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Capítulo 2 — O Preço de Pertencer ao Segredo

O silêncio que seguiu a revelação de Ethan parecia uma parede de vidro prestes a se quebrar.

Aurora sentiu cada olhar sobre si — os tios indignados, Lena chocada, Dante prestes a explodir. Mas nenhum deles pesava tanto quanto o de Ethan Vesper, que a fitava como se já a conhecesse por inteiro.

O advogado pigarreou, quebrando o clima.

— Como mencionado, o testamento estipula que a herdeira, Aurora Delmont, deverá cumprir o período de convivência sob supervisão direta de Ethan Vesper para ter acesso à totalidade da herança — explicou ele, abrindo a pasta. — Incluindo… a documentação sobre o acidente dos pais.

O coração de Aurora encolheu.

Acidente.

A palavra sempre lhe soou errada, falsa, como um pano jogado sobre algo feio demais para ser visto.

Ela ergueu os olhos para Ethan.

— Meu pai confiou em você — sussurrou Aurora, com a voz embargada. — Por quê?

Ethan não desviou o olhar.

— Porque eu era o único que podia protegê-la dos inimigos dele.

Aquela frase caiu como uma bomba.

Marise, a tia, arfou.

Élio franziu o cenho, ruborizado.

Dante apertou os punhos.

— Isso é completamente absurdo! — Dante explodiu, dando um passo à frente. — Ele não tem nenhum direito de se meter na vida da Aurora!

Ethan virou lentamente a cabeça em direção a ele. Um movimento tranquilo. Frio. Ameaçador.

— Tenho todo o direito — respondeu o CEO. — Porque seu tio tentou contestar o testamento três vezes nos últimos dez anos. E perdeu todas.

A sala inteira pareceu murchar.

Aurora encarou os tios, chocada.

— Vocês tentaram… tirar minha herança?

Marise, trêmula, balbuciou:

— Nós só queríamos proteger seu futuro, querida…

Mas Aurora viu.

Pela primeira vez, viu claramente.

Não havia amor ali.

Havia medo. Interesse. Talvez culpa.

Ethan se aproximou dela.

Não tocou.

Não ousou.

Mas a presença dele era tão forte que Aurora sentiu como se tivesse sido empurrada contra uma parede invisível.

— Arrume suas coisas — ele disse, com firmeza. — A partir de hoje, você vem comigo.

Lena arregalou os olhos.

— Você vai morar com ele? — perguntou ela, quase em um sussurro. — Na cobertura dele?

Aurora gaguejou.

— Eu… não sei se quero…

Ethan inclinou-se levemente para ela, discreto, mas intenso o suficiente para que apenas Aurora ouvisse sua voz baixa:

— Não é uma escolha, Aurora. É o único caminho para descobrir o que realmente aconteceu com seus pais.

O estômago dela afundou.

Porque ele estava certo.

Ela sabia que estava.

Horas depois…

Aurora subiu no carro preto que aguardava do lado de fora. O motorista abriu a porta para ela. Ethan já estava no banco ao lado, impecável, como se o caos da mansão não tivesse tocado nele.

O carro deslizou pela estrada entre os portões da propriedade.

Aurora respirou fundo.

— Como meu pai confiaria tanto em você? — perguntou ela, olhando pela janela.

Ethan continuou encarando a paisagem, como se analisasse o mundo inteiro.

— Seu pai descobriu algo que não deveria — ele respondeu. — E pediu que eu cuidasse de você caso ele… não tivesse tempo.

Aurora o encarou.

— Você fala como se tivesse certeza de que a morte deles não foi um acidente.

Ethan virou o rosto para ela.

E pela primeira vez, Aurora viu algo diferente nos olhos dele: um brilho duro, doloroso, quase humano.

— Não foi.

A respiração dela travou.

— E o que você sabe sobre isso?

— Tudo o que você não sabe — respondeu ele. — E tudo o que pode destruí-la, se descobrir sozinha.

Um frio percorreu o corpo dela.

Não de medo.

De antecipação.

De verdade prestes a emergir.

— Por que meu pai confiaria você com algo tão grande? — ela insistiu.

Ethan desviou o olhar, os dedos se fechando sutilmente sobre o próprio joelho.

— Porque antes de ser CEO… eu fui a única pessoa capaz de salvá-lo uma vez.

— Salvá-lo… de quê?

— De quem queria a fortuna dele.

— Quem?

Ele não respondeu.

O carro entrou na garagem subterrânea de um prédio altíssimo de vidro negro. A cobertura de Ethan.

Aurora engoliu seco.

Quando Ethan abriu a porta e estendeu a mão para ela, algo nela vacilou. A mão dele não era apenas forte — era uma promessa silenciosa de poder… e perigo.

Aurora hesitou.

Ethan semicerrou os olhos.

— Você está prestes a entrar no meu mundo — disse ele, num tom baixo, quase íntimo. — E meu mundo vai mudar o seu. Para sempre.

Aurora colocou a mão na dele.

E sentiu.

Sentiu que aquele homem seria a destruição dela.

E, de alguma forma inexplicável…

a única chance que ela tinha de sobreviver.

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