Amara
A chuva da madrugada virou um fiapo fino, mas a cidade ainda cheirava a metal e fumaça. Chegamos à cobertura em silêncio. Ninguém comemorou. Só o som das botas molhadas pelo corredor e o barulho dos respiradores desligando no hall.
Mirella pousou uma jarra de água na mesa, tirou meu casaco, verificou de relance o ombro de Damian.
— Depois eu cuido disso — ela disse, prática.
Ronan passou pelo painel e aumentou a segurança do perímetro. Viktor abriu três telas, uma do lado da outra, só para garantir que não era paranoia: rotas, câmeras, varredura.
— Ele planejou até a própria morte — Ronan alertou, sem rodeio. — Servidores espelhados, arquivos com gatilho, cron jobs disparando em rede pública. Se a gente só vai embora, amanhã tem manifesto “póstumo”.
Senti o corpo inteiro travar. O fim que eu tinha sentido dentro do galpão parecia de mentira, um fim com fio solto.
— E agora? — perguntei, buscando Damian com os olhos.
Ele já estava em pé, pegando as chaves, o colete, aquele silênc