Amélie Moreau
O último dia de férias sempre tinha um gosto agridoce — o gosto da despedida misturado à gratidão pelos momentos vividos. O sol ainda nem havia nascido por completo quando acordei. O campo estava silencioso, coberto por uma névoa fina, e o som distante dos pássaros parecia embalar o fim de um capítulo da minha vida.
Levantei-me da cama devagar, tentando gravar na memória o cheiro do quarto, da madeira antiga e do perfume das flores que tia Helena sempre deixava em um vaso ao lado da janela. Acordar naquele lugar trazia uma paz que nenhuma cidade conseguiria me dar.
Vesti meu moletom preto — o mesmo que tinha o perfume de Noãn — e fui até a varanda. De lá, via-se a fazenda inteira desperta aos poucos. O gado sendo levado ao pasto, o cheiro de café vindo da cozinha, e o riso de Aurora e Natã brigando por quem havia vencido o jogo de pingue-pongue na noite anterior.
— Acordou cedo — ouvi a voz de Noãn às minhas costas.
Virei-me e lá estava ele, com o cabelo bagunçado e o so