Inicio / Romance / Abismo das Verdades Proibidas / Capítulo 4 — A Falha no Meu Controle
Capítulo 4 — A Falha no Meu Controle

(Ponto de vista de Ethan)

Eu não deveria ter tocado nela.

Foi um deslize — mínimo, calculado, provavelmente imperceptível para qualquer pessoa…

Mas não para mim.

Quando meus dedos roçaram os dela, senti algo que não sentia há anos:

uma interrupção na ordem que eu mesmo construí.

Aurora Delmont.

Nome suave demais para alguém que carrega uma herança capaz de destruir famílias — e negócios — inteiras.

Eu a observei enquanto ela analisava os documentos. O modo como ela mordia a parte interna da bochecha quando tentava parecer forte… e como os olhos dela, mesmo quando firmes, traíam um medo antigo. Um medo que ela jamais admitiria ter.

Força e vulnerabilidade na mesma respiração.

Interessante demais para ser ignorado.

E perigoso demais para me aproximar.

Minha assistente entrou sem bater — hábito que eu tolerava apenas porque ela era boa no que fazia.

— Senhor Vesper, recebemos outra mensagem anônima. — Ela deixou o envelope sobre a mesa, o cenho tenso. — O mesmo papel. A mesma letra.

Meu olhar encontrou o de Aurora. Ela empalideceu, mas manteve a espinha ereta.

Corajosa. Idiota, mas corajosa.

Peguei o envelope. Dentro, apenas uma frase:

“Ela não deveria estar aqui.”

Dobrei o papel com calma. Não revelei a ela que esse era o terceiro bilhete. Apenas disse:

— Vou cuidar disso.

Ela me olhou como se pudesse decifrar se eu estava dizendo a verdade.

O que era engraçado, considerando que nem eu sabia por que queria tanto protegê-la.

Quando ficamos a sós novamente, Aurora cruzou os braços, tentando parecer maior do que realmente era.

— Você sabe quem está fazendo isso — disse ela. — Por que não me conta?

— Porque você não está pronta.

— Quem disse que eu preciso estar pronta?

— Eu. — Dei um passo à frente. — E, até onde sei, você me contratou justamente por isso.

Ela abriu a boca, provavelmente para retrucar, mas acabou fechando de novo.

A coragem dela vacilou por um segundo. Um segundo que eu não deveria ter notado.

Mas notei.

Ela desviou o olhar para os prédios através do vidro, e eu aproveitei para observá-la sem disfarces.

O corpo dela carregava uma tensão constante, como alguém acostumado a lutar sozinha. Como alguém que nunca teve tempo de ser jovem.

A herança, a morte dos pais, a família que a acolheu por conveniência…

Tudo nela gritava abandono.

E ainda assim, ela estava ali. De pé. Lutando.

Isso mexeu comigo de um jeito que eu não gostei.

— Não quero que você tenha medo — eu disse, sem entender por que estava oferecendo esse tipo de conforto a alguém.

Ela levantou a cabeça.

— Não tenho medo.

Sorri. Pequeno. Involuntário.

— Mente mal, Aurora.

Ela corou. Não esperava isso. A reação dela… foi um impacto direto na minha racionalidade.

E então, para minha própria surpresa, deixei escapar:

— Posso ensinar você a mentir melhor. Se quiser.

Ela engoliu seco.

— E… por que você faria isso?

O motivo real não era apropriado.

Então menti — e menti bem.

— Porque uma herdeira envolvida em uma guerra familiar precisa saber sobreviver.

Mas a verdade, crua e incômoda, era outra:

Eu queria ver até onde ela podia ir.

Quanto ela suportaria.

Quanto ela resistiria a mim.

Aurora se aproximou da mesa e tocou o envelope que eu havia guardado.

— Ethan… — a voz dela saiu mais suave. — Isso envolve meu pai, não é?

Ela não deveria ter adivinhado tão rápido.

Isso me irritou… e me impressionou.

— Saia comigo hoje à noite — eu disse.

Ela congelou.

— O quê?

— Preciso te mostrar algo. E não posso fazer isso aqui.

— Isso é… trabalho? — Ela perguntou, mas o leve tremor na voz revelava outra expectativa.

Me aproximei devagar, como um predador que não precisava correr para ter sua presa.

— Não sei — respondi. — Depende do que você considera… trabalho.

Ela recuou um passo.

Mas não tirou os olhos de mim.

Isso foi a parte mais perigosa.

Porque, naquele instante, tive certeza absoluta de algo:

Aurora Delmont podia ser a única pessoa capaz de me fazer perder o controle.

E perder o controle… sempre cobra seu preço

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP
Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP