DamianCheguei cedo. Prefiro entrar primeiro e recolher margens, cheiros, distâncias, saídas. O portão da mansão Vasquez abriu como um suspiro cansado, o mordomo correu, ajeitando a gravata, e anunciou meu nome com uma reverência que tinha medo nas bordas.— Sr. Blackwell.— Sala principal? — perguntei.— Sim, senhor.O corredor exibia fotos de férias e diplomas. Em todas, uma ideia fixa: estabilidade, hoje, recordações por um prego torto.O pai levantou apressado, a mãe tentou sorrir, Amara permaneceu de pé, vestida de preto, o queixo erguido como faca afiada. Ignorou deliberadamente o “vermelho” que pedi.— Sr. e Sra. Vasquez — cumprimentei. — Vim formalizar termos.Abri a pasta: cronogramas, auditorias, o pagamento. Os olhos de Amara me atravessavam.— Não falaremos de… sentimentos? — a mãe arriscou.— Sentimentos não movem máquinas — respondi, assinando. — Decisão e dinheiro movem.Amara cruzou os braços.— E pessoas? — perguntou. — São só linhas de custo?— Pessoas são contratos
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