As gravações daquele dia tinham sugado a energia de todo mundo. Sol forte, cenas na plantação de andiroba, entrevistas com extrativistas, barulho de gerador, mosquitos insistentes — a equipe chegou na pousada parecendo um grupo de náufragos finalmente encontrando terra firme.
Ariana largou a mochila no chão sem nenhuma elegância. Livia se jogou no sofá velho da recepção e anunciou:
— Se eu morrer agora, me enterrem com repelente.
Foi quando Amanda, a dona da pousada e eterna antena de fofocas da cidade, apareceu na porta com seu sorriso que dizia “tenho novidades”.
— Vocês tão sabendo que hoje é a Festa da Fogueira, né?
Ariana se endireitou na hora.
— A festa ainda existe?
— Existe e tá grande! — Amanda respondeu. — Comida, música, forrozão, cerveja gelada, fogueira gigante… A cidade toda vai.
Ariana sorriu sozinha, tomada por um flash dolorosamente doce da infância.
— Eu ia todo ano com a minha irmã… — disse, meio para si mesma. — Era tão divertido. A gente fazia fila pro tiro-alvo,