Mundo ficciónIniciar sesión"Ele segurou o queixo dela com força, seus olhos escuros queimando a alma de Camila. — Você veio aqui para roubar meu legado? — A voz dele era um sussurro perigoso. — Tarde demais. Agora, você pertence a ele. E a mim." Ele é o rei de Jalisco. Ela é a filha do homem que ele arruinou. Rafael Villalba não é apenas um CEO; ele é um ex-militar frio que comanda o império da tequila com mão de ferro. Dizem que ele não tem coração, apenas ambição. Quando o pai de Camila foi injustamente demitido e sua família perdeu tudo, ela jurei que faria os Villalba pagarem. Camila voltou para a Hacienda disfarçada, pronta para destruir o império de dentro para fora. Ela tinha um plano perfeito. Só não contava com uma coisa: Rafael. Ele não apenas descobriu quem ela é... ele gostou do desafio. Agora, em vez de entregá-la à polícia, ele fez uma proposta indecente. Ele diz que Camila será sua prisioneira até pagar a dívida do pai. Ele acha que pode mandar nela. Ele acha que pode domá-la. Mas o que Rafael não sabe é que o ódio e o desejo caminham lado a lado... e essa guerra pode acabar queimando os dois.
Leer másO sol de Jalisco descia pesado sobre o vale quando Camila Ríos estacionou o carro no acostamento e abriu a porta para sentir o ar seco que vinha das plantações. O cheiro do agave aquecido pela tarde avançada trouxe lembranças que ela tentou esquecer durante anos, mas que agora voltavam com força demais. Os campos se estendiam em ondas azuladas, marcando o território que, um dia, pertenceu ao legado do pai. Agora tudo estava nas mãos dos Villalba.
A Hacienda surgia ao longe. Branca, imponente, cercada por muros antigos e colunas esculpidas com o orgulho de quem nunca temeu nada. Camila observou o conjunto de prédios por alguns segundos, tentando controlar a irritação que crescia dentro dela. A humilhação do pai, a demissão injusta, o escândalo que os arrastou para a miséria, as dívidas que surgiram após acusações falsas. Tudo começava e terminava ali.
Ela respirou fundo antes de seguir viagem. Não tinha voltado para visitar. Não tinha voltado para fazer as pazes com o passado. Voltou porque queria destruir quem destruiu seu pai, e faria isso de dentro para fora.
O portão principal da Hacienda se abriu devagar, como se estivesse vivo e julgando quem entrava. O vigilante pediu documento, fez perguntas protocolares e devolveu tudo com uma educação treinada. Camila manteve o rosto neutro. A identidade falsa já tinha passado por diversas checagens e estava perfeita. Mesmo assim, sentiu a adrenalina subir enquanto avançava pelo caminho interno ladeado de palmeiras.
Os prédios administrativos ficavam perto da destilaria antiga, e a recepção era ampla, com chão de pedra polida e cheiro de madeira recém-encerada. Retratos da família Villalba estavam espalhados pelas paredes, todos exibindo homens com mandíbulas duras e olhos frios, como se cada geração tivesse cultivado a mesma expressão de poder.
Camila desviou o olhar e caminhou até o balcão. Informou seu nome falso com naturalidade. A recepcionista lhe entregou um crachá temporário e indicou a sala onde aconteceria a entrevista técnica.
Não havia tempo para hesitar. Ela se mirou rapidamente no vidro de uma porta, ajeitou o cabelo castanho escuro preso em um rabo de cavalo e esticou a camisa branca. Parecia uma profissional comum, mas não era. Era uma bomba colocada com cuidado no coração do império Villalba.
Entrou na sala. O avaliador, um engenheiro grisalho, levantou a cabeça e sorriu com simpatia. Ela retribuiu de maneira discreta. Respondeu a perguntas sobre fermentação, controle de temperatura, extração aromática e curvas de rendimento alcoólico. Cálculos, padrões, metodologias. Tudo fluía com facilidade, porque aquele era o mundo dela desde criança.
Quando terminou, o homem pareceu satisfeito demais. Isso a assustou um pouco. Mas não poderia recuar. A destruição dos Villalba começaria pelo laboratório.
Camila saiu da entrevista e seguiu pelo corredor em direção à recepção quando virou uma esquina de maneira abrupta. O corpo dela colidiu em cheio com o de alguém muito mais sólido. Ela engasgou com o impacto e deu um passo para trás, tentando se recompor. Não foi imediato. O homem à sua frente era grande demais para ser ignorado.
O terno preto caía perfeitamente sobre ombros largos e uma postura que lembrava treinamento militar. O rosto tinha um traço severo que parecia esculpido para intimidar. As sobrancelhas escuras estavam contraídas em surpresa leve. Os olhos, quase negros, analisavam cada detalhe dela como se ele tivesse o direito de atravessar a carne e chegar ao que estava por baixo.
Ele segurou o braço dela para que não caísse. O toque foi firme, quente, intenso demais para um gesto tão breve.
Ela forçou a respiração a voltar ao ritmo normal.
— Desculpe — ela disse, com a voz controlada.
— Não estava olhando por onde andava — ele respondeu, sem tirar os olhos dela.
A voz dele era profunda, cortante, como se medisse a força das palavras antes de pronunciá-las. Ele não parecia irritado. Parecia… curioso. O que era um problema.
Ela se desvencilhou com cuidado.
— Já está tudo bem.
Ele continuou observando, como se estivesse tentando memorizar o rosto dela. Aquilo fez a nuca de Camila formigar. Não poderia chamar atenção, não naquele momento.
Quando ela se virou para ir embora, ele deu um passo, mas não disse nada. Apenas acompanhou com o olhar até que ela sumisse em outra curva do corredor. Mesmo sem vê-lo, Camila sentiu a presença dele atrás, pesada, firme, desconfiada.
Saiu do prédio em direção ao estacionamento sentindo o coração bater acelerado. O encontro rápido tinha arrancado dela mais do que paciência. Aquele homem era Rafael Villalba. O herdeiro. O ex-militar. O homem que administrava o império com eficiência cruel.
Ela prometeu a si mesma que nunca deixaria aquele olhar a afetar. Não depois de tudo que os Villalba fizeram com sua família. Não depois de ver seu pai perder tudo. Não depois de anos de vergonha, luta e reconstrução. Mas, de algum modo irritante, aquele único instante tinha perfurado sua defesa com mais força do que ela queria admitir.
Camila entrou no carro e fechou a porta com rapidez. A entrevista tinha ido bem. O encontro inesperado com Rafael poderia atrapalhar, mas ela precisava acreditar que ainda estava invisível para ele. Ninguém ali sabia quem ela era de verdade. Ainda.
Ela ligou o motor e saiu devagar, passando novamente diante da Hacienda. O sol tocava os telhados de maneira quase dourada, criando um contraste absurdo entre a beleza do lugar e a crueldade que ele escondia. Aquele império tinha sido construído com trabalho, sangue, segredos e mentiras. E ela agora estava dentro da toca do lobo, pronta para destruir cada peça.
O vale parecia observar enquanto ela se afastava. Os campos de agave estavam alinhados como soldados. O vento atravessava as plantas e trazia o som distante de máquinas trabalhando sem descanso.
Camila apertou o volante com força.
Ela tinha voltado para acertar contas.
E nada, nem Rafael Villalba, nem seu olhar afiado, iriam impedi-la.
Não desta vez.
Quando Camila deixou a sala de controle, sentiu o ar quente do corredor invadir os pulmões como se estivesse saindo de um ambiente submerso, porque a presença de Rafael sempre provocava nela essa sensação de água represada prestes a transbordar. Caminhou até o laboratório com passos rápidos, tentando colocar distância entre eles e recuperar a clareza que ele insistia em roubar, ainda que não tivesse tocado nela uma única vez desde o dia anterior. O problema era que Rafael não precisava tocar. Ele apenas chegava perto e o corpo dela se desorganizava, como se as regras mudassem sem aviso.O laboratório estava quase vazio quando ela entrou; apenas o som contínuo dos equipamentos preenchia o espaço, e o cheiro de agave misturado com álcool parecia mais denso do que de costume. Guardou a prancheta, abriu o laptop e fingiu trabalhar, embora a mente estivesse presa ao momento em que Rafael dissera que ela o prendia a algo que ele ainda não entendia. Não era uma frase dita para seduzir, e tal
A noite descia sobre o Vale de Jalisco com aquela lentidão quente que deixava o ar pesado e vibrante, enquanto o pátio da Hacienda diminuía o ritmo aos poucos, embora ainda houvesse trabalhadores fechando registros, empilhando caixas e apagando luzes dispersas. O cheiro de madeira saturada de álcool e de agave recém-cozido permanecia no ambiente como uma cortina perfumada, e Camila caminhou por entre os corredores com passos firmes, tentando se concentrar apenas na sensação do chão sob os pés, como se isso fosse suficiente para afastar da mente a lembrança do toque de Rafael segurando seu queixo algumas horas antes.Era inútil.O corpo reagia antes da razão, e isso a irritava profundamente.Quando alcançou o alojamento, trancou a porta por dentro, apoiou a testa na madeira e respirou fundo, tentando recuperar uma estabilidade que parecia escapar por entre os dedos desde o momento em que Rafael notara o bloco de notas. Entrou no quarto pequeno, tirou o jaleco e deixou-o cair sobre a ca
Camila saiu do depósito com o bloco preso contra o peito por baixo do jaleco. A respiração ainda estava irregular, como se o corpo não tivesse entendido que o toque de Rafael terminara. Não era apenas o toque. Era a forma como ele aproximava o rosto, como segurava o queixo dela, como falava baixo e deixava claro que estava farejando algo que ela não podia permitir que fosse descoberto.Ela atravessou o pátio com passos firmes, tentando recuperar o controle. O sol estava descendo, pintando o vale de tons laranja e dourado, e a Hacienda parecia ainda mais imponente sob aquela luz. O barulho de máquinas e vozes carregava um ritmo acelerado, típico do fim do turno, mas Camila sentia tudo distante. A mente estava ocupada demais com Rafael.Ele tinha visto o bloco.Ele sabia que havia algo errado.E Rafael Villalba não era o tipo de homem que deixava um detalhe escapar.Ela entrou no laboratório para terminar as últimas medições, mas a atenção estava fragmentada. Cada sensor analisado, cada
O pátio da Hacienda parecia um formigueiro no fim da tarde. Caminhões alinhados, barris empilhados, trabalhadores se movendo com pressa para terminar o turno antes que a noite caísse sobre o vale quente de Jalisco. O som dos motores, o arrastar de correntes e o cheiro forte de madeira saturada de álcool criavam um caos organizado.Camila caminhava ao lado de Rafael, tentando parecer indiferente à proximidade dele. Era quase um trabalho físico manter a respiração sob controle, porque a presença dele tinha um efeito que ela odiava admitir. Um calor espesso, um tipo de gravidade particular que puxava o corpo dela na direção errada.Os dois pararam diante do caminhão recém-chegado. O motorista abriu a lona, revelando dezenas de barris escuros, marcados com o símbolo dos Villalba. Rafael se aproximou, passou a mão pela madeira e conferiu a umidade do aro metálico com precisão de quem entende mais de barris do que muitos mestres destiladores.— Este lote é antigo — ele disse. — Deve ser ver
Camila passou o resto da manhã tentando ignorar o impacto que Rafael tinha deixado no corpo dela. Não era apenas presença. Era magnetismo bruto. Era o tipo de homem que ativava instintos que ela não queria sentir, instintos que não tinham espaço dentro da vingança que carregava desde a queda da família.Mas ignorar Rafael era impossível.Ele ocupava o laboratório mesmo quando não estava lá.A equipe já tinha percebido que ele apareceria mais vezes naquele dia. Funcionários sussurravam entre si, consultavam telas repetidamente, ajustavam medidas sem nenhum erro. O temor silencioso que ele inspirava mantinha todos em alerta.Camila caminhou até o setor de fermentação, onde os tanques gigantes ocupavam a sala como colossos de aço. O ambiente ficava quente ali dentro, e o cheiro do álcool em formação era forte o suficiente para adormecer a ponta do nariz. Ela mediu temperaturas, anotou gráficos, comparou densidades.Fazia tudo com precisão.Mas o pensamento insistia em voltar para a noite
O sol ainda subia por entre os montes quando Camila chegou ao laboratório naquela manhã. A Hacienda já estava desperta, e o cheiro de agave cozido se espalhava pelo ar quente. Trabalhadores cruzavam o pátio com pressa, empurrando carrinhos, carregando caixas, cumprindo ordens invisíveis. A rotina ali dentro funcionava como um organismo vivo. Um organismo treinado para obedecer.Ela entrou no laboratório com passos controlados, mas a mente inquieta. Dormira mal depois do que descobrira nos arquivos. O bloco de notas do pai pesava no bolso interno da mochila como se tivesse vida própria. Cada linha escrita ali queimava uma parte dela. O homem que criara a fórmula mais valiosa da Hacienda tinha sido descartado como um ladrão. E ela agora precisava caminhar entre os ladrões sem deixar que percebessem.Pegou uma prancheta, revisou os tanques, fez anotações. Tentava agir como todos os outros, mas seu corpo estava tenso demais. O ambiente seguia seu ritmo comum até que uma mudança súbita per
Último capítulo