Eliza Bennett abriu mão de tudo pelo amor, mas descobriu que seu marido, Nathan, CEO do império rival de joias, era só um estranho frio e distante. Deserdada e traída, ela pediu o divórcio e voltou mais forte para recuperar seu império e sua vida. Agora, seu ex-marido está disposto a tudo para reconquistá-la, até implorar por uma segunda chance. Entre jóias, segredos e paixão, será que o amor pode renascer depois do divórcio?
Leer másO relógio marcava oito horas da noite.
Preparei um jantar, que já estava há duas horas esfriando na mesa. Esperei o Nathan às seis. Esperei às sete. Agora eram oito, e tudo seguia do mesmo jeito: silêncio, ausência, frustração. Eu queria acreditar que tinha feito a escolha certa ao me casar com ele. Queria lembrar o homem que conheci, doce, intenso, apaixonado. O homem que enfrentou os meus pais com convicção, jurando que me faria feliz. O homem que me tocava com carinho, me olhava com desejo, me fazia acreditar que éramos uma história contra o mundo. Mas agora? Agora ele mal me olhava. Era como se eu fizesse parte da decoração da casa. Um enfeite caro, bem colocado, mas sem voz, sem função. Tínhamos apenas dois anos de casados, e ele parecia cansado de mim. Como se fosse um fardo o simples fato de dividirmos o mesmo teto. Mas hoje, decidi tentar. Só mais uma vez. Preparei um jantar. Coloquei uma roupa mais curta, mais justa, mais ousada do que o habitual. Fiz uma maquiagem leve, prendi o cabelo de um jeito que ele costumava gostar. Me arrumei por ele. Me arrumei por nós. E agora, sentada à mesa, sozinha, com os pratos ainda intocados, eu me sentia uma idiota. Nathan não aparecia para o jantar. Na verdade, ele dificilmente aparecia. Nós dividíamos a mesma casa. Mas era só isso. Só paredes, só silêncio, só vazio. Me levantei da cadeira e comecei a andar de um lado para o outro no apartamento luxuoso. Piso de mármore frio sob meus pés descalços, quadros modernos nas paredes, móveis que pareciam saídos de uma revista de design. Tudo era caro, calculado, elegante. Mas nada disso parecia meu. Caminhei até a sacada e deixei que o vento noturno bagunçasse um pouco meu cabelo. Lá de cima, Nova Iorque pulsava viva como sempre. A cidade não dormia. Era feita de luzes, pressa, dinheiro, sexo, poder. Um império. E eu? Eu poderia fazer parte disso de verdade. Poderia ser a princesa do mercado de joias da América. Herdeira de um nome que valia mais que ouro. Elisa Bennett. Um nome que abria portas, que dava ordens. Mas eu escolhi o amor. Escolhi o Nathan. Escolhi me casar com o herdeiro da família rival. Me tornei esposa. Só isso. E isso me perturbava todos os dias. Eu havia trocado o trono por um anel. Troquei o poder por promessas. Troquei o meu império… por ele. Nathan não me ouvia. Não ligava para o que eu sentia, para o que eu queria. Ele mal me olhava. E trabalhar ao lado dele? Nem pensar. Isso seria uma afronta para os investidores. A filha da família rival, aparecendo ao lado do CEO da Walker & Co? Jamais. Na prática, eu era invisível. E o que me doía mais… é que ele parecia confortável com isso. Fiquei incontáveis horas ali, encostada na sacada, olhando para a cidade. Tentando entender o que eu era agora… e o que poderia ter sido um dia. A cidade seguia vibrando, viva, indiferente à minha solidão. Quando ouvi o som da porta sendo destravada, o relógio já marcava onze da noite. A comida estava fria, o vinho ainda fechado sobre a mesa, mas uma faísca mínima de esperança se acendeu dentro de mim. Eu gostava do Nathan. Claro que gostava. Eu me casei com ele. Abri mão de tudo por ele. Saí da sacada e caminhei até a sala principal do apartamento. Ele estava ali, tirando o paletó com movimentos lentos, mecânicos. O relógio de pulso brilhava sob a luz indireta do ambiente. Nathan era lindo. Alto, forte, com aqueles olhos negros intensos que um dia me prometeram o mundo e que agora pareciam olhar através de mim. Nossos olhares se cruzaram. Sorri, como quem tenta reacender algo antigo, mas ele me devolveu apenas um olhar frio, quase ausente. — O que faz acordada? — perguntou, a voz baixa e desinteressada. — Estava te esperando. Fiz um jantar pra nós dois… e escolhi uma garrafa de vinho. — Tentei manter a leveza na voz, como se ainda houvesse tempo de salvar alguma coisa. — Estou sem fome. — ele respondeu, direto, caminhando na direção do quarto. Fui atrás, tentando quebrar aquela muralha invisível entre nós. Mas então… parei. Senti algo no ar. Um cheiro doce, forte, quase enjoativo. Perfume. Mas não o perfume dele. Era outro. Feminino. Intenso. Grudado em sua roupa. Naquela hora, o jantar frio e o vinho esquecido deixaram de importar. Porque algo dentro de mim também esfriou. — Estava com alguém? — perguntei, parando na porta do quarto. Ele se virou lentamente, como se a pergunta fosse um incômodo menor. — Com algumas pessoas, Eliza. Eu trabalhei o dia inteiro, o que você acha? — respondeu com aquele tom impassível que me tirava do sério. — Esse perfume horrível… feminino. — Insisti, cruzando os braços. Ele ficou em silêncio por alguns segundos, os olhos fixos nos meus. — E o que você acha? — devolveu. — Não é como se tivéssemos uma vida conjugal de verdade. Foi como levar um tapa. — Porque você não quer! — rebati, a voz subindo um pouco. — Você não me procura, não me toca, não fala comigo. Qual é o seu problema, Nathan? Ele passou a mão pelos cabelos, como se tentasse manter o controle. — O meu problema? — riu sem humor. — O meu problema é ter me casado com a filha do meu maior rival. Você esperava o quê, Eliza? Que fosse ser amada nesse casamento? — Eu esperava que fosse amor. Porque foi por isso que eu larguei tudo. Por você. — Então talvez você tenha feito a escolha errada. As palavras dele me cortaram como diamante. Rápidas. Frias. Precisas. E naquele instante, eu soube que alguma parte de mim tinha acabado de quebrar. — Eu demorei a aceitar isso… — minha voz saiu firme, mesmo com a garganta apertada. — Mas obrigada por esfregar na minha cara. Estou indo embora. Quero o divórcio. Ele arqueou uma sobrancelha, como se fosse piada. — E pra onde você iria, Eliza? Sua família te deserdou. Você só tem a mim. Sorri de lado. Um sorriso triste, amargo. — Então é isso que você pensa? Que eu sou uma mulher sem opções? Me aproximei da cama, encarei-o nos olhos. — Eu posso ter perdido muito… mas nunca perdi a mim mesma. E você acabou de me lembrar disso. Me virei e fui em direção ao closet. — Você vai mesmo sair assim, no meio da noite? — ele perguntou, com um tom quase entediado. — Eu já passei noites demais aqui… sozinha. A diferença é que, dessa vez, eu vou dormir em paz. — Ah, é? E onde exatamente você vai dormir em paz? — Perguntou com desdém. — Sabe, Nathan. Uma pessoa com o meu sobrenome sempre tem pra onde voltar. Eu tenho um império que só estava esperando esse momento acontecer. Só tenho uma coisa pra te falar. Se já era ruim para você ser rival do meu pai… você não tem noção do inferno que vai ser sendo meu rival. — finalizei com um sorriso frio nos lábios. O olhar dele tremeu. Por um segundo, só um segundo, ele pareceu perder o chão. Mas Nathan era mestre em esconder rachaduras. Era isso. Hora de me divorciar. Hora de retomar o que sempre foi meu por direito. Eu era Eliza Bennet, a herdeira do império mais cobiçado do mercado de joias da América. E o meu pai, tão impiedoso quanto orgulhoso, me aceitaria de volta não por perdão ou amor, mas pelo prazer de saber que eu não estava mais atada a um Walker.Voltei para a minha sala ainda com o gosto amargo do confronto com a Érika. A raiva dela não me impressionava mais; o que me incomodava era o fato de eu ter que reforçar, dentro da minha própria família, a linha entre lealdade e insensatez. Peguei o celular sobre a mesa, disposto a ligar para um dos analistas de mercado e acelerar a investigação sobre a Amelie. Antes mesmo que eu discasse, a tela se iluminou com uma notificação urgente. Abri o relatório e, em segundos, o sangue gelou nas minhas veias. Eliza Bennet havia colocado à venda todas as ações dela da Walker. Não só isso: havia feito a jogada a preço de banana, como se quisesse se desfazer daquilo imediatamente, sem se importar com o valor real. Passei a mão pelos cabelos, incrédulo. Era isso. O vínculo silencioso que ainda nos ligava aquele pedaço da Walker que permanecia em suas mãos tinha acabado de ser arrancado. E da forma mais brutal possível: como se quisesse apagar qualquer traço meu da vida dela, como se eu
Passei a mão pelo rosto, exausto. A sala de reuniões estava vazia há horas, mas a sensação de cerco ainda pesava sobre mim. Os jornais de Nova Iorque não falavam de outra coisa além do vazamento, e o nome da Walker vinha sendo arrastado para uma lama que eu não havia escolhido.A Érika tinha ultrapassado a linha. Eu sabia que ela era ousada, mas dessa vez, não era apenas ousadia era estupidez. Atacar diretamente a Bennet Crown não só colocava Eliza em posição de vítima perante o mercado, como me deixava no papel de cúmplice por omissão.Peguei o celular e fiquei olhando para o número dela na tela. Minhas mãos hesitaram por um segundo. Era ridículo: eu já tinha enfrentado conselhos hostis, crises internacionais e contratos bilionários em risco. Mas uma ligação para a Eliza ainda tinha o poder de me tirar o chão.Respirei fundo, apertei “ligar”.Esperei. Um toque, dois, três. O som abafado da chamada ecoava como um martelo dentro da minha cabeça. No quarto toque, percebi que era inútil.
Estacionei o carro em frente à mansão e, por um instante, fiquei ali, observando a fachada banhada pela luz clara do fim da manhã. Respirei fundo, desliguei o motor e empurrei a porta, sentindo o ar quente do dia contrastar com o frio que me percorria por dentro.Entrei sem anunciar, como sempre fizera. A casa estava silenciosa, apenas o ruído distante da movimentação dos funcionários ecoava do andar de cima e da cozinha. Encontrei minha mãe na sala, sentada em sua poltrona habitual, um livro aberto sobre o colo, mas o olhar perdido até perceber minha presença.— Eliza. — disse firme, erguendo o queixo, como se já esperasse por mim.— Acredito que já saiba o motivo da minha vinda aqui, mãe. — respondi, tirando o casaco leve e me sentando de frente para ela. — Quer conversar em particular ou podemos conversar aqui mesmo?Ela fechou o livro com calma e pousou-o sobre a mesa de centro. — Aqui mesmo. Os funcionários estão ocupados, não precisamos de segredos dentro da minha própria casa.
Dois dias se passaram, e a queda das ações da Bennet Crown ainda reverberava em cada manchete, em cada reunião emergencial, em cada ligação dos acionistas. O mundo do luxo respirava tensão, como se aguardasse meu próximo movimento.Sentei-me em minha mesa, o jornal aberto diante de mim, estampando mais uma vez a palavra “instabilidade” ao lado do nome da minha empresa. Instabilidade. Como se a Bennet Crown tivesse se tornado frágil, vulnerável. O sabor amargo da provocação ainda estava na minha boca.Mas eu já sabia a verdade.Mark havia confirmado: o vazamento saíra do computador da Érika Walker. E mais, não apenas da empresa, mas também da casa dela, horas antes da publicação. Era um ataque premeditado. Calculado. A irmã do Nathaniel tinha cruzado a linha e ele, inevitavelmente, carregava o peso da culpa.Eu não podia deixar passar.Sophie entrou na sala em silêncio, trazendo uma pasta repleta de relatórios. — Todos os acionistas estão exigindo um posicionamento oficial, Eliza. — d
Quando cheguei à Walker, percebi que a Érika já estava no andar da presidência, o olhar dela carregado de uma confiança irritante. — Espero que me agradeça pela resposta que dei à Bennet. — Ela disse, com aquele tom superior que sempre me deixava em alerta. — Você o quê? — Minha voz saiu mais dura do que pretendia, a incredulidade tomando conta. Ela parecia completamente inconsciente da gravidade do que havia feito. A lembrança do olhar da Eliza naquela manhã, decepção e mágoa estampadas, passou como um raio na minha mente. Ela havia pensado que eu estava por trás do vazamento… e tudo isso por causa da audácia da minha própria irmã. — Dei a resposta ao ataque dela em Madrid. — Érika replicou, fria, como se justificasse um ato impensável. — Érika, deixa eu deixar algo bem claro. — Meu tom endureceu, mas cada palavra ainda carregava a autoridade que meu cargo exigia. — Eu sou o CEO da Walker. Você não tinha o direito de vazar nenhuma informação da Bennet Crown para nenhum meio de c
Richard apoiou os cotovelos na mesa e se inclinou para frente, os olhos fixos em mim, duros, inquisidores.— Onde ela está, Eliza? — perguntou, a voz baixa, mas carregada de urgência contida. — Onde está a Chloé?Meu peito se apertou ao ouvir o nome dela na boca dele. Por um instante, lembrei do olhar ferido da minha irmã, da recusa em sequer cogitar uma aproximação com esse homem. Respirei fundo, firmei o queixo.— Não importa. — respondi, gelada. — Ela não quer saber de você.O rosto do meu pai se contraiu por um segundo, um lampejo de dor atravessando sua expressão antes de ser rapidamente substituído pela máscara habitual de frieza.— Ela é minha filha. — disse, quase como uma defesa, como se a simples afirmação pudesse apagar décadas de ausência.— Foi você quem abriu mão desse direito, pai. — retruquei, sentindo a voz tremer, mas sem recuar. — Agora é tarde.Um silêncio denso caiu entre nós, tão pesado que parecia comprimir o ar da sala. Pela primeira vez, percebi uma fissura na
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