. Fiquei consciente do corpo: dedos frios, coração batendo forte. — É piada? — Não — minha mãe sussurrou. — Ele quita dívidas, mantém a empresa, salva empregos. Em troca, quer você. — Quer me comprar? — levantei. — Virei linha de orçamento? Os olhos da minha mãe brilharam de lágrimas. — Você acha que eu permitiria se houvesse outra saída? — Fui eu que pedi a conversa — disse meu pai, rouco. — Ele disse que admira sua disciplina. Viu seus projetos. Quer alguém como você ao lado. Ri sem humor. — Ao lado? Ou na coleira? — Amanhã os salários não saem — ele disse. — As máquinas param. Duzentas famílias junto. Duzentas famílias. Rostos, nomes, crianças no “dia da fábrica”. — Por que eu? — perguntei. — Entre tantas, por que eu? — Porque você não se vende — disse minha mãe. — E homens como ele desejam o que não podem possuir. Fui até a janela. A cidade seguia, indiferente. O vidro estava frio. Eu podia fugir. Mas e eles? E os outros? — Se eu aceitar, — disse sem virar — quais são as regras? — Contrato — respondeu minha mãe. — Oficialmente, nada imposto. Mas você sabe, homens como ele impõem com os olhos. Uma raiva limpa me cortou. — Eu aceito — falei, surpresa com a firmeza. Minha mãe levou a mão à boca. Meu pai cambaleou um passo. — Com condição: ninguém me quebra. Nem ele. A porta se abriu. Virei. O homem no batente era alto, impecável, a presença chegava antes do corpo. Os olhos eram cinza que, sob certa luz, lembrava âmbar. — Não sabia que tínhamos platéia — provoquei. Damian Blackwell fechou a porta com um clique e atravessou a sala. Não estendeu a mão. — Senhor e senhora Vasquez — disse, grave. — Vim ouvir a resposta da sua filha. — O senhor entra sem bater? — perguntei. — Quando o prédio está em chamas, as portas ficam abertas — respondeu. — E o seu está em chamas. — Minha resposta é sim — atropelei, antes que meus pais pedissem desculpas. Ele me olhou. Um exame. Minha pele se arrepiou. — Razões? — perguntou. — Não negocio com o destino. Eu o encaro. A mandíbula dele tensionou. — Haverá termos: proteção, sigilo, aliança. E regras. — Eu tenho as minhas — avancei. — Continuo os estudos, trabalho, visito meus pais quando quiser. E não assino silêncio. — Aceito dois itens. O “quando quiser” vira agenda. O silêncio vira discrição. — Eu não gosto de coleiras. O silêncio esticou. Minha mãe reteve o ar. Meu pai pigarreou. Ele sorriu de canto. — Descobriremos do que você gosta, Amara. E do que precisa. O sangue subiu quente… raiva e algo mais, que recusei nomear. — Assinamos hoje — decretou, voltando-se para meu pai. — Amanhã cedo os bancos terão os números. A empresa não fecha. — E eu? — perguntei. — O que eu tenho amanhã cedo? Ele me encarou. O mundo coube dentro do olhar dele. — Meu sobrenome. Meu pai sufocou um soluço. Minha mãe apertou minha mão. Mantive o queixo erguido. — Então que seja, senhor Blackwell — disse. — Mas entenda, não sou parte do seu patrimônio. Sou a mulher que atravessa impérios. Se tentar me quebrar, sangra comigo. Ele inclinou a cabeça, mínima saudação. — Veremos, futura Sra. Blackwell. Ele saiu levando o cheiro de chuva cara. Meu pai encostou na parede. Minha mãe me abraçou, trêmula. — Você tem certeza? — sussurrou. — Tenho. Entro por nós. Saio por mim. *** Assinamos no escritório do advogado, sob luz neutra. Li cláusulas enquanto ele me observava. — Se eu quiser sair? — perguntei. — Você não vai — disse. — Mas, se insistir, haverá preço. — Soa a ameaça. — Soa a verdade. Assinei. Na volta, o carro dele nos deixou em casa. Ele não tocou minha mão. Mediu distâncias como quem mede território. — Amanhã às oito — disse. — Traga um vestido. Vermelho. — Prefiro preto. — Vermelho é para quem escolhe ser vista. O carro partiu. Minha mãe apertou meus dedos, eu tremia. — Ele parece um presságio — disse ela. — Ele é um presságio — corrigi. Subi para o quarto e encostei a cabeça na porta. No escuro, sussurrei: — Você é lâmina. Desci. Meu pai me esperava no corredor. — Filha… — a voz falhou. — É ele… ou nossa ruína. Eu abracei os dois. E decidi que, se o destino tentava me vender, eu o compraria de volta com a única moeda que ele não entende: vontade. Naquela noite, não consegui dormir. O vestido vermelho que ele exigiu parecia me encarar dentro do armário, como um inimigo silencioso. Fechei os olhos e imaginei o futuro: mesas de vidro, arranha-céus refletindo a lua, e eu ao lado de um homem que todos temem. Senti medo, mas também um fio de desafio acendendo dentro de mim. Eu não nasci para ser prisioneira. Se Damian Blackwell pensa que pode me possuir como empresa, logo descobrirá que não sou linha em contrato, sou tempestade inteira. A lua entrou pela janela, banhando meu corpo de prata. Respirei fundo e prometi em silêncio: — “Você pode ser minha ruína, Damian… mas eu serei o seu inferno.”AmaraCinco anos se passaram.Parece uma vida inteira e, ao mesmo tempo, um piscar de olhos. A cidade que antes ardia em medo agora acorda com cheiro de pão e som de crianças. As ruas têm arte nos muros e risadas nas esquinas. A Blackwell Corp. virou fundação, lar de projetos que unem lobos e humanos, escolas, hospitais, abrigos. O nome Voss é só um registro esquecido em arquivos antigos.Subo as escadas até o terraço com Fenrir no colo. Ele tem cinco anos, e uma energia que o mundo não consegue conter. O cabelo escuro com a mecha prateada brilha sob a luz. Os olhos âmbar são de Damian, profundos, intensos, protetores. Ele observa tudo como o pai, mas ri como eu.— Mamãe, olha o céu! — ele aponta, animado. — Tá igual ao meu cabelo!— Tá mesmo — sorrio, ajeitando o casaco dele. — A Lua deixou um pedaço em você.Damian chega logo atrás, silencioso como sempre, mas o calor dele me encontra antes do toque. Envolve meus ombros, depois passa os braços por mim e pelo menino.— Ele tem o seu
DamianMeses depois…A noite começou com chuva mansa e terminou com o céu prateado, como se a Lua tivesse descido um pouco mais para nos ver. A cidade dormia em paz rara. Eu caminhava pelo corredor da cobertura, conferindo portas e sensores por hábito, quando ouvi a voz de Amara, baixa, diferente.— Damian?Corri. Encontrei ela sentada na beira da cama, a mão no ventre, o rosto entre dor e riso.— Começou — ela disse, simples. — É hoje.O coração bateu no limite do peito. O lobo acordou inteiro, não com fúria, com instinto. Aprendi a fazer silêncio por dentro para ouvir o que importa.— Respira comigo, meu amor — pedi, ajoelhando. — No meu ritmo.Ela acompanhou. Mirella entrou com a mala, rosto calmo, movimentos rápidos.— Água morna, toalhas, luvas — listou. — O tempo está instável. É melhor aqui do que atravessar a cidade.Ronan apareceu na porta, discreto, sem invadir.— Perímetro fechado. Equipe mínima de prontidão. Ambulância na base, se precisarmos.— Obrigado — falei, sem tirar
AmaraOs dias depois da coletiva foram diferentes. A cidade ainda discutia, mas o ar parecia menos pesado no meu peito. Eu acordava cedo, fazia chá, respondia mensagens dos abrigos, organizava as novas rotinas de segurança com Ronan e, quando sobrava uma fresta, subia ao terraço só para lembrar que havia céu.Numa dessas manhãs, o corpo me avisou antes da cabeça. Um enjoo leve, uma tontura mansa, um sono que vinha como abraço. A marca no ombro ficou mais quente que o normal, como se alguém tivesse encostado uma moeda morna na pele. Tentei culpar o cansaço, mas a ideia veio como quem sussurra e não solta mais: pode ser.— Mirella? — chamei pelo interfone. — Você pode subir?Ela apareceu com aquele jeito de ver além. Eu contei dos enjoos, da marca, do cansaço diferente. Ela me escutou com atenção, pediu para ver meu ombro, tocou com as pontas dos dedos e sorriu do jeito que só quem já sabe sorri.— A Deusa te abençoou, Luna. Você carrega o futuro.Fiquei muda um segundo, como se alguém
DamianA manhã nasceu com luz limpa. Não era comum. A cidade costumava acordar com barulho, mas hoje o céu parecia querer conversar. Eu encostei as mãos na mureta do terraço e deixei o vento bater no rosto. Ainda havia cheiro de cinza nos cantos, porém menor do que ontem. Respirei fundo. Voss tinha ficado para trás. O mundo, não.Ronan apareceu com duas xícaras. Pousou uma perto de mim.— Você dormiu? — perguntou.— Um pouco — respondi. — O suficiente para saber o que preciso fazer.Ele me estudou por um segundo. O olhar dizia que já tinha adivinhado.— Coletiva?— Global.Viktor entrou na conversa pelo ponto no meu ouvido:— “Se você falar, todo mundo vai escutar. Se ficar calado, vão falar por você. Prefiro a primeira.”— Eu também — disse. — Sem símbolos. Sem bandeiras. Só eu e a verdade.Fui para o andar de baixo. Amara estava na cozinha, cabelo preso, moletom cinza, cortando frutas. Ela ergueu os olhos e entendeu antes de eu dizer.— Você vai falar com o mundo.— Vou.— Quando?—
AmaraA chuva da madrugada virou um fiapo fino, mas a cidade ainda cheirava a metal e fumaça. Chegamos à cobertura em silêncio. Ninguém comemorou. Só o som das botas molhadas pelo corredor e o barulho dos respiradores desligando no hall.Mirella pousou uma jarra de água na mesa, tirou meu casaco, verificou de relance o ombro de Damian.— Depois eu cuido disso — ela disse, prática.Ronan passou pelo painel e aumentou a segurança do perímetro. Viktor abriu três telas, uma do lado da outra, só para garantir que não era paranoia: rotas, câmeras, varredura.— Ele planejou até a própria morte — Ronan alertou, sem rodeio. — Servidores espelhados, arquivos com gatilho, cron jobs disparando em rede pública. Se a gente só vai embora, amanhã tem manifesto “póstumo”.Senti o corpo inteiro travar. O fim que eu tinha sentido dentro do galpão parecia de mentira, um fim com fio solto.— E agora? — perguntei, buscando Damian com os olhos.Ele já estava em pé, pegando as chaves, o colete, aquele silênc
DamianA chuva veio grossa, cheirando a ferro e rua. A cidade parecia lavar o próprio medo. No mapa aberto sobre a mesa, Ronan marcou em vermelho o quarteirão da zona industrial.— É aqui — disse, firme. — Fábrica desativada, três entradas, duas rotas de fuga, subsolo com geradores. Sinais de calor desde às 18h.— E política suja dentro — completou Viktor, ampliando uma câmera térmica. — Rostos conhecidos. Dois vereadores, um secretário, três empresários. E caçadores… muitos.Olhei para Amara. O reflexo das telas iluminava as linhas prateadas no pulso dela. Minha vontade era tirá-la da cidade, apagá-la do mapa, guardá-la num lugar onde nada entrasse. Mas eu já sabia a resposta antes de perguntar.— Hoje termina a caçada — falei, olhando a minha gente. — Amanhã começa o reinado da Lua.A matilha respondeu com um “sim, Alfa” baixo, sem grito. Gosto disso: menos teatro, mais entrega. Mirella fechou o casaco.— Eu fico no perímetro, no canal — ela disse. — Frequência limpa, protocolo simp
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