(Narrado por Aurora)
O eco dos passos fez meu coração bater tão alto que parecia preencher o prédio inteiro.
Ethan ficou imóvel por um instante, o corpo tensionado como o de um animal que reconhece o predador.
— Atrás de mim, Aurora — repetiu, sem olhar para mim.
Obedeci, ainda que minhas mãos estivessem trêmulas.
Aquele quase-beijo ainda queimava na minha pele, mas agora havia algo mais forte: medo.
E confiança.
Uma confiança absurda, irracional, perigosa — mas verdadeira.
Os passos ficaram mais próximos.
Ethan moveu-se rápido. Pegou algo dentro do paletó — não uma arma, mas uma chave de metal pesada, como se estivesse disposto a enfrentar quem quer que fosse com as próprias mãos.
— Quem está aí? — A voz dele cortou o silêncio como uma lâmina.
Nenhuma resposta.
Mais um passo.
Arrastado.
Quase um aviso.
E então… uma sombra apareceu na porta. Alta, irregular, quase humana — mas sem forma definida com a luz precária.
Meu coração congelou.
— Ethan… — minha voz falhou.
Ele deu um passo à