Mundo de ficçãoIniciar sessãoAriana é uma mulher linda, atraente e poderosa. Mas ela não foi sempre assim. Nasceu e cresceu no interior, era uma criança e adolescente feia, tímida e sem brilho. Mas a vida foi generosa com ela. Depois de 20 anos, ela encontra seu antigo amor de escola e um lindo e impactante romance começa entre os dois. Mas até o final feliz, muitas coisas difíceis irão acontecer!
Ler maisAriana Luna sempre acreditou que o barulho do mar tinha o poder de alinhar qualquer pensamento.
Naquela manhã dourada no Leblon, ela corria como se estivesse fugindo de si mesma — o sol estava nascendo atrás dos prédios, pintando o asfalto de laranja enquanto a brisa leve batia contra sua pele suada. O rabo de cavalo alto do seus longos cabelos pretos e lisos, balançava, os fones tocavam "Girl on fire", que fazia parte sua playlist preferida e acompanhavam seus passos firmes e ritmados. Ariana parecia uma daquelas mulheres de comercial — e, ironicamente, era ela quem os criava. Ela era quem escrevia, aprovava e dava vida aos comerciais que marcavam tendências no país. Seu relógio vibrou. Sete notificações da agência. Ela riu com o canto dos lábios. — Mal comecei o dia, gente… Ariana brilhava no caos. Vivia dele. Terminou a corrida e parou no quiosque da Neide, um ponto obrigatório na sua rotina. Pegou um coco gelado, tirou o óculos de sol para enxugar o rosto, e algumas pessoas olharam para ela como quem reconhece uma influencer famosa — bem vestida, bonita, aquela energia magnética de quem já deu certo na vida. — Tá com cara de quem dormiu pouco — disse Neide. — Pra variar — Ariana respondeu, piscando. Depois da corrida, ela voltou para casa, caminhando entre turistas, surfistas e gente indo para o trabalho. Entrou no prédio, cumprimentou seu Jair, o porteiro com aquele bom dia animado dela e subiu para o apartamento no 18º andar, como ela chamava, seu pequeno santuário suspenso sobre o Rio. Nao tão pequeno né, já que era um belo apartamento de 113 metros quadrados. Ao abrir a porta, um cheiro leve de capim-limão a recebeu. O apartamento era exatamente como ela: clean, moderno, luminoso e cheio de personalidade. A sala integrava tudo: paredes brancas com quadros coloridos de arte abstrata, sofá amplo bege com mantas de linho e uma estante alta com livros de publicidade, romances e plantas que ela fingia que sabia cuidar As janelas enormes deixavam o sol da manhã invadir cada canto da varanda. A varanda era o seu lugar preferido, com uma rede bege, algumas velas, um tapete de sisal e uma vista que pegava a praia e um pedaço da lagoa. Ali, ela se sentia acima do mundo. A cozinha americana, era moderna e totalmente automática, mas ela quase nunca usava, só para preparar o seu smoothie de todo dia. O elevador marcou 18 andar, Ariana entrou correndo em casa e logo foi para a cozinha preparar o seu smoothie enquanto abria a videochamada. — Até que enfim apareceu! — reclamou Julia, mostrando o bebê pulando no berço. — Mamãe queria falar com você ontem! —Ai maninha, reunião até tarde que esticou para uma baladinha, sabe né — Ariana disse, esfregando os olhos. — Mas estou viva. E vocês? — Cansados, felizes… e morrendo de saudade de você. Um aperto quente subiu pelo peito de Ariana. Família longe demais. Amor longe demais. Mas trabalho… Ah, esse sempre estava perto. Sempre pedindo atenção. — E aí, Ari — Julia perguntou com aquela sobrancelha levantada — como anda sua vida amorosa? Ariana riu enquanto colocava o smoothie no copo de vidro, com uma rodela de limão na borda — mania de quem aprendeu a gostar de estética. — Amor não paga boletos, Ju. — Você tem boletos demais pra uma mulher tão linda, né? — a irmã provocou. O celular vibrou de novo. Ligação da agência. Ariana fez uma careta. — Tenho que atender. — Vai, publicitária milionária — Julia disse, rindo. Ariana desligou e atendeu o outro número. — Ari — disse o chefe, direto e sem respirar — temos um problema. Fechamos um grande contrato com a Nature e eles já querem gravar uma campanha em Carapá, na Amazônia, para lançar a nova linha de produtos a base de Andiroba. — Querem você na criação e na filmagem. A equipe parte amanhã cedo. Ariana parou de respirar por um segundo. Amazonas. Carapá. A cidadezinha perdida entre rios onde ela cresceu, onde todos se conheciam, onde a produção de andiroba era o orgulho local. Onde ela era o patinho feio. Onde seu coração ficou preso para sempre nos olhos castanhos de um garoto. Eduardo. O nome bateu nela como um vento forte. — Ariana? — o chefe chamou. — Você está aí? Ela pigarreou, recuperando o profissionalismo. — Claro. Só preciso ajustar minha agenda. Mas acredito que consigo. — Ótimo, vocês embarcam amanhã. Te mando tudo no seu e-mail. Quando a ligação terminou, o silêncio do apartamento pareceu maior do que o normal. O smoothie tremia na sua mão. Carapá. Depois de duas décadas. Voltaria a pisar nas ruas de terra, ouvir o sotaque arrastado da infância, sentir o cheiro de andiroba sendo prensada nas casas das famílias... E, inevitavelmente, reencontrar ele. Eduardo. Seu amigo. Seu protetor. Seu amor impossível. O menino bonito que ela amou por toda a vida. Ariana encostou na bancada de mármore, respirando fundo. — É só trabalho… — sussurrou. Mas a verdade ardia na garganta. Alguns amores não acabam. Eles apenas ficam adormecidos. À espera da primeira oportunidade de acordar. E agora, com uma única ligação, o dela tinha acabado de despertar.Ponto de vista: ArianaAriana saiu da pousada tremendo, mas não sabia se era pelo beijo de Samuel ainda queimando em sua boca ou pelo encontro que a esperava.O céu estava num tom rosado que só Carapá tinha, aquela luz que parecia atravessar a pele. Ela desceu a rua principal, passou pelos comércios ainda abertos, pelos turistas comendo tapioca, pelos pescadores recolhendo redes. Mas ela não via nada.Só sentia seu próprio coração.E a lembrança do beijo.O beijo que Samuel deu pouco antes dela sair, que virou o mundo dela ao avesso e fez tudo ficar mais confuso.Porque agora… agora ela sentia que estava traindo dois homens.E nenhum dos dois merecia aquilo.Respirou fundo e entrou na trilha. Precisava seguir o caminho quase escondido entre as árvores — um caminho que ela reconheceria mesmo de olhos fechados. Era o caminho deles. O caminho para o casebre abandonado, o clube secreto que criaram aos dez anos. Onde fizeram pactos de infância, onde descobriram música, onde dividiram sonho
Ariana acordou antes do despertador, não por causa da claridade, nem por algum barulho, mas pela ansiedade que já estava martelando dentro dela antes mesmo de abrir os olhos.Eduardo e Samuel. Em que confusão ela se meteu!O encontro com o ex marcado para aquela noite e o encontro inevitável com Samuel naquela manhã.Era ridículo, mas ela sentiu o coração acelerar só de lembrar do momento em que, na noite anterior, tinha contado a ele que veria Eduardo. O jeito que Samuel a olhou, a mistura de desapontamento, ciúme e… ferida.E o mais confuso: depois da noite ótima que tinham passado juntos antes disso.Ariana fechou os olhos por um segundo, pressionando a cabeça contra o travesseiro.Eu sou confusão pura.Era. E sabia disso.Uma parte dela queria ver Eduardo, ela sempre sentiu que o amor deles ficou inacabado. ela queria tudo que não teve com ele. Mas agora ele tinha família… Outra parte… queria fugir daquele encontro e ficar perto de Samuel o dia inteiro.Samuel, que fazia o estômag
Samuel acordou com o coração acelerado, mas não sabia se era por causa da noite anterior… ou pelo que tinha sonhado. Ele passou a mão no rosto, respirou fundo e tentou organizar as ideias.O sonhoEle estava no quintal da velha casa da sua família, o sol batendo nas árvores, o cheiro de bolo no ar. A mulher que um dia ele amou — a noiva — vinha até ele sorrindo.Grávida.Ele tocava a barriga dela com cuidado, sentindo o peso de um futuro que nunca aconteceu, então ela se virava… e quando ele olhava de novo, não era mais ela.Era Ariana.Os olhos dela brilhando, uma pergunta silenciosa ali dentro, como se estivesse esperando que ele fizesse alguma coisa. Como se dissesse: “Não foge de novo.”Samuel acordou na mesma hora, com o coração quase saindo pela boca.E pela primeira vez em muito tempo, ele entendeu:A vida estava dando outra chance. Outra mulher. Outra história para viver direito.Ele não ia desperdiçar.Samuel levantou com uma energia que não sentia há anos.Tomou banho rápi
Eduardo:“Foi bom te ver.Será que conseguimos nos ver com mais calma… e menos pessoas?”Ari fechou os olhos.E Samuel, sentado ao lado dela, percebeu.Mas ficou quieto.Porque ele sabia:O passado dela acabara de voltar — e não ia embora tão fácil.Ariana leu a mensagem outra vez.“Será que conseguimos nos ver com mais calma… e menos pessoas?”Seu coração deu um tropeço.Mas ela respirou fundo.Guardou o celular.Fechou o zíper da bolsa como quem fecha um pensamento perigoso.Samuel percebeu, mas não perguntou.Isso, por si só, era uma demonstração de respeito dela para com ele, mesmo sabendo que isso mexeu com ela.Eles terminaram o açaí conversando sobre bobagens, trocando olhares longos demais, rindo de coisas simples — tentando manter a noite leve, mesmo com o fantasma do passado sentado ali entre eles.Quando o relógio marcou cerca de 22h, o vento da noite engrossou e a praça começou a esvaziar.Enquanto ele pedia a conta, Ariana foi ao banheiro, nesse momento ela lembrou da men
Depois da longa conversa no quarto, Ariana e Samuel não se beijaram. Não se tocaram de novo. Mas havia algo novo entre eles:Paz. Cumplicidade. E uma promessa silenciosa de ir devagar.Ari respirou fundo e disse:— Antes de dormir… posso te levar pra conhecer o melhor açaí da sua vida? — Açaí? — ele ergueu a sobrancelha. — Daqueles de verdade. Não esse sorvetão misturado com açúcar. — Agora fiquei intrigado — Samuel sorriu.Ela sorriu também.E pela primeira vez em muito tempo, os dois sentiram o peito leve.Ariana trocou de roupa — um short jeans, uma blusa fresca que valorizava os ombros, e um batom que deixava a boca mais viva.Samuel apareceu no saguão minutos depois.Camisa preta simples, mas que desenhava o corpo. O cabelo arrumado com descuido calculado. E aquele olhar que ela começava a reconhecer: quente, mas controlado.Eles se encararam.Algo pulou dentro dos dois.Mas eles respiraram.Caminharam lado a lado pela praça iluminada, onde o cheiro de tapioca, pastel
As gravações começaram na praia, com o cenário lindo da nova linha Andiroba da Nature — folhas verdes, textura terrosa, uma mesa rústica montada com óleos e extratos.O vento soprava leve, o sol dourava a pele de todo mundo.Menos de Samuel.Ele parecia cinza.Rígido.Seco.Profissional ao extremo.Quando precisava falar com Ariana, usava frases curtas:— Ajusta a luz ali.— Marca de novo.— Ari, preciso do texto revisado.Nada de olhares.Nada de aproximação.E todo mundo percebeu.Lívia cochichou:— O plano deu mais errado do que a gente pensou.— Deu muito errado — Cacau respondeu, já dramatizando. — O boy tá com virado, eu sinto daqui. Tem cheiro. Cheiro de macho apaixonado que finge que não tá.Ari tentava se concentrar, mas a mensagem de Eduardo latejava por dentro.Ela ainda não tinha respondido.Nem sabia o que dizer.O clima pesou o dia inteiro.Quando voltaram para a pousada, Ariana já não aguentava mais o silêncio armado.Ela bateu na porta do quarto dele.Samuel abriu.Olh
Último capítulo