O quarto de Ariana estava um caos de malas abertas, roupas dobradas pela metade e memórias espalhadas por todos os cantos. Ela estava guardando os últimos livros quando ouviu um leve toque na janela — aquele toque que ela reconheceria até de olhos fechados.
Ela se virou.
Eduardo estava ali, apoiado no batente de cimento do jardim lateral — o mesmo onde eles passavam tardes inteiras conversando quando eram crianças. O batente deixava ele alto, exatamente na altura da janela. A posição perfeita para os dois ficarem frente a frente.
A janela estava entreaberta. Ele estava ofegante. O cabelo bagunçado. Como se tivesse corrido até ali sem pensar.
— Posso? — ele perguntou, tocando na madeira da janela, como querendo saber se podia abrir, a voz mais baixa do que o normal.
Ariana sentiu um arrepio.
Ele nunca pedia. Ele simplesmente empurrava e sentava ali, sem cerimônia.
Mas naquele dia, tudo estava diferente.
— Pode… — ela respondeu, mesmo sem ter certeza do que estava permitindo.
Eduardo