Damian
Meses depois…
A noite começou com chuva mansa e terminou com o céu prateado, como se a Lua tivesse descido um pouco mais para nos ver. A cidade dormia em paz rara. Eu caminhava pelo corredor da cobertura, conferindo portas e sensores por hábito, quando ouvi a voz de Amara, baixa, diferente.
— Damian?
Corri. Encontrei ela sentada na beira da cama, a mão no ventre, o rosto entre dor e riso.
— Começou — ela disse, simples. — É hoje.
O coração bateu no limite do peito. O lobo acordou inteiro, não com fúria, com instinto. Aprendi a fazer silêncio por dentro para ouvir o que importa.
— Respira comigo, meu amor — pedi, ajoelhando. — No meu ritmo.
Ela acompanhou. Mirella entrou com a mala, rosto calmo, movimentos rápidos.
— Água morna, toalhas, luvas — listou. — O tempo está instável. É melhor aqui do que atravessar a cidade.
Ronan apareceu na porta, discreto, sem invadir.
— Perímetro fechado. Equipe mínima de prontidão. Ambulância na base, se precisarmos.
— Obrigado — falei, sem tirar