Mundo de ficçãoIniciar sessãoDepois de anos marcada pela perda dos pais, Aurora Delmont descobre que apenas o enigmático CEO Ethan Vesper possui as chaves para sua herança… e para a verdade que ela tanto teme. Entre segredos que ferem e uma paixão impossível de esconder, Aurora e Ethan se aproximam como fogo e sombra. Mas quando o amor nasce em meio ao perigo, fica a pergunta: o destino vai uni-los… ou arrancá-los um do outro para sempre?
Ler maisO vento cortava a pele de Aurora Delmont quando ela pisou novamente diante dos portões do casarão onde crescera. A mansão, outrora vibrante com as risadas de seus pais, agora parecia apenas um mausoléu de lembranças partidas. Ela havia voltado depois de anos — obrigada pelo testamento que, enfim, seria aberto.
Aurora perdeu os pais aos 14 anos em um acidente tão repentino quanto inexplicável. E desde então, crescera sob os cuidados dos tios, Élio e Marise, que já tinham dois filhos: Dante, com seus 16 anos na época e seus olhos azuis sempre carregados de arrogância natural; e Lena, com 13, doce por fora, mas com farpas invisíveis que só Aurora percebia. Com o tempo, Aurora descobriu que sangue nem sempre significava amor, e que famílias podiam esconder sombras mais densas do que qualquer segredo empresarial. Agora, com 25 anos, ela retornava para reivindicar aquilo que sempre foi seu — ainda que isso acendesse a chama da inveja que sempre queimou dentro dos Delmont. ⸻ Do outro lado da cidade… Num escritório onde janelas panorâmicas revelavam São Paulo como um tabuleiro de poder, Ele observava os números dançando no monitor. Seu nome era sussurrado nos corredores empresariais, pronunciado com reverência, temor ou inveja, mas jamais com familiaridade. Ethan Vesper. CEO da Vesper Corp., impiedoso, meticuloso e dono de uma reputação que fazia executivos tremerem antes mesmo de apertarem sua mão. Ele era o único herdeiro de um império construído na frieza implacável do mercado. E estava prestes a entrar em uma guerra silenciosa que não havia escolhido — uma guerra que tinha Aurora Delmont no centro. ⸻ A Chegada O salão principal da mansão estava cheio para a leitura do testamento. Os tios de Aurora a fitaram com olhos que tentavam parecer acolhedores, mas carregavam a tensão daqueles que temem perder algo valioso. Dante estava encostado ao piano antigo, os braços cruzados — agora um homem alto, bonito e perigosamente consciente disso. Sempre tivera um fascínio possessivo por Aurora, algo que ela aprendeu a contornar com distância. Já Lena sorriu quando viu Aurora, mas o sorriso era tão falso quanto diamante em vitrine de camelô. — Aurora… você voltou — disse ela, com voz melosa. Aurora apenas assentiu. Foi então que a porta principal se abriu com um estrondo calculado. Homens de terno escuro entraram primeiro. E então Ele apareceu. Ethan Vesper. A presença dele preencheu o espaço como uma tempestade silenciosa. O ar parecia mais denso, como se todos dali tivessem esquecido como respirar. Aurora sentiu um arrepio subir pela coluna. Ela nunca o tinha visto pessoalmente. Mas sentia, instintivamente, que aquele homem seria sua ruína — ou sua salvação. Seu olhar encontrou o dela. Por um instante, o mundo desapareceu. Os tios se entreolharam, Dante franziu o cenho com ciúme evidente, e Lena arregalou os olhos, fascinada. Ethan caminhou até o advogado que aguardava com uma pasta preta nas mãos. — Sr. Vesper — disse o advogado — obrigado por comparecer. Como requisitado pelo testamento do Sr. Delmont… o senhor terá participação direta nesta leitura. Aurora franziu o cenho. — Como assim? Ethan finalmente falou, a voz grave e firme, como se derramasse autoridade. — Seu pai confiava em mim — afirmou ele, fitando-a como se enxergasse dentro dela. — E deixou algo para mim. Algo que envolve você. Um silêncio pesado tomou o salão. O coração de Aurora disparou. — O que… exatamente? — perguntou ela, com a voz trêmula. Ethan deu um meio sorriso, cheio de segredos. — Você, Aurora. O mundo dela parou. Dante avançou um passo, furioso. Lena levou a mão à boca. Marise soltou um arquejo. — Como assim… eu? Ethan aproximou-se dela, inclinando-se apenas o suficiente para que só ela ouvisse: — Seu pai me deixou a responsabilidade de proteger você. E para isso, Aurora… você terá que viver ao meu lado. Sob meu teto. Sob meu nome, se necessário. Ela arregalou os olhos, chocada. — E se eu recusar? Ele a olhou com uma intensidade que a fez perder o ar. — Então você perderia tudo o que herdou. Inclusive a verdade sobre o que realmente aconteceu com seus pais. Aurora sentiu o chão desaparecer. Porque no fundo… ela sempre soube. A morte deles não foi um acidente. E Ethan Vesper… era a única chave para descobrir a verdade.(Ponto de vista dela — Aurora) O salão inteiro brilhava como se tivesse sido moldado para um final de filme. Luzes douradas caíam do teto como constelações. Flores brancas enfeitavam cada mesa. E no centro… um corredor longo, aberto, perfeitamente alinhado. Meu corredor. Meu caminho até Ethan. O casamento estava prestes a começar e, por um instante, senti o peso de tudo o que vivi… e de tudo o que sobrevivi. Meus pais não estavam ali. Minha infância roubada não voltaria. Mas eu estava inteira. E, pela primeira vez, estava exatamente onde eu queria estar. A música começou. O coração bateu forte. Abri a porta. E lá estava ele. Ethan Vesper. O homem que um dia foi meu maior enigma… e hoje era minha escolha absoluta. Quando nossos olhos se encontraram, algo dentro dele se quebrou. Ele respirou fundo, quase tropeçando no próprio controle tão famoso. Ele me olhou como se estivesse vendo um milagre atravessar o corredor. Eu caminhei devagar. Não por medo. Mas porque qu
(Ponto de vista dele — Ethan) Quando desliguei o telefone, Aurora percebeu na hora que algo estava errado. Ela é perceptiva demais. Sempre foi. — Ethan… o que encontraram? — perguntou, a voz engolindo a própria ansiedade. Respirei fundo, tentando organizar o caos na minha mente. — Uma gravação. Antiga. Da noite do acidente. Os olhos dela se abriram como se o chão tivesse sumido. — Uma gravação de quê? — Da discussão final entre seus pais e… seu tio. E alguém mais. Aurora firmou o corpo, como se estivesse se preparando para uma queda inevitável. — Quem? Eu hesitei. Não queria ser eu a dizer aquilo. Mas ninguém mais poderia. — Sua tia. O silêncio foi tão brutal que doeu. Aurora não piscou. Não respirou. Não tremeu. Apenas… ficou imóvel. Como se o mundo estivesse desabando dentro dela. — Minha tia estava envolvida…? — ela finalmente sussurrou. — Sim. E do pior jeito possível. Ela não só sabia da sabotagem… como incentivou. A gravação mostra claramente: ela não evitou
(Ponto de vista dela — Aurora) Depois que meu tio foi levado pelos advogados de Ethan, o silêncio que tomou a sala parecia mais pesado que qualquer grito. Eu estava vazia… e ao mesmo tempo incendiada. Não era só dor. Era a sensação de que, pela primeira vez, eu estava acordando de um pesadelo que durou anos. E Ethan estava ali, parado à minha frente, como se tivesse medo de se aproximar demais. — Aurora… — ele começou, mas sua voz falhou. — Tem mais uma coisa. Eu senti o chão balançar, mas não recuei. Nunca recuaria dele. — Me mostra — pedi. — Agora. Tudo. Ele hesitou por um segundo, então abriu a gaveta e tirou o envelope preto. Aquele que vi, mas que ele havia escondido. Um arrepio subiu pela minha espinha. Ethan colocou o envelope na mesa, sem tocar em mim. Como se precisasse garantir que eu fosse forte por conta própria. — Antes de abrir… você precisa entender uma coisa — ele disse, com o maxilar tenso. — Eu lutei contra o que descobri. Quis te proteger. Mas perceb
(Ponto de vista dele — Ethan)Aurora adormeceu no sofá da minha sala depois de horas tentando processar tudo.Não tive coragem de acordá-la.Ela parecia finalmente respirar… sem medo.Mas eu não.O peso da verdade me esmagava.Porque, pela primeira vez, eu estava diante de algo que não conseguia controlar.Quando ela dormiu, peguei o relatório que faltava.Aquele que eu ainda não tive coragem de mostrar.Mais do que desvio de dinheiro.Mais do que manipulação familiar.Era outra coisa.O acidente.A morte da mãe dela.Eu revisei o dossiê novamente, mesmo sabendo cada linha de cor.E, pela centésima vez, meu estômago virou.Porque a conclusão era cada vez mais clara:Aquilo não tinha sido acidente.E pior…Os nomes envolvidos apontavam para alguém que Aurora jamais imaginaria.Ouvi o som dela se mexendo atrás de mim.Guardei tudo antes que ela abrisse os olhos.— Ethan…? — a voz dela veio baixa, sonolenta.Virei-me.Ela estava linda, mesmo com o cansaço, mesmo com a dor.Talvez até mai
(Ponto de vista dela — Aurora) Eu mal consegui dormir depois daquela noite no hotel. O beijo… não. A forma como Ethan me beijou. Como se estivesse reclamando algo que já era dele. Como se soubesse que, daqui para frente, nada no mundo separaria nossos caminhos. Eu tentei manter minha rotina. Sem sucesso. Ao chegar na empresa, tudo parecia mais silencioso, mais tenso. E não demorou cinco minutos até perceber o motivo: Meu tio estava no escritório de Ethan. A porta entreaberta. Vozes altas. Duras. E meu nome sendo cuspido como um problema. O sangue gelou nas minhas veias. Dei um passo para trás, mas a porta se abriu antes que eu pudesse fugir. Meu tio saiu com o rosto vermelho de raiva — e parou ao me ver. — Você — disse, apontando para mim — está destruindo nossa família. Minha boca secou. — Eu só quero a verdade. — Você não foi feita para lidar com a verdade. — O tom dele cortava. — É emocionalmente instável. Sempre foi. Sua mãe sabia disso. Por isso confiou a mim
(Ponto de vista dele — Ethan) Eu não conseguia deixar de olhar para Aurora. Por mais que tentasse focar nos documentos, nos contratos, no caos tomando forma em torno da herança dela… minha atenção voltava para o jeito que ela mordia o lábio ao analisar algo, para a curva suave de seu pescoço, para a determinação absurda que brilhava nos olhos dela. E para o fato de que alguém estava tentando destruí-la. Isso era o que me irritava mais do que tudo. Eu estava começando a entender: não era só a herança. Era pessoal. Alguém queria que Aurora permanecesse pequena, frágil, dependente. E falhou. Porque Aurora não era feita para ser diminuída. E eu… não permitiria que fizessem isso com ela. ⸻ Em meio ao silêncio tenso da sala, algo vibrou no meu celular. Uma mensagem do meu segurança particular. “Encontramos o homem do envelope. Aguarda instruções.” Meu peito se apertou. Finalmente. — Aurora — chamei, e ela ergueu os olhos. — Vamos sair daqui. — Aconteceu algo? — Sim. Encon
Último capítulo