Ele foi forçado a fugir para não morrer. Daryk viu sua família ser dizimada antes de ser jogado em um mundo hostil. Mas o destino sempre tinha seus planos, mesmo com seu lobo aprisionado, ele encontra aquela que foi marcada para ser sua. Daryk se apaixonou por ela antes mesmo de sentir a magia da ligação, ele se encantou por aqueles olhos e seus sorrisos, se encantou pela bondade daquele coração, mas o destino mostrou sua face cruel e ele se viu diante da maior dor que poderia ter. Selene é uma mulher forte, ela sempre procurou agradecer pelas coisas boas que a vida lhe proporcionou, sua origem desconhecida não a fez amargar e ela se orgulhava disso, sempre amou aqueles que a acolheram depois de ser abandonada. Mas existia um mistério que não podia ser ignorado, ela tinha sonhos, intuições e sabia que o destino era implacável, seja nas coisas boas ou ruins, ninguém foge dele. Nunca. Quando Selene encontra um homem ferido, ela sente que há algo e mesmo sem entender claramente, obedece sua intuição como sempre fez, mas aos poucos, vê seus sentimentos aflorarem por aquele com um passado tão desconhecido quanto o dela. Porém, mais uma vez, o destino lhe mostra que não pode ser ignorado. Ela é obrigada a fazer uma escolha entre dois caminhos repletos de espinhos. Sim, o destino nem sempre é justo.
Leer másDaryk
O cheiro fresco de sangue inundava minhas narinas e para onde eu olhasse, via apenas a morte.
Os seres se enfrentavam em meio a escuridão da floresta. A lua banhava seus filhos através das pequenas frestas entre as árvores. Eu lutava pelos meus já em menor número. Estávamos morrendo.
Meu lar era consumido pelas chamas e, embora meu sangue fosse o alvo, quem estivesse pelo caminho perderia a vida. Em breve eu seria o alfa, meu pai estava próximo de me passar esse título, no entanto, o destino quis de outra forma.
Nosso mundo estava morrendo, sendo sugado pouco a pouco. Nós dependíamos da magia, mas ela também servia como combustível para seres malígnos que almejam poder. Havia um bruxo, ele começou tudo isso, sua ambição por controle e vida eterna plantou a escuridão nos corações de muitos, a magia limpa foi se tornando negra e o solo infértil.
Mas não era só ele que se tornava estéril. Nossas fêmeas não geram mais filhotes, a última geração foi a minha e já tinha muito tempo. Isso não se limitava a apenas os lobos, mas a todos os seres desse mundo. Quando a magia desse mundo acabar, ele vai procurar outro e fará o mesmo, depois, repetirá mais uma vez em outro.
Minha família liderava um grupo rebelde, nós lutamos por nosso mundo, mesmo que isso significasse perder muitos dos nossos, seria assim até restar o último.
Olhando para aquele campo de batalha em meio às árvores que um dia foram majestosas, lamentei por aqueles que lutaram tão bravamente, talvez eu morresse ali, mas iria até o fim. Até meu último sopro de vida.
— Daryk, você precisa ir. — Arin olhou-me brevemente, não podíamos nos distrair, eram muitos. Arin estava quase sem forças.
Arin lutava com sua magia, o dom herdado da nossa mãe, eu lutava em forma de lobo, porém, nada do que fizéssemos agora seria suficiente para contornarmos aquela situação. Eles nos encurralaram.
Desviei a tempo do ataque de um lobo e minha mordida foi o suficiente para deixar um estrago na lateral de sua cabeça, porém, não tive tempo para olhar novamente para meu irmão, fui atacado por uma besta de pelagem cinza, a pancada foi forte o suficiente para jogar-me contra a árvore. A carne da minha pata traseira foi rasgada pelas longas garras da criatura que não era nem lobo e nem homem, era apenas uma besta irracional criada para matar.
Fui agarrado e arremessado novamente, a força daquela besta ia além da minha. O impacto foi suficiente para que eu perdesse a forma lupina. O desespero atingiu Arin, ele usou quase toda sua energia para jogar os lobos e bestas longe. Assim que abaixou-se na minha frente, criou uma barreira ao redor de nós dois. Eu estava muito ferido e não tinha condições de lutar naquele momento, embora a cura fosse acelerada, não daria tempo. Eu não estava conseguindo me recuperar na velocidade certa devido a exaustão.
— Daryk, olha pra mim! — Arin segurou em meu rosto. — Não vamos conseguir, estamos em menor número e minha barreira não vai aguentar por muito tempo. Você precisa ir. — Ajudou-me a levantar enquanto os lobos e bestas se jogavam contra a barreira tentando ultrapassá-la. — Eu jurei te proteger, jurei aos nossos pais, não posso quebrar essa promessa.
— Não vou te deixar, não me peça isso — disse com dificuldades ao meu irmão mais velho.
— Lembra do que nossa mãe disse? — Arin sorriu naquela ternura que também era herdado dela. — Ela disse que você seria nossa última esperança, que seu destino estava traçado e que teria um papel muito importante no futuro.
— Arin. — Olhei brevemente para os seres que continuavam se jogando contra a barreira. — Vamos sair daqui juntos.
— Eu estou feliz por conseguir cumprir minha missão, irmão. Eu sempre soube que esse dia chegaria, então não fique triste.
— Eu não aceito que seja assim, eu…
— Eu te amo, me perdoe — Arin interrompeu-me e me abraçou.
Após isso, fez um rápido feitiço e bateu a palma contra o meu peito, o impacto me fez cambalear para trás, a dor era quase insuportável.
Ele aprisionou meu lobo.
Ainda atordoado, não tive tempo de recuperar-me, Arin fez o impensado, Algo que ele jamais poderia fazer ali naquele lugar. Um portal foi aberto e ele me jogou dentro dele.
— Não!! — Gritei e levantei com dificuldades para, em seguida, correr para alcançar a passagem que estava se fechando.
Do outro lado, Arin sorriu. A barreira ao seu redor se desfez permitindo que chegassem até ele.
— Viva, Daryk…
Foi a última coisa que ouvi antes do portal fechar.
— Não!! — Meu grito ecoou pela mata, agora silenciosa.
4 anos depois…Selene— Tem certeza que é o lugar certo? — Daryk perguntou enquanto olhávamos a placa no início daquela estrada de terra.— Sim, é esse mesmo. — Li mais uma vez o endereço escrito no pequeno papel. — Que bom que não foi em vão, é muito complicado chegar aqui. Suspirei ao voltar a postura no banco do motorista. Nós alugamos um carro depois que chegamos na cidade mais próxima, mas antes disso, tivemos que pegar um voo longo, Daryk quase desistiu, achei que ele voltaria me levando a força, porém, não havia jeito, não dava para abrir um portal diretamente para um lugar que sequer sabia onde era. Então, primeiro visitei minha família adotiva. Foram dias felizes, principalmente por terem conhecido meu filho, no entanto, não revelei toda a verdade sobre mim e onde eu vivo.Olhei Mychael atrás na cadeirinha, não estava mais dormindo, mas permanecia calmo, ele não costumava ser tão tranquilo, era uma criança ativa e dava trabalho às vezes, mas depois que passamos pelo portal
Meses depois…SeleneRespirei rapidamente tentando recuperar o fôlego ao ouvir o choro alto. Olhei para ele nas mãos de Maya e sorri, ela o colocou em cima do meu peito nu que ainda subia e descia forte devido ao grande esforço. Era tão pequeno e frágil, o toquei com cuidado, minhas mãos estavam trêmulas, Daryk, ao meu lado, o olhava com o lobo na superfície, seus olhos estavam vermelhos. Ele encostou sua testa na minha e acariciou nosso bebê.— Você está bem? — Sua pergunta foi suave e amorosa, mas apenas acenei e respirei profundamente. Maya cortou o cordão umbilical e ele choramingou por ter sido tirado da posição confortável, mas assim que ela terminou, Daryk o pegou, ele chorou um pouco, mas depois de ouvir e sentir o rosnado suave, se acalmou. Ele sempre rosnava desse jeito durante minha gestação, dizia que estava conversando com o filhote, era como se firmasse sua presença, para que ele o reconhecesse.Mychael nem tinha sido limpo e ainda assim, daryk o levou para a grande po
Daryk— Pode dormir mais se quiser.— Não posso, tenho coisas para fazer, aliás, perdi a hora já — murmurou ao se esfregar em meu peito. — Deixe para depois. — Não posso faltar às aulas de Lyra e hoje eu tenho que ajudar Eyra em algumas coisas, não sei como ela não veio saber do meu atraso.— Eu peço a outro ir em seu lugar e Lyra pode esperar.— Não seja assim, Daryk. Tenho que ser responsável, ando muito preguiçosa.— Está com fome? — Mudei o foco da conversa. Sua teimosia era insistente quando ela queria e eu só conseguia pensar no nosso filhote, essa também era uma das razões para a sua moleza.— Não muito, só sinto sono, parece que dormi por dias e ainda não é o bastante, meus olhos estão cansados.— Só os olhos?— Sim — respondeu vagarosamente. — Tem certeza que não sente mais nada?— Tenho.— Acho que você deveria prestar mais atenção em seu corpo, fêmea. — Selene se afastou o suficiente para me olhar e não consegui esconder o grande sorriso.Ela franziu o cenho desconfiada
DarykAquilo era um problema e ao mesmo tempo, não.Suspirei. Tinha que encontrar uma solução mais imediata, não tínhamos fartura ainda.Uma parte da plantação de grãos estava arruinada, essa era uma área próxima que usávamos para plantar, era um espaço entre algumas árvores, apenas o suficiente. Os animais estavam voltando para seus locais de origem, a maioria estava procriando ou com filhotes, mas ainda existia um grande desequilíbrio e pouca oferta de alimento, por isso eles mexeram aqui.— Por enquanto, podemos apenas mudar as rotas das rondas. Não é bom usar magia, os animais podem ficar feridos. — Zarek apresentou uma solução simples, o problema era aumentar o número de lobos ativos na floresta. Todos estavam muito ocupados e não éramos tantos. — E as bruxas estão intensificando os cuidados com as plantas que os alimentam. — Eu vou contribuir com as rondas, vamos apenas ajustar os locais como você disse. Aumentar os lobos pode também afugentar eles.— E sua fêmea? Vai deixá-la
SeleneOlhei mais uma vez para a sala recém arrumada, finalmente tinha concluído a organização da casa. Alguns dias tinham se passado depois que cheguei aqui e agora que pude fazer algo. Não foi nada complexo, mas estava orgulhosa, as capas das almofadas fui eu quem fiz, ainda sentia falta de equipamentos, porém, mesmo trabalhando à mão, foi possível ter um bom resultado. As almofadas eram coloridas, eu não sabia, mas tinha a possibilidade de tingir os tecidos em diversas cores, tudo era tirado da natureza ou transformado através de magia.O jogo de cadeiras era bonito, mas não me via usando esse espaço, mesmo a casa sendo maior que a maioria, eu uso basicamente o quarto e cozinha, sendo que das vezes que entro na cozinha é apenas para comer, Daryk não me deixa fazer muita coisa.De qualquer forma, eu não acho ruim, minhas habilidades na cozinha são bem limitadas, eu sei o básico e poucas receitas, posso aprender, é claro, mas acho que gosto de ser mimada, então aproveito meu tempo l
SeleneIsso me fez questionar até onde Myranda sabia do meu futuro, me fez questionar se não foi através daquele sonho que ela quebrou a pedra, também me fez questionar a dimensão do seu poder.Ela planejou minuciosamente a minha vida, embora eu entendesse sua escolha perante aos desejos e caminhos da deusa, não deixava de pensar que ela poderia ter escolhido um destino diferente, talvez eu tivesse crescido aqui.— Obrigada — agradeci a Maya, dobrei o papel novamente e encaixei dentro do relicário. Esse tempo todo eu andava com a localização da minha mãe. — Vou pensar nisso com cuidado.— Está no seu direito. — Sua resposta fria não foi surpresa, mas penso que Maya tem sim muita vontade de rever a irmã. Bem, mas isso era conversa para outro momento.Respirei fundo novamente e ouvi os elogios empolgados, já era hora de sair. Quando saí, estava cheio de pontos brilhantes, eram seres pequenos, assim como vagalumes, eu já os tinha visto antes, mas não nessa intensidade. As cores diversas
Último capítulo