Eu, Ares Onderwood, rejeito você, Clarice Winsper como minha companheira e Luna da matilha Thunderwoof... Sim, esse sempre foi meu pensamento, rejeitar minha Luna destinada, sou aquele Alfa que sempre pensou que uma Luna destinada enfraqueceria uma matilha, mas estava errado e pagarei as duras penas por meu ato covarde de cinco anos atrás. Ares tem a maior matilha do centro sul para comandar, justo, benevolente e ao mesmo tempo fazedor das leis, agia com punhos de aço quando via o erro, ao rejeitar sua companheira pensando ser o melhor se tornou a casca que sempre fugiu de ser. Clarice Winsper, perdeu sua família aos doze anos e viveu na matilha Thunderwoof, aos dezoito anos ainda não havia encontrado seu lobo, mas um encontro inesperado com o Alfa a faria perceber que sua matilha já não era mais seu lar. Partindo encontrou o lar que tanto sonhava e ao voltar o laço de companheiros ainda unia o casal. Agora, reconquistar sua Luna será o preço que Ares terá que pagar para voltar a ser feliz, será fácil curar antigas feridas e deixar o amor florescer, Ares terá que descobrir ao reconquistar o amor perdido.
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Sim essa frase está comigo desde que vivenciei aquela noite, um ataque na matilha, vários mortos e inclusive a pessoa que mais importante na minha vida. Os olhos da minha mãe foram os últimos a me ensinar o que era ternura, amor e compaixão. Depois dela, só restaram as sombras dentro de mim. Acordei antes do sol, como sempre. A névoa densa ainda cobria os campos do leste quando deixei meu quarto, os ombros pesados com o fardo invisível de ser Alfa. Faz dois anos que herdei este trono. Dois anos desde que o sangue escorreu pelas pedras e tingiu minha juventude com a morte. Aos dezesseis anos, me tornei o líder da maior matilha do centro-sul. Não por escolha. Mas por sobrevivência. Meu pai enlouqueceu após o ataque dos renegados. Uma guerra onde perdemos muito, não estávamos preparados, éramos pacíficos, os aliados demoraram a chegar. Ele perdeu o que restava de sanidade com o corpo da minha mãe em seus braços. O vi morrer pelo maldito laço de companheiros. Quando ele tentou sacrificar três filhotes durante um surto, fui eu quem o deteve. O trono de Thunderwoof foi erguido sobre sua queda — e sobre meu silêncio. Desde então, o peso não saiu mais dos meus ombros. A sala do conselho ainda cheirava a ferrugem e pergaminhos velhos. Meu beta, Kaelen, já me aguardava com uma expressão fria e austera, tão sóbria quanto a neblina do amanhecer. — Ares, tivemos uma incursão ao sul da fronteira ontem à noite — disse ele, sem rodeios. — Um grupo de renegados. Dois dos nossos foram feridos. Um perdeu o braço. — E os renegados? — Mortos. Assenti. Era assim que deveria ser. Nenhuma misericórdia além dos limites da nossa honra. Kaelen pousou sobre a mesa um mapa amarelado, marcado por cicatrizes e sangue. Apontou com um dedo ossudo uma trilha entre as montanhas de Tal’Shar. — Estão vindo por aqui. Há buracos em nossas defesas. A patrulha da ravina está desorganizada desde que perdemos o sentinela Arno. — Substitua por Oric — ordenei. — E dobre os turnos. Não quero mais surpresas. Kaelen ergueu os olhos para mim, hesitando por um segundo. — Isso vai exaurir os soldados, Ares. Você já os mantém sob pressão constante. Há rumores… — Rumores morrem quando há ordem. — Interrompi. — E ordem é o que mantemos com ferro, não com sorrisos. Silêncio. Kaelen sabia quando não insistir. Esse era o motivo de ainda estar ao meu lado. Todos aqui, sabem como foi o ataque de dois anos atrás, ainda escorre dor pelo nosso sangue, gritos de companheiros que perderam os seus ainda ecoa em nossos ouvidos, os gritos de meu pai ainda arrepia a pele de quem ouviu, perder um companheiro é como perder sua alma, uma parte de você, talvez a deusa os abençoa com um novo, talvez a dor não seja tão forte. Talvez. Mas eu não sou um homem de talvez, sou um homem de decisão. O treino da manhã era como todos os outros. Marchas, combate corpo a corpo, técnicas de rastreamento. Soldados suavam sob o peso da responsabilidade que minha liderança impunha. Não havia espaço para fraqueza em Thunderwoof. A disciplina era inegociável. A névoa dissipava-se lentamente, revelando o campo de treinamento como um cemitério de esperanças. Todos os que permaneciam aqui aceitavam o destino que a matilha impunha: viver pelo coletivo, morrer pela matilha e respeitar seu Alfa, que conquistou o respeito em dois anos mostrando que era capaz. — Continue o giro! — rugi. — Se seu corpo está tremendo, é porque sua mente ainda acredita que pode parar! Um jovem caiu de joelhos, arfando. Eu caminhei até ele, devagar. Não precisava gritar. A tensão na minha presença já dizia o suficiente. — Seu nome? — Eren, senhor — ele arfou. — Eren... Se hoje você estivesse em campo aberto e caísse dessa forma, o que aconteceria? — Eu morreria, senhor. — Errado. — Me agachei, olhos fixos nos dele. — Você morreria, e arrastaria seu grupo com você. Seu erro não custa só sua vida. Custa a vida de todos. Levantei-me e me afastei, sem dizer mais. O silêncio que se seguiu foi mais eficaz que qualquer punição. Na minha sala, mais tarde, observei o horizonte pela janela. Montanhas distantes, picos cobertos de neve, trilhas que levavam ao nada. Era para lá que minha mente fugia quando o peso da liderança ameaçava esmagar meu espírito. Eu me recuso a cair. O que me move não é ambição. É necessidade. Não sou movido por paixões, amores ou destino. Essas coisas transformaram meu pai num fantoche. A perda da minha mãe fez dele um louco. Eu nunca amarei como ele amou. Não me permitirei. O laço de companheiros é uma armadilha. Um veneno disfarçado de bênção. Vi com meus próprios olhos o que ele faz com um Alfa. Quebra a mente. Dilacera a força. É por isso que jamais aceitarei uma companheira. Não quero uma Luna. Não preciso de uma. Veja o que conquistei. Se um dia os deuses forem cruéis o bastante para me destinar a alguém, essa pessoa será a ruína de tudo o que construí. Como posso aceitar. Kaelen voltou mais tarde com novas notícias. Uma disputa de terras com uma matilha vizinha. Um grupo de crianças doentes. Um velho guerreiro que havia sido encontrado morto nas margens do rio, com sinais de magia desconhecida em sua pele. — Magia? — questionei, franzindo o cenho. — Não temos certeza. Mas havia marcas, Ares. E os olhos estavam brancos. Como se a alma tivesse sido sugada. — Envie dois farejadores para investigar. E convoque os xamãs. Se há bruxaria se aproximando de nossas fronteiras, quero saber primeiro. — Sim, Alfa. Ficamos em silêncio por um instante. Kaelen então falou, a voz hesitante. — Há algo mais. — Não meu Alfa, isso é tudo. Ele saiu me deixando com papéis intermináveis e motivos para pensar. À noite, o castelo caiu em um silêncio quase absoluto. Caminhei até o trono de pedra negra. Frio. Inflexível. Como o coração que carrego. Sentei-me. O vento uivava pelas frestas das janelas. Não fechei as cortinas. Queria ver o escuro lá fora. É nele que me reconheço. Meu nome é Ares Onderwood. Alfa de Thunderwoof. Senhor da ordem e da força. Eu sou o punho de ferro que ergue esta matilha. Sou o herdeiro de um trono banhado em sangue. E não existe lugar para amor... ...no coração de um monstro. As responsabilidades de um Alfa não dormem. Elas respiram com o mesmo peso da noite, murmuram em cantos escuros e pairam como sombras sobre cada decisão. Ao nascer do segundo dia, antes mesmo do primeiro raio de sol cortar o céu de Thunderwoof, eu já estava de pé, em trajes simples, os pés firmes sobre a terra enregelada do pátio interno. Os soldados estavam em formação, o silêncio cortante. Todos sabiam que eu aparecia sem aviso, e quando o fazia, era para lembrar que disciplina não era um estado — era um juramento. O treinamento não era apenas físico. Era um ritual. A forma como os soldados se moviam, a sincronia das marchas, os giros com as espadas de prata negra... Tudo era cronometrado ao segundo, pois fora dessas paredes o mundo não perdoava deslizes. E nem eu. Passei entre os grupos em silêncio, observando, absorvendo cada detalhe. Quando um guerreiro tropeçou ao desviar de um golpe simulado, me aproximei com olhos frios. — Seu inimigo não vai esperar que você recupere o equilíbrio — disse baixo, e os outros silenciaram por completo. — Você não carrega apenas a própria vida. Carrega a vida dos que confiam em você. Lembre-se disso... ou morra esquecendo.A noite caíra sobre Arkhadia como um manto espesso, abafando até os sussurros do vento entre as muralhas. O templo estava em silêncio, mas Clarice não. Caminhava de um lado para o outro entre os pilares de pedra, os olhos fixos em algo que apenas ela via. A lâmina ancestral, agora repousada sobre o altar lateral, tremia sutilmente, como se sentisse a aproximação de algo invisível.Ares encostava-se à parede mais afastada, os braços cruzados, mas os olhos cravados nela. Havia algo diferente naquela noite. Algo denso, que se esgueirava pelas frestas do mundo como uma presença espreitando. E por mais que estivesse acostumado com a guerra, com o sangue e com as feridas que não cicatrizam, Ares sabia que agora enfrentavam algo mais antigo do que a dor.Clarice parou diante do altar, os dedos roçando as pedras frias. Ela sentia a presença da Deusa como um sussurro em sua nuca, mas também algo mais: um véu de silêncio que a envolvia com desconfiança.— Althea... o que estou esquecendo?Lyann
O caminho de volta a Arkhadia parecia mais longo do que na ida. O silêncio entre os membros da comitiva não era de exaustão, mas de cautela. Cada passo ecoava como um presságio, e até os animais da floresta pareciam ter recuado para dentro das sombras.Clarice vinha à frente, a lâmina ancestral presa às costas — viva, pulsando com inquietação. O selo do Fôlego Ardente ainda vibrava em seu peito, e com ele, uma nova sensação: como se houvesse olhos onde não devia haver. Olhos escondidos sob peles conhecidas.Ares seguia ao lado dela, em silêncio, os dedos enluvados sempre próximos do cabo da espada. Desde que a Deusa falara com Clarice no acampamento, algo mudara entre eles. Uma urgência que não vinha da paixão, mas da sobrevivência compartilhada.Kaelen e Nara traziam Atrim, desacordado, entre eles. A cada hora que passava, sua expressão tornava-se mais pálida, mas a fumaça escura que saía de suas narinas havia cessado. Mesmo assim, Clarice não confiava em deixá-lo sem proteção. Vel F
O Fôlego Ardente da MontanhaA escuridão da caverna não era apenas ausência de luz. Era espessa. Viva. Respirava por entre os sulcos das paredes como se observasse cada passo do grupo — e julgasse.Clarice ia à frente, os olhos fixos no corredor escamado. A cada metro avançado, o calor aumentava. Era um calor que não queimava a pele, mas espreitava por dentro, como se testasse a resistência da alma.Ao seu lado, Vel Faris murmurava palavras ancestrais, mantendo uma linha sutil de magia ativa para conter as pressões espirituais que começavam a se acumular. Selene Dourada, atrás, mantinha a ponta do cajado acesa com uma chama prata, suficiente apenas para delinear silhuetas sem perturbar a câmara do selo.Lyanna, você sente isso?Sim. Estamos perto. Mas há algo… torcido. Como se a pedra chorasse por dentro.Mais à frente, um clarão alaranjado pulsava, intermitente. Como a respiração de algo adormecido.Atrim ergueu o bastão com força quando um estrondo ecoou sobre suas cabeças. Partícul
A trilha das Serpentes SilenciosasO entardecer recuava, engolido por um crepúsculo denso quando o grupo deixou Thunderwoof para trás. A matilha inteira parecia conter a respiração, como se cada coração conhecesse — ainda que sem palavras — a gravidade daquela partida.Clarice seguia na dianteira. Não usava mais as vestes negras de comandante, mas um manto de viagem que unia as duas faces de si mesma: o azul-profundo de Arkhadia costurado ao prata lunar da velha linhagem. Na cintura, a adaga de prata-celeste que Kaelen lhe confiara; nos ombros, o peso invisível de séculos esquecidos.Ao lado dela, Ares avançava em passo firme, Grendor pulsando sob a pele. Nem um só guerreiro deixou de notar como os movimentos dele se sincronizavam com os dela — um compasso silencioso, como se o lobo já marcasse a cadência daquela marcha desde sempre.Atrás, os três Guardiões Espirituais caminhavam em formação triangular. A guardiã de cabelos alvos — Selene Dourada — entoava orações num dialeto tão ant
O corpo de Idran fora enterrado sem cerimônia.Clarice pediu que o velassem apenas sob a luz da lua, em silêncio absoluto. Sem preces, sem cantos, sem palavras — o espírito dele já não estava ali. O que jazia diante deles era apenas a casca vazia de um lobo que perdera a guerra dentro de si.O símbolo da Deusa cravado em seu peito ainda ardia em sua memória.Ares permaneceu ao lado de Clarice durante toda a cerimônia. Ninguém ousou se aproximar. Nem mesmo os anciãos, agora mergulhados em uma sombra de medo que começava a se espalhar pela matilha como veneno silencioso.Kaelen aproximou-se no fim da vigília, os olhos duros, a voz baixa.— Encontramos marcas ao redor do corpo. Não foram feitas por mãos comuns.Clarice olhou para ele, a expressão inabalável.— Ele foi levado antes de morrer?— Talvez. Ou foi mantido em transe por tempo suficiente para que o espírito o corrompesse completamente. Só sabemos de uma coisa com certeza…— A entidade está ganhando força — completou ela.Kaelen
A noite caiu silenciosa sobre Thunderwoof, mas a paz era uma ilusão.Clarice se manteve de pé diante do grande mapa das Terras do Norte, estendido sobre a mesa principal da sala de estratégia. Estava ladeada por Kaelen e Nara, enquanto Ares caminhava em círculos, como um predador enjaulado.— Os selos foram colocados há mais de cem anos — comentou Kaelen, cruzando os braços. — E ninguém mais sabe ativá-los. A última sacerdotisa que os conhecia… morreu junto com a antiga linhagem.— Não exatamente — corrigiu Clarice, com os olhos fixos em um ponto do mapa onde as linhas da floresta se encontravam com a encosta da Colina dos Lamentos. — Parte da magia ainda vive. Na terra. No sangue. E naqueles que a escutam.Lyanna, onde está o primeiro selo?Sob as raízes da figueira milenar, no limite leste. O solo ainda canta com a presença da Deusa.Clarice assentiu com leveza, como se ouvisse uma voz que só ela podia escutar.— Começaremos pela figueira milenar — anunciou. — O selo foi adormecido,
Último capítulo