Leonhart Moreau
Na casa de campo, a ausência deles era como ar puro.
Finalmente, o silêncio não pesava. Não havia olhares julgadores, cobranças veladas, nem taças erguidas por alianças disfarçadas de orgulho. Havia apenas o som do vento contra as árvores, o cheiro de madeira antiga e o crepitar tímido da lareira.
Era um tipo de paz que nunca conheci crescendo sob o teto dos Moreau.
Na mansão, cada cômodo parecia um palco, cuidadosamente calculado para exibir grandeza. Tapetes persas, candelabros de cristal, corredores longos demais para serem aconchegantes. Mas nada — nada — daquilo tinha vida. O riso era proibido, a espontaneidade, sufocada. Até mesmo as refeições eram rituais, onde palavras eram medidas e gestos, controlados.
Aqui, na casa de campo, eu começava a entender o que era liberdade. Ou pelo menos, uma sombra dela.
A verdade é que meus pais nunca me amaram.
Nunca houve calor, apenas dever.
Eles me moldaram para ser o herdeiro ideal: frio, estratégico, impecável aos olhos do