Damian
A chuva veio grossa, cheirando a ferro e rua. A cidade parecia lavar o próprio medo. No mapa aberto sobre a mesa, Ronan marcou em vermelho o quarteirão da zona industrial.
— É aqui — disse, firme. — Fábrica desativada, três entradas, duas rotas de fuga, subsolo com geradores. Sinais de calor desde às 18h.
— E política suja dentro — completou Viktor, ampliando uma câmera térmica. — Rostos conhecidos. Dois vereadores, um secretário, três empresários. E caçadores… muitos.
Olhei para Amara. O reflexo das telas iluminava as linhas prateadas no pulso dela. Minha vontade era tirá-la da cidade, apagá-la do mapa, guardá-la num lugar onde nada entrasse. Mas eu já sabia a resposta antes de perguntar.
— Hoje termina a caçada — falei, olhando a minha gente. — Amanhã começa o reinado da Lua.
A matilha respondeu com um “sim, Alfa” baixo, sem grito. Gosto disso: menos teatro, mais entrega. Mirella fechou o casaco.
— Eu fico no perímetro, no canal — ela disse. — Frequência limpa, protocolo simp