Mundo de ficçãoIniciar sessãoNo dia do seu casamento, Elena Vasquez D'Amato vê seu mundo ruir quando seu noivo hesita no altar... e desiste. Humilhada diante de todos, ela descobre que o primeiro amor dele - agora de volta e solteira - ainda tem mais poder do que ela imaginava. Ferida, mas orgulhosa, Elena decide aceitar o acordo antigo feito entre suas famílias biológicas: casar-se com Leonhart Moreau, um homem reservado, imponente e absolutamente irresistível. O que começa como um pacto entre clãs se transforma em uma nova chance de recomeço - onde a mulher rejeitada se torna, enfim, a mais desejada. Plágio é crime! Por Nayara Barbosa.
Ler maisO "sim" que nunca veio
Elena Vasquez D'Amato
> "Dizem que o dia do seu casamento é o mais feliz da sua vida.
Bem, não foi o meu caso."
O vestido estava perfeito. O buquê, feito com as flores favoritas da minha avó, era uma homenagem silenciosa que só eu entendia. O salão parecia ter saído direto de um conto de fadas - desses que sempre terminam com o felizes para sempre.
Mas nenhum conto de fadas começa com o noivo hesitando no altar.
Arthur olhou para mim com aqueles olhos azuis que, um dia, me fizeram acreditar em promessas. Mas naquele momento... eles estavam vazios. E foi aí que eu soube.
A culpa tinha nome e sobrenome: Valentina Leclerc. Primeiro amor dele. Reapareceu na semana do casamento, sorrindo nas redes sociais com a legenda "de volta e solteira". É claro que ele viu. E é claro que hesitou.
- Eu... me desculpe, Elena. Mas eu não posso - ele disse, e o mundo parou.
Tudo ficou em silêncio. E no meio dos olhares, das bocas abertas, dos flashes dos celulares, tudo que eu consegui fazer foi respirar fundo, pegar meu celular e sair pela porta lateral do altar como quem foge de uma cena já escrita por outra pessoa.
Do lado de fora, o céu estava limpo. Liguei para o número que me disseram para usar caso um dia eu mudasse de ideia.
Atenderam no terceiro toque.
- Alô?
- Aqui é Elena Vasquez D'Amato. - Elena...? - a voz da mulher do outro lado soou entre surpresa e expectativa. - Pode avisar ao senhor Marco e à senhora Giuliana que aceito o acordo. - Tem certeza?
Olhei para o vestido impecável, agora manchado pelo chão sujo da calçada. Dei um pequeno sorriso.
- Tenho. Estou pronta para me casar com o filho dos seus amigos.
Desliguei o celular logo após escutar um "ok". Estava destruída, sabia disso, mas não iria derrubar lágrimas, gritar, xingar, não iria fazer nada, só iria juntar o pouco de dignidade que me restava e iria embora.
Certeza que em segundos todas aquelas fotos e vídeos estariam em todos os sites de fofocas de New York, e o melhor a fazer seria ir para Florença, ficar longe de todos os olhares e dedos que iriam me apontar, me julgar ou sentir pena de mim.
Cresci em New York, com meus pais adotivos e meu irmão, que me acharam pequena em um bordel, sim fui traficada, pouco antes de completar dezoito anos, meus pais biológicos me encontraram, mas eles não vieram com amor e carinho, vieram com obrigações e deveres, queriam me levar à força e me casar, e eu neguei e mandei eles embora, pouco mais de um ano depois, meus pais adotivos morreram, me deixando só com Diego, meu irmão mais velho.
E cá estou eu, após toda essa humilhação, indo correndo igual uma cachorrinha para a família que disse que não iria nem morta. As coisas mudam, não é mesmo?
O avião decolou poucas horas depois. Não voltei para casa. Não arrumei as malas. Apenas pedi para que me buscassem no aeroporto. Cheguei a Florença com um vestido de noiva sujo, salto quebrado e a alma despedaçada. Uma assistente do clã D'Amato esperava com uma limusine. Ela não disse uma palavra, e eu agradeci por isso.
O palácio da família D'Amato era exatamente como me lembrava: imponente, frio, cheio de quadros com ancestrais de expressão vazia. Giuliana veio me receber. Usava um robe de seda vinho, olhos firmes, sorriso contido.
- Elena. Você voltou. -
- Digamos que a vida tem um senso de humor cruel.
Ela assentiu, como se esperasse aquela resposta.
- Suba, descanse. Amanhã você conhecerá seu noivo. -
- Que romântico. - ironizei.
O quarto estava impecável. Camas com dossel, paredes de pedra, uma lareira acesa. Eu me joguei sobre os lençóis, tentando não pensar no rosto de Arthur, na forma como ele disse "eu não posso", como se fosse ele o ferido.
No dia seguinte, me vesti como uma verdadeira filha da aristocracia: vestido creme, cabelo preso em coque, maquiagem leve. Quando desci as escadas, Marco já esperava, ao lado de um homem alto, com presença quase ameaçadora. Cabelos pretos curtos, barba por fazer, olhos cinzentos e frios. Era Leonhart Moreau.
- Elena. Este é Leonhart. Ele será seu marido. -
Leonhart estendeu a mão. Apertei a dele. Firme. Direta.
- Sinto muito pelas circunstâncias. - ele disse, voz baixa, a entonação carregada de sotaque francês.
- Eu também. Mas já estive em altares piores.
Ele sorriu, de forma tímida, quase imperceptível. Marco e Giuliana se entreolharam. Eles não esperavam que eu fosse tão direta. Mal sabiam eles: não havia mais nada a perder.
Já fui rejeitada. Agora, era hora de ser desejada.
Leonhart me observava com uma expressão indecifrável, como se já estivesse me estudando, classificando e avaliando cada parte de mim. Era isso que eu havia me tornado? Um acordo estratégico entre famílias? Um peão numa jogada silenciosa de poder?
Talvez sempre tivesse sido.
- Temos uma semana para os preparativos. - Giuliana anunciou, tomando um gole de chá como se estivesse falando da previsão do tempo. - Nada muito grande, mas digno do sobrenome de vocês dois.
Deuses, mal havia me livrado de um altar e já estava sendo empurrada para outro. Só que dessa vez não havia escolha. Eu aceitei. Eu liguei. Eu assinei, mesmo que com meu silêncio.
- Vocês terão liberdade - disse Marco, como se estivesse oferecendo um presente. - Mas esperamos que sejam... respeitosos quanto ao nome da família. Um divórcio público, escândalos ou cenas dramáticas não serão bem-vindas.
Eu ri. Baixo, quase um sussurro amargo.
- Não se preocupem. Aprendi ontem o que é uma cena dramática. Não pretendo repetir.
Leonhart finalmente falou, com aquela voz grave que parecia embalsamar os pensamentos.
- Elena, você quer conversar em particular?
Assenti, por educação - ou exaustão. Seguimos até o jardim dos fundos, cercado de colunas de mármore cobertas por trepadeiras floridas. O ar ali era mais fresco. Mais... respirável.
- Você não é o que eu esperava - ele disse, de repente.
- Nem você. - retruquei, cruzando os braços. - Achei que seria mais velho, ou mais arrogante.
Ele deu um leve sorriso. Tão discreto quanto tudo nele.
- Também achei que você seria mimada.
- Eu fui. Mas a vida resolveu me educar à força.
O silêncio entre nós não era desconfortável. Era... tático. Ambos analisando o terreno antes de qualquer passo.
- Não precisamos fingir nada quando estivermos a sós - ele disse por fim. - Podemos manter nossas vidas separadas, se assim preferir. Mas em público, seremos o casal perfeito. Você terá sua liberdade, Elena. Só preciso da sua lealdade.
- Lealdade? - repeti.
- Discrição. Alinhamento. Lealdade.
Ele não pediu amor. Nem carinho. Nem sequer afeto. Pediu algo que se pode construir, negociar, medir.
Talvez... talvez isso fosse melhor. Pelo menos, eu saberia onde estava pisando.
- Fechado, então. - estendi a mão novamente.
Ele a apertou. Selamos nosso destino em um aperto firme, como sócios de um acordo.
A partir daquele momento, Elena Vasquez D'Amato não existia mais apenas como a garota abandonada no altar. Eu seria esposa de Leonhart Moreau. E com isso, vinha algo novo.
Controle.
Algo que a pequena menina do bordel jamais teve. Algo que a jovem humilhada diante de um altar também desconhecia. Mas agora, em um castelo de pedra na Toscana, com um estranho que falava em lealdade e não em paixão, eu teria um tipo diferente de poder.
Não seria mais a mulher que chorou em silêncio. Eu seria a mulher que riu por último.
Naquela noite, me despi do vestido sujo. Do passado recente. Do nome Vasquez. E quando me encarei no espelho, decidi que, se a vida queria fazer de mim um instrumento, eu aprenderia a tocar a melodia. Mas no meu tom. No meu tempo.
Leonhart e eu dormiríamos em quartos separados, por enquanto. Ele me deixava espaço, e eu respeitava isso. Havia algo nele - uma sombra atrás dos olhos, talvez um passado tão manchado quanto o meu - que me impedia de julgá-lo.
Ele também parecia quebrado. Só que controlado. Enquanto eu era ainda fogo, ele era gelo.
Um dia, um de nós dois derreteria. Ou queimaria.
Não sei quando peguei no sono. Só lembro da última imagem no espelho. A noiva abandonada tinha sumido. Agora havia outra mulher ali.
E essa mulher, finalmente, tinha planos.
{...}
Amélie MoreauO sol nascia lento, tímido, como se o tempo soubesse que aquele era o meu dia.O amanhecer que eu sempre sonhei — não por ser o dia do meu casamento, mas porque, enfim, o passado não doía mais.Fiquei parada diante do espelho, observando a mulher que me olhava de volta.O vestido branco deslizava como um sussurro sobre o chão, leve como nuvem, puro como o perdão.Cada bordado parecia uma lembrança costurada à mão: as dores que sobrevivi, as perdas que aceitei, os amores que precisei soltar.Eu fui rejeitada, perdida, destruída.Mas ali… eu me via inteira.Aurora entrou no quarto sorrindo, os olhos marejados — e quando ela me viu, tapou a boca com as mãos.— Está linda, Amé. — disse, com a voz tremendo.— Eu estou nervosa. — respondi, rindo baixinho. — E se eu chorar no altar?— Vai chorar, sim. E ele também. — Aurora apertou minhas mãos. — Mas hoje o choro vai ser de paz, não de dor.Fechei os olhos. Respirei fundo.E naquele instante, senti o coração vibrar como se o mu
Amélie MoreauCinco anos.Cinco anos desde aquele verão em que tudo começou — o beijo tímido, o pedido de namoro desajeitado, as risadas à mesa do café, e o vento no campo que parecia sussurrar o nome dele junto com o meu.O tempo passou rápido, mas deixou marcas boas. A universidade ficou para trás, as formaturas chegaram, e eu segui meu caminho — agora como professora assistente na mesma faculdade onde estudei. Noãn também realizou o sonho dele: abriu um pequeno estúdio de design, e mesmo nos dias em que a rotina nos engolia, nunca deixamos de nos encontrar à noite, nem que fosse para dividir um copo de vinho e conversar sobre o dia.Mas agora, voltávamos à fazenda.Era verão outra vez, e papai insistiu que todos passássemos as férias lá — “como nos velhos tempos”, ele dissera. A ideia de reunir todo mundo de novo me enchia de saudade e de um certo nervosismo que eu não sabia explicar.---A estrada era a mesma, mas o coração batia diferente.Do banco do passageiro, eu observava o c
Amélie MoreauO último dia de férias sempre tinha um gosto agridoce — o gosto da despedida misturado à gratidão pelos momentos vividos. O sol ainda nem havia nascido por completo quando acordei. O campo estava silencioso, coberto por uma névoa fina, e o som distante dos pássaros parecia embalar o fim de um capítulo da minha vida.Levantei-me da cama devagar, tentando gravar na memória o cheiro do quarto, da madeira antiga e do perfume das flores que tia Helena sempre deixava em um vaso ao lado da janela. Acordar naquele lugar trazia uma paz que nenhuma cidade conseguiria me dar.Vesti meu moletom preto — o mesmo que tinha o perfume de Noãn — e fui até a varanda. De lá, via-se a fazenda inteira desperta aos poucos. O gado sendo levado ao pasto, o cheiro de café vindo da cozinha, e o riso de Aurora e Natã brigando por quem havia vencido o jogo de pingue-pongue na noite anterior.— Acordou cedo — ouvi a voz de Noãn às minhas costas.Virei-me e lá estava ele, com o cabelo bagunçado e o so
Amélie MoreauOs dias seguintes foram como um sonho do qual eu não queria acordar.O sol nascia preguiçoso, iluminando os campos dourados da fazenda, e o cheiro de pão fresco vindo da cozinha de tia Helena se misturava ao perfume de flores silvestres que o vento trazia.Era o segundo dia de namoro, oficialmente.E, ainda assim, parecia que Noãn sempre tinha feito parte da minha vida.Acordei cedo, como de costume, e quando abri a janela do quarto, o campo estava coberto por uma névoa suave. As árvores balançavam levemente, e lá embaixo, perto do estábulo, vi Noãn alimentando os cavalos com o pequeno Carlo no colo — uma cena tão doce que me fez sorrir sem nem perceber.Desci as escadas em silêncio, tentando não acordar ninguém, mas papai já estava sentado na varanda, tomando seu café.— Bom dia, minha flor. — ele disse com um sorriso calmo.— Bom dia, pai. Dormiu bem?— Dormi, sim. — ele respondeu, olhando para o horizonte. — E você?— Melhor do que nos últimos tempos. — confessei.El
Amélie MoreauAcordei no dia seguinte ainda envolta pela sensação do beijo da noite anterior. Meu coração parecia mais leve, o peito aquecido — e pela primeira vez em muito tempo, o sorriso veio sem esforço. O beijo de Noãn havia sido tudo o que eu não sabia que precisava: doce, calmo e cheio de verdade. Era como se cada parte quebrada dentro de mim tivesse sido tocada por algo novo, que não doía, mas curava.Fiquei por alguns minutos deitada, olhando o teto, tentando entender o que estava acontecendo comigo. O luto ainda vivia em mim, mas agora dividido com uma centelha de esperança. Uma vontade de viver, de sorrir, de recomeçar.— Bom dia, bobinha apaixonada. — A voz de Aurora veio acompanhada de uma gargalhada suave e debochada. Ela estava encostada na porta do quarto, os braços cruzados, com aquele sorriso que só ela sabia dar.— Bom dia! — Respondi jogando uma almofada nela, que desviou rindo.— Olha só, até o bom dia tá mais doce. O amor faz milagre mesmo. — Ela provocou.— Para
Amélie MoreauO verão chegou como um alívio. Era como se o mundo, finalmente, me permitisse respirar depois de meses em que o peso do luto e das lembranças ainda me acompanhavam. O sol entrava pelas frestas da cortina do meu quarto, iluminando o lençol preto que — ironicamente — continuava ali, mesmo depois de tanto tempo. Eu ainda usava preto, mas não por obrigação. Era mais como uma forma de lembrança, uma homenagem silenciosa.— Vinte dias — murmurei, observando a mala aberta aos meus pés. — Só vinte dias de férias e parece que vou mudar de país.Aurora apareceu na porta, rindo.— Se fosse só isso! A fazenda do seu pai é praticamente outro mundo.— E o seu namorado está indo junto, lembre-se disso. — arqueei a sobrancelha.Ela riu, se jogando na minha cama. — Não é minha culpa se o destino resolveu juntar Natã e eu.— Claro que não é — disse, rindo junto. — Mas ainda não acredito que vocês estão namorando há cinco meses.— Pois é, e vocês... oito meses e nada de beijo? — Ela me olh





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