Meridian é filha do alfa da Alcateia da Lua Prateada, mas no dia da celebração da lua — evento onde finalmente o homem por quem se apaixonou decidiria se declarar para ela — o Reino de Umbra, governado por magos malignos conhecidos por conquistarem territórios à força, invade suas terras. Durante o ataque, Meridian é sequestrada. Agora, sem memória e vivendo como uma renegada, ela se tornou uma exímia caçadora. Após dois anos de treinamento intenso, Meridian é nomeada protetora pessoal do príncipe de Umbra. Tudo parecia finalmente estar sob controle, mas dois conflitos a atormentam: O príncipe dos magos exerce sobre ela uma atração inegável. O romance entre os dois é proibido, mas resistir à tentação de sua presença sedutora é um desafio constante. Após uma emboscada, ela se depara com um lobo misterioso. Ele não a ataca. Em vez disso, seus olhos azul-claros perfuram sua alma, despertando sonhos inquietantes e fragmentos de memórias do passado. Enquanto tenta desvendar os segredos de sua própria história, Meridian percebe que sua nova vida no Reino de Umbra pode ser uma zona de conflito iminente. Com uma guerra devastadora entre os magos de Umbra e a Alcateia da Lua Prateada se aproximando, ela terá que enfrentar uma escolha impossível: proteger aqueles que agora considera aliados ou lutar pelo sangue que ainda corre em suas veias. O que ela fará quando sua lealdade for posta à prova?
Leer másMeridian Water
CELEBRAÇÃO DA LUA
Os primeiros raios solares filtravam pelas folhas das árvores, iluminando suavemente o interior do quarto. No coração da floresta, despertei, sentindo em meu coração uma expectativa pulsante sobre esse dia. Me levantei, observando pela janela o sol raiar à minha frente. Uma energia especial pairava no ar. Hoje seria a celebração da lua cheia, um evento sagrado para minha família. Uma ocasião em que minha alcateia se reúne para homenagear nossos antepassados e fortalecer os laços que nos unem como uma comunidade.
Pulei da cama, correndo para realizar as minhas atividades matinais e depois desci as escadas, já sentindo o cheiro de pães quentes recém tirados do forno.
“Bom dia, família!” Me dirigi ao meu pai, minha mãe e meu irmão sentados e já prontos para o desjejum.
“Acordou cedo, mocinha.” Foi a minha mãe quem disse com um sorriso de canto.
“É um milagre, será um sinal da deusa lua?” Meu irmão de apenas oito anos caçoou.
Sentei-me na mesa com um sorriso no rosto, mas não me contive e mostrei a língua para ele, que riu.
“Hoje é um dia importante.” Respondi sorridente pegando pães na cesta.
“Ah quem diga que é seu feriado favorito!” Foi meu pai quem comentou me encarando com um olhar amoroso que esquentava meu coração, meu pai era o exemplo de homem que eu queria para a minha vida. Um alfa respeitoso, dedicado à sua família e a sua alcateia.
“E não estão mentindo.” Falei com uma piscadela que arrancou um riso carinhoso dele.
Tomamos café entre conversas sobre a preparação e logo desci para ver como estavam as atividades na floresta. Eu estava ansiosa. A celebração só acontecia uma vez ao ano, e sim, era a minha celebração favorita porque podíamos ver o amor da alcateia, comíamos e dançávamos bastante. Andei pela floresta cumprimentando a todos e observando tudo.
Os mais jovens ajudavam a decorar a clareira – lugar onde aconteceria o evento principal - com folhas, flores e pedras preciosas, enquanto outros montavam uma plataforma elevada para a cerimônia. O aroma tentador de ervas e frutas frescas pairava no ar, anunciando o banquete que viria mais tarde. Enquanto eu percorria o lugar, podia sentir os olhares respeitosos e calorosos que me dirigiam. Eu sempre estive ao lado do meu pai, o ajudando e estando presente para todos na comunidade, sempre estava disponível a ouvir e aconselhar, lutando pelos nossos como minha família me ensinara. Mesmo que nunca fosse me tornar uma líder. Eu sempre quis ser uma alfa, mas isso não era possível.
Ainda assim, me contentava com o fato de estar ali para a minha alcateia e de saber que o meu irmão seria o sucessor quando meu pai não estivesse mais entre nós, o que ainda levaria muitos séculos para acontecer.
O dia da celebração da lua cheia era uma oportunidade para fortalecer ainda mais os laços entre os membros da alcateia, era uma chance de conectar-se com a linhagem de sua família e nutrir o espírito de união que os mantinha fortes e protegidos, mas também era um momento de reflexão pessoal, eu tinha apenas dezessete anos e ainda não havia me transformado, meu pai dizia que tudo bem, que chegaria minha vez e que eu não precisava me preocupar com isso, mas ainda assim era um desejo interno e toda celebração eu sonhava com isso acontecendo. Queria saber qual era a cor do meu pelo, como eu ficaria como loba, quais os instintos e como era estar em ligação com toda a alcateia.
Saí dos meus devaneios ao encontrar Lauren carregando um jarro de flores toda sorridente. Minha melhor amiga correu até mim, me dando um beijo na bochecha e me poupando do abraço por suas mãos ocupadas.
“Para onde vão essas flores?” Perguntei animada, seguindo com ela.
“Para a mesa dos doces. Como você está? Ansiosa? Animada? Eufórica? Eu estou radiante!” Lauren disse me tirando uma gargalhada sincera. Um de seus dons, quando estava nervosa, era falar demais.
“Respira, calma.” Falei encarando como tudo estava ficando lindo ao nosso redor. “Eu estou ansiosa, mas pelo visto você está mais.”
“Hoje é o dia em que você pode se transformar, como pode estar tão calma com isso?” Ela falou como se fosse a coisa mais incrível do mundo.
“Estamos esperando por isso a pelo menos três luas cheias, uma hora vai acontecer, não é como se fosse acontecer hoje. Respira e não pira.” A tranquilizei sentindo o resquício da ansiedade tentando me controlar.
"É...” Ela parou por alguns segundos. “Tudo bem, mas, me veio de fontes bem íntimas que o Renan vai te cortejar nessa celebração.”
“Deixa de loucura!” Falei sentindo meu coração palpitar. “Mas quem contou?” Não consegui segurar.
“Você está doidinha pra saber...” Ela cantarolou me fazendo gargalhar.
“Estou mesmo.” Assenti. “Não é como se eu me importasse, mas quero saber.”
Nós duas gargalhamos juntas após nos entreolharmos. O Renan tem dezoito anos e é o lobo mais cobiçado da alcateia, e filho do braço direito do meu pai. Sempre frequenta a nossa casa, mas nunca tivemos tanta aproximação porque ele está sempre focado em suas responsabilidades. Desde muito nova tenho uma queda por esse garoto, meu coração chega a bater acelerado quando ele está perto e sonho com o dia em que ele vai olhar pra mim e dizer que é recíproco. Às vezes sinto que quero me transformar somente pela ideia de ter a minha loba o escolhendo e sendo escolhida por ele. Mas sei que posso me frustrar e que o lobo dele já pode ter uma escolhida.
Ignorei os meus pensamentos e segui cuidando dos preparativos junto com Lauren e todos os outros. O dia passou bastante rápido e logo já estou de volta ao meu quarto, para me preparar. Escolhi cuidadosamente uma peça de adorno de prata, um presente especial de meu pai. Coloco-o em volta do pescoço, sentindo o peso simbólico do objeto.
“A prata representa a pureza, a força e a sabedoria ancestral que flui em suas veias.” Disse meu pai ao me dar o colar. “Para que nunca se esqueça do quanto eu te amo, do quanto mesmo como seu alfa, sempre vou estar em primeiro lugar como seu pai. Você vai ser sempre minha lobinha”
Me emocionei ao me lembrar de suas palavras doces e de como meu pai sempre foi o meu melhor amigo. Coloquei um vestido vermelho longo rodado, com pedras lunares esculpidas no decote discreto em v e na cintura. Deixei meus cabelos loiros escuros lisos caírem como cascatas sob minhas costas até a cintura e observei o meu rosto no espelho. Meus olhos castanhos são lindos em contraste com algumas sardas naturais, por isso não preciso de maquiagem alguma. Enquanto a noite cai sobre a floresta, ouço o som dos uivos distantes de seus companheiros de matilha. Todos estão reunidos na clareia, prontos para o início. Meu coração b**e mais rápido à medida que segui com minha família, senti o meu peito fervilhar em resposta a iniciação, onde somos aplaudidos e homenageados.
MERIDIAN WATER SWEENEY Os dias passaram rapidamente após o casamento. Meu pai, Renan, Lauren e Eden permaneceram no castelo, aproveitando a celebração e a nova aliança formada entre o reino e a alcateia. Mas como tudo na vida, o momento de partida chegou. Na manhã da despedida, o sol banhava os corredores do castelo com sua luz dourada, iluminando os sorrisos nostálgicos e os olhares carregados de saudade. Fui até meu pai primeiro. Ele me olhou com aquela expressão forte, mas por trás dela, vi algo que nunca havia percebido antes. Um orgulho silencioso, um afeto que ele sempre demonstrou de maneira discreta. Com o coração apertado, dei um passo à frente e o abracei. O Alfa ficou momentaneamente imóvel, como se o gesto o tivesse pegado de surpresa. Mas logo, senti seus braços fortes me envolvendo, um toque quente e protetor. "Em breve, estarei visitando vocês," murmurei contra seu ombro. Ele apenas assentiu, sua voz carregada de emoção contida. "Estaremos esperando, minha fil
PRÍNCIPE DARLON SWEENEY. O silêncio da madrugada foi interrompido pelo som de punhos cerrados contra a madeira maciça da porta. Meus olhos se abriram lentamente, ajustando-se à penumbra do quarto. Levantei-me e disse para Meridian ficar na cama, ela assentiu e se cobriu.Me virei pra frente e fui até a entrada, abrindo-a para encontrar três soldados de expressão sombria. "Majestade, fomos até o quarto do rei conforme ordenado," disse um deles, sua voz grave. "Encontramos os corpos. Tudo o que o senhor nos contou era verdade. Eles estavam juntos, nus, bebendo vinho. O veneno fez seu trabalho." Uma parte de mim sentiu um peso se dissipar. Meu pai, o manipulador, aquele que me usou durante toda a minha vida para seus próprios propósitos, não estava mais ali para envenenar o reino com sua tirania. "Preparem os corpos," ordenei friamente. "Amanhã, ao nascer do sol, quero todos os nobres e aliados do reino reunidos no salão. O povo precisa ver a verdade com seus próprios olhos." Os s
ELEANOR A água quente escorria por minha pele, relaxando cada músculo do meu corpo. O vapor preenchia o banheiro, envolvendo-me como um manto de névoa. Eu estava satisfeita. Finalmente, tudo estava se encaixando como deveria. O casamento, o poder, o controle. Darlon seria meu. E o rei… bem, ele já estava em minhas mãos há muito tempo. Após me secar, vesti um conjunto de seda, delicado e provocante. Um véu de desejo cobria minha expressão enquanto ajustava os tecidos sobre meu corpo. Por cima, uma capa escura para esconder a surpresa que eu planejava para a noite. Hoje seria a primeira vez que sentia o corpo de Darlon contra o meu. Eu o queria a muito tempo, e hoje o teria. Ao terminar de me arrumar, vou até a porta, e ao abri- lá um sobressalto percorreu o meu corpo. Um soldado estava parado ali, imóvel. Seu olhar fixo em mim não demonstrava emoção alguma. "Senhora, um recado para você," disse ele, estendendo um pergaminho selado. Franzi o cenho. "Quem mandou?" O soldado per
ELEANOR Eu sorri, deslizando meus dedos pelo cálice de vinho, observando o rei com um brilho satisfeito nos olhos. Ele estava relaxado, encostado contra os travesseiros da cama luxuosa, apenas em roupas íntimas, assim como eu. Sua risada ecoou pelo quarto enquanto brindávamos ao futuro. "Agora, finalmente, você será a princesa do reino." Ele ergueu sua taça, os olhos astutos analisando cada detalhe do meu rosto. "E quando eu me for, Darlon será rei, e você será sua rainha. Tudo está como deveria ser."Eu ri suavemente, cruzando as pernas na cama e levando a taça aos lábios. "Não há nada que possa dar errado, meu senhor. Estamos no controle."Ele estreitou os olhos e sorriu. "Há apenas uma coisa que preciso confirmar. Quero saber se Meridian está grávida. Se estiver, teremos nossa aliança com a alcateia dela."Apertei os dedos na taça, mantendo meu sorriso intacto. "Deixe isso comigo. Não precisa se preocupar. Eu já planejei tudo. Vou enviar soldados até ela. Se não estiver gráv
Darlon SweeneyVesti minha túnica escura, ajustando os punhos com precisão. Cada detalhe da minha aparência deveria ser impecável. A roupa era preta, mas havia detalhes vermelhas e pedras de ouro. A cerimônia aconteceria em breve e todos já me esperavam no grande salão. Mas antes, eu precisava de um momento sozinho.“Fiquem aqui,” ordenei aos guardas que me acompanhavam. “Avisem-me quando tudo estiver pronto.”Eles assentiram sem questionar e permaneceram no corredor. Dei mais alguns passos e entrei no meu quarto. Fechei a porta atrás de mim e soltei um longo suspiro. Tudo estava seguindo conforme o plano. Durante os últimos meses, observei cada detalhe ao meu redor—o comportamento de Eleanor, os movimentos do meu pai, as alianças que ele formava. Eu já sabia o que precisava fazer.Mas havia uma incerteza que me atormentava.Meridian.Seus olhos me perseguiam em cada sonho, seu toque ainda estava gravado em minha pele. Eu precisava vê-la. Precisava saber se ela ainda acreditava em m
Meridian Water Três meses se passaram desde meu último encontro com o príncipe. Durante esse tempo, continuei minha vida como caçadora, me dedicando ao trabalho e à nova rotina que havia construído para mim mesma. Era exaustivo, mas gratificante. A floresta se tornou minha aliada, e meu instinto nunca esteve tão aguçado.Eu havia caçado como loba, era incrível correr em quatro patas, enquanto corria e sentia meus pelos balançarem, vi a presa um alce. Esperei que ele se distraísse e fui com cuidado, eu o ataquei. Mordi sua barriga com força, e quando ele parou de se mover, o arrastei pela boca até uma árvore, enquanto caçava a próxima. Depois, ataquei um cervo, e foi rápido, quando terminei, limpei os animais... Já entregava limpo, sem a pele. Tudo separado. Após algumas horas de caça e de limpar os animais, segui até o estabelecimento onde vendia minha caça. O local era movimentado, com vários trabalhadores lidando com as peças que outros caçadores traziam. Quando cheguei, os empr
Último capítulo