Amélie Moreau
O sol nascia lento, tímido, como se o tempo soubesse que aquele era o meu dia.
O amanhecer que eu sempre sonhei — não por ser o dia do meu casamento, mas porque, enfim, o passado não doía mais.
Fiquei parada diante do espelho, observando a mulher que me olhava de volta.
O vestido branco deslizava como um sussurro sobre o chão, leve como nuvem, puro como o perdão.
Cada bordado parecia uma lembrança costurada à mão: as dores que sobrevivi, as perdas que aceitei, os amores que precisei soltar.
Eu fui rejeitada, perdida, destruída.
Mas ali… eu me via inteira.
Aurora entrou no quarto sorrindo, os olhos marejados — e quando ela me viu, tapou a boca com as mãos.
— Está linda, Amé. — disse, com a voz tremendo.
— Eu estou nervosa. — respondi, rindo baixinho. — E se eu chorar no altar?
— Vai chorar, sim. E ele também. — Aurora apertou minhas mãos. — Mas hoje o choro vai ser de paz, não de dor.
Fechei os olhos. Respirei fundo.
E naquele instante, senti o coração vibrar como se o mu