Início / Lobisomem / Casada Com o Alfa Bilionário / Capítulo 4 – Entre Sorrisos e Olhares
Capítulo 4 – Entre Sorrisos e Olhares

Damian

Cheguei antes de todos. O salão do hotel vestia ouro pálido, mesas redondas, lustres em cascata. Minha equipe alinhou câmeras e falas. Eu poderia conduzir a noite de olhos fechados, até a porta se abrir.

Ela.

O vermelho entrou antes da mulher, um corte na sala. O tecido caiu como fogo manso pelos ombros de Amara e o mundo silenciou. O lobo em mim ergueu a cabeça, faminto. O homem respirou fundo.

— Senhor Blackwell, — avisou Victor. — A imprensa…

Ergui a mão. Eu a observava: cabelo solto, queixo que não se curva, olhos que me ferem. Amara cruzou o salão com graça de quem não teme inimigo. Parou a poucos passos.

— Pediu vermelho. — A voz dela veio limpa. — Vista concedida.

— E perfeita, — respondi. — Faltava a dona do lugar.

— O lugar tem donos demais.

Ofereci o braço.

— Venha.

Ela hesitou e tomou-o. A manga sentiu o calor dela como faísca. Conduzi-a por flashes e cumprimentos.

— Senhora Blackwell, um brinde! — alguém cantou.

— Ainda sou Vasquez, — ela corrigiu, macia e afiada.

Na mesa principal, sentei-a à minha direita. Falei sobre projeções e empregos. Entre uma fala e outra, testei limites.

— Água. — Empurrei o copo.

— Posso me servir, — disse, mantendo meu olhar. Obediência sem parecer obediente. Bom. Quer vencer o jogo, não sair da mesa.

A mãe, nervosa, tocou meu ombro.

— Obrigada por… tudo.

— Eu cumpro o que prometo.

— E cobra tudo que dá, — Amara murmurou.

— Nada é de graça, — retruquei.

Chamaram meu nome. Discurso breve. A música começou, leve.

— Dança comigo? — ofereci.

— Prefiro observar.

— Eu não.

Tomei sua mão. O anel brilhou como juramento e ameaça. Levei-a ao centro. Meus dedos na cintura encontraram calor e luta. O resto do salão sumiu.

— Você está pálido, — ela disse.

— Iluminação fria, — menti mais uma vez. O lobo queria avançar, a coleira apertou. Três batimentos. Quatro.

— Achei que gostasse de controle.

— Gosto de resultados.

— Nem sempre são a mesma coisa.

Girei-a e a trouxe de volta. O perfume dela acertou lembranças que não confesso. Senti o coração dela, rápido, resistência e algo que não nomeio.

A música terminou sob aplausos. Eu poderia soltá-la. Eu deveria. Em vez disso, escolhi um teste que nenhum contrato cobra.

Tomei seu rosto e a beijei.

Não um beijo para câmeras. Um beijo de posse. Ouvi o salão prender o ar, o estalo dos flashes, minha sanidade pedir cautela. A boca dela ficou rígida um segundo, depois quente. Minha outra mão afundou na curva do vestido, firme.

— Damian, — ela sussurrou, surpresa e raiva.

Terminei breve, bruto o suficiente para que todos entendessem o que eu não diria. Quando me afastei, os aplausos vieram, como se tivessem visto romance. Não viram romance. Viram território.

— Não faça isso de novo, — ela disse, baixo.

— Farei quando necessário.

— Quando for meu necessário, eu aviso.

— Eu não trabalho sob avisos.

— Então decida longe da minha boca.

O lobo riu, o homem anotou. Recuar um passo não é perder terreno.

Victor aproximou-se.

— Foto com o conselho.

— Depois, — respondi.

— Agora, — Amara cortou. — Ou vão achar que sou boneca de luxo.

Havia fogo nos olhos, não lágrimas.

— Vamos, — concordei.

Passamos como duas celebridades. Sorrisos, brindes, promessas. Eu dizia “obrigado”, ela “prazer”, e quis quebrar as cadeiras só para vê-la reconstruir a sala.

Na sacada, por um minuto, a cidade respirou fria. O vento moveu uma mecha do seu cabelo. Minha mão ergueu-se para prendê-la atrás da orelha. Toquei. A pele dela era quente, meus dedos, gelo.

— Por que o vestido cai tão bem? — perguntei.

— Porque você quer que caia, — ela disse. — Mas está no meu corpo, não no seu.

— Tudo que toco, moldo.

— Eu não sou argila.

— Ainda.

Ela riu, breve.

— Há algo errado com você, — disse. — Não é só comandar o ar. Tem… — buscou — algo que me arrepia.

Deixei o âmbar roçar meu olhar. Baixei as pálpebras até a humanidade voltar.

— Temos um acordo, — respondi. — O resto não te diz respeito.

— Então pare de me olhar como se quisesse me morder.

Silêncio.

— Não quero apenas morder, Amara. — Pausei. — Quero marcar.

Ela piscou.

— Isso é ameaça?

— Verdade.

Deu um passo atrás, encostou no ferro, recuperou o eixo.

— Eu não sou território, Damian.

— É mais, e menos. É escolha. E eu sou inevitável.

— Ninguém é inevitável.

— Eu sou, — disse baixo. — E hoje o mundo aplaudiu.

— O mundo aplaude qualquer beijo encenado.

— Não encenei.

— Eu vi.

— Então não esqueça.

Ela me encarou longa. Não era só fogo, era brasa para durar. Respeito, a forma rara do desejo.

— Quero ir embora, — disse.

— Minha equipe a leva.

— Quero sair sozinha.

— Não vai.

— E se eu for?

— Eu a trago de volta.

— Com o quê? Contratos?

— Com dentes.

A raiva veio, por baixo, curiosidade.

Fechei a distância um passo. Senti seu pulso no ar. Não toquei.

— Amanhã, às oito, — falei. — Escolheremos a data… juntos. — baixei a guarda.

— Escolha você. É ótimo em decidir o que não é seu.

— Tudo que escolho se torna meu.

— Veremos.

O rádio de Victor chiou. Chamavam por mim no palco. Recolhi o lobo, vesti o homem e ofereci o braço.

— Não — disse. — Eu encontro minha própria saída.

Assenti. Ela voltou ao salão sem mim, vermelho e aço no mesmo corpo. A fera rosnou uma promessa. O homem traduziu:

— Ela será minha, queira ou não. E, quando for, ninguém a tocará sem minha permissão. Nem o mundo. Nem eu, se ela não permitir. E amanhã, diante de todos, o vermelho voltará a arder entre nós novamente.

Deixei o salão quando os flashes começaram a perder força. No carro, tirei o paletó e soltei o nó da gravata. O celular vibrou no bolso interno. Atendi sem olhar o número.

— “Vi tudo,” — a voz do outro lado soou grave, carregada de cobrança. — “Está se expondo demais.”

Fitei meu reflexo no vidro, o âmbar ainda latejando nos olhos.

— Eu sei o que estou fazendo, — respondi, firme. — Não subestime minha estratégia.

— “Mas ela…”

— Ela é minha, — cortei, seco. — Não importa quanto sangue ou contratos sejam necessários. Eu controlo o jogo.

Desliguei antes de qualquer outra fala. O silêncio voltou, pesado. Pela primeira vez, parecia que até o destino me observava. Mas quem decide minha vida sou eu.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App