Capítulo 5

— Não deixe aquele asqueroso encostar em você, Eliza. Quero você e a Bennet Crown como a estrela do congresso. — meu pai disse com aquela autoridade que fazia até executivos de meia-idade tremerem.

Respirei fundo, prendendo a respiração por um segundo. Era sempre assim antes de grandes eventos. Só que agora… agora eu era a grande aposta. A Bennet Crown apostava tudo em mim.

Congresso Internacional de Joalheria de Alta Luxuosidade, na Itália. Um encontro secreto e seletivo entre os gigantes do setor de magnatas tradicionais a novos impérios do luxo. O tipo de evento onde alianças são formadas em taças de champanhe, e guerras são declaradas com olhares.

E eu estaria no centro.

Caminhei pelo quarto da casa dos meus pais, ajustando os brincos. Meus cabelos estavam soltos, brilhantes, caindo em ondas polidas sobre os ombros. Jovem, sim. Inexperiente, nunca mais.

O vestido de corte minimalista em tom vinho realçava minha pele clara, enquanto os saltos altos ressoavam confiança a cada passo. Eu não parecia intocável. Eu era.

— A atenção já vai estar voltada para a Eliza, — disse minha mãe, sentada à poltrona, observando tudo como quem já esperava que a filha se tornasse lenda. — E com a presença do Nathaniel, é claro que a imprensa vai estar em cima. Afinal… vocês já foram casados.

Não reagi de imediato. O nome dele ainda provocava algo não era dor, nem saudade. Era algo mais próximo de desprezo controlado.

— Que falem. — Respondi, aplicando o batom diante do espelho. — Eles estão prestes a ver uma nova Bennet.

Minha mãe sorriu com elegância, mas seus olhos brilhavam com algo mais profundo. Um tipo de orgulho silencioso.

— Só lembre-se, filha… quando uma mulher segura a coroa, ela não se curva. Nem para o passado. Nem para um Walker.

Sorri de canto. Porque ela estava certa.

E se eu ia reencontrar Nathaniel no epicentro do luxo europeu… que fosse. Eu faria isso como Eliza Bennet: herdeira, CEO, e a mulher que ele perdeu.

**\**

O helicóptero pousou com suavidade sobre a plataforma privada da ilha italiana. Uma semana inteira de eventos exclusivos, com os maiores nomes da alta joalheria mundial. Um santuário do luxo, onde o mar azul-petróleo era pano de fundo para alianças, contratos e vaidades cravejadas de diamantes.

Desci com os cabelos soltos dançando ao vento, óculos escuros cobrindo o olhar atento, e um vestido branco de alfaiataria que exalava elegância despretensiosa. Ao meu lado, Sophie minha assistente pessoal digitava freneticamente no celular, alinhando compromissos e acalmando jornalistas por mensagem.

— Estamos com uma entrevista confirmada para amanhã de manhã com a Vogue Itália. E o coquetel com os diretores da Joie de Vie está mantido. — ela murmurou, enquanto um assessor me ajudava com a bolsa da Bennet Crown.

— Excelente. Quero que as peças cheguem ao showroom antes do final da tarde.

Sophie assentiu e seguiu à frente com os demais da equipe, deixando-me por um momento sozinha no terraço de entrada do hotel boutique.

Foi aí que eu o vi.

De terno escuro impecável, óculos de sol, e com aquele ar blasé que já havia sido o meu vício e também a minha ruína. Nathaniel Walker estava ali, parado com uma taça na mão, como se o mundo não tivesse mudado desde nosso divórcio. Como se ele ainda tivesse o direito de me olhar daquele jeito.

E ele olhou.

Nossos olhos se cruzaram no instante em que ele removeu os óculos. Um segundo. Longo, elétrico, carregado. Ele não sorriu. Eu, muito menos.

Apenas ergui o queixo e continuei andando. Um passo firme após o outro. Meus saltos ecoavam como lembretes do quanto eu havia subido desde que deixei o inferno emocional daquele casamento.

Sophie notou, claro. Ela sempre notava.

— Quer que eu verifique a lista de convidados do jantar principal? — perguntou com naturalidade.

— Não. — respondi. — Se o nome dele estiver lá, ótimo. Ele vai assistir de camarote à nova joia do império Bennet brilhar mais do que qualquer diamante da Walker & Co.

Ela sorriu de lado. Eu também.

Porque o palco estava armado, e o jogo de poder estava apenas começando.

— Temos um coquetel de boas vindas. — Sophie me informou.

Subi para o quarto logo após o coquetel de boas-vindas. Estava exausta. A noite tinha sido um espetáculo: luzes, flashes, cumprimentos em quatro idiomas diferentes e todos os olhares sobre mim.

Sophie ficou encarregada de lidar com os assessores e finalizar os detalhes com a organização do evento. Ela era eficiente como ninguém, e eu só queria alguns minutos de silêncio, longe do mundo e longe do nome Walker.

Soltei os sapatos assim que entrei no quarto. Meus pés reclamavam da pressão do salto alto, e meu corpo ainda vibrava da energia do salão. Soltei o cabelo e vesti o roupão branco de seda da suíte. Caminhei até a varanda para respirar o ar da costa italiana, iluminada pela lua cheia.

Foi então que ouvi a porta do quarto se abrir.

Não precisei me virar. O cheiro familiar de âmbar e madeira invadiu o ambiente antes que qualquer palavra fosse dita. Devagar, me virei.

Nathan estava ali.

De terno escuro perfeitamente alinhado ao corpo alto e atlético, o colarinho aberto sem gravata. Os cabelos um pouco desalinhados, como se tivesse passado a mão neles momentos antes de subir. Ele tinha 32 anos e o porte de alguém que sabia comandar um império mas que agora estava parado no meu quarto, me observando como se eu fosse a única coisa que ele precisava.

— Preciso muito aprender com sua equipe. — ele disse, com um sorriso quase cínico. — Me deixaram entrar outra vez.

— Isso se chama incompetência. E será punida amanhã cedo. — respondi, sem alterar a voz.

Ele se aproximou. Passos lentos, cuidadosos. Mas havia urgência nos olhos dele. Algo que eu conhecia e que já não me impressionava.

— O coquetel foi um sucesso. — ele comentou, a voz baixa. — Você estava… radiante. Como uma joia rara em meio a zircônias.

Sorri de lado.

— Poético demais pra alguém que destruiu o brilho da peça que dizia admirar.

— Eliza…

Ele estava perto demais. Tão perto que o calor do seu corpo alcançava o meu. Eu permaneci firme, impassível.

Então, ele se inclinou.

O beijo foi leve. No meu pescoço. Um toque súbito, calculado. Um gesto que ele sabia que me arrepiaria, e arrepiou.

Mas eu não retribuí.

— Sabe o que é isso, Nathan? — murmurei, sem me afastar. — Desespero.

Ele ergueu o rosto devagar, os olhos nos meus. Havia algo neles. Arrependimento. Desejo. Dor.

— Eu te amei do jeito errado. Mas te amei.

— E agora é tarde. — dei um passo para trás, a voz firme. — Aqui não é o seu lugar. E nem eu sou mais aquela mulher que você ignorava em jantares vazios.

Ele assentiu lentamente, como se estivesse sendo golpeado com cada palavra.

— Então essa é a Eliza Bennet de verdade?

— Não. Essa é apenas o começo dela.

Nathan olhou uma última vez antes de sair do quarto. Quando a porta se fechou, encostei na parede por um instante. Respirei fundo.

Sim, ainda era difícil.

Mas agora eu era a CEO da Bennet Crown.

E príncipes que viram sapos… não merecem rainhas.

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