Damian
O retorno da cafeteria foi uma marcha de silêncios. Amara caminhou ao meu lado, como se a calçada fosse campo neutro. Eu via seu perfil refletido nas vitrines: firme, altivo, quase provocador. Quando entramos no carro, ela não disse nada. Eu também não. Palavras demais em público já haviam acendido fogo suficiente.
Na cobertura, o elevador nos devolveu ao topo como um soco lento. Amara largou a bolsa no sofá e cruzou os braços. Eu fechei a porta, retirei o paletó e fiquei de frente para ela.
— Conseguiu o que queria — falei. — Respirou sem grades.
— Consegui provar que você não manda em cada passo meu — retrucou, a voz mais cortante do que qualquer faca.
A calma me escapava. As imagens da manhã, ela tentando sair sozinha, os seguranças hesitando, o mundo observando, tudo me queimava por dentro. O lobo queria que eu a puxasse pela cintura e marcasse agora. O homem buscava método.
— Você arriscou muito, Amara. — Cruzei o espaço entre nós. — Não sabe os inimigos que rondam.
— E vo