Mundo ficciónIniciar sesiónHelena Duarte sempre foi uma mulher forte. Abandonada pelo namorado ao descobrir a gravidez, ela criou o pequeno Theo sozinha, enfrentando uma sociedade machista e uma família que a virou as costas. Com apenas 25 anos, ela trabalha duro para dar ao filho uma vida digna e um futuro melhor. Quando uma oportunidade de emprego surge em uma das maiores empresas do país, ela não imagina que o destino colocará em seu caminho Arthur Vasconcellos, o poderoso e reservado CEO que comanda o império da família. Ele é o oposto de Helena: frio, prático e acostumado a controlar tudo — inclusive os próprios sentimentos. Mas o que começa como um choque de mundos logo se transforma em uma ligação intensa, que desafiará o poder, o preconceito e os segredos do passado. E, enquanto uma amiga de infância de Arthur fará de tudo para separá-los, Helena descobrirá que o verdadeiro amor pode ser a força mais poderosa de todas.
Leer másCapítulo 1 – Helena
Acordei antes do sol nascer, como sempre. Theo ainda dormia, o rostinho sereno afundado no travesseiro, os cílios longos roçando as bochechas. Por um instante, fiquei ali parada, observando-o respirar. Era incrível como aquele pequeno ser era, ao mesmo tempo, minha fraqueza e minha maior força. Peguei meu celular: 5h12 da manhã. O despertador ainda nem tinha tocado. O corpo parecia saber que hoje não era um dia qualquer. Hoje era o dia da entrevista na Vasconcellos Group, uma das maiores empresas do país. O tipo de lugar em que eu nunca imaginei que teria uma chance — mas, de alguma forma, meu currículo chamou atenção. Levantei devagar, tentando não fazer barulho. A casa era pequena, mas era nossa. Dois cômodos e uma varanda apertada, onde Theo gostava de brincar com o carrinho azul que ganhara no Natal. Eu podia não ter muito, mas tínhamos paz. E, depois de tudo o que vivi, isso já era mais do que suficiente. Vesti a calça preta social que comprei em um brechó e a blusa branca que passei na noite anterior. Me olhei no espelho e respirei fundo. O cabelo cacheado, que muitas vezes parecia ter vontade própria, caía sobre os ombros em ondas indomáveis. Passei um batom discreto. Nada chamativo. Eu precisava parecer profissional, confiante — mesmo que por dentro eu estivesse um caos. Enquanto tomava o café preto, minha cabeça voava longe. Pensei em tudo o que enfrentei desde que o pai do Theo desapareceu da minha vida. Lembro do dia em que contei sobre a gravidez. Ele me olhou como se eu tivesse destruído o mundo dele. “Não posso ser pai agora, Helena. Você sabe que tenho planos.” Essas foram as últimas palavras que ouvi antes de ele virar as costas. E, desde então, aprendi que amar alguém não é garantia de ser amada de volta. — Mamãe… — A voz sonolenta de Theo me tirou dos pensamentos. Ele veio até mim, arrastando o cobertor. — Ei, campeão. Ainda é cedo, volta pra cama. — Sorri, ajeitando os cachos bagunçados dele. — Você vai trabalhar? — murmurou, esfregando os olhos. — Vou tentar um trabalho novo. Um bem importante. — Você vai conseguir — ele disse com uma certeza que me fez rir. Como era possível um garotinho de seis anos ter tanta fé em mim, quando eu mesma duvidava tantas vezes? Deixei Theo com a vizinha, dona Lurdes, e segui para o metrô. As mãos suavam dentro da bolsa onde eu guardava o currículo. Durante o trajeto, olhei pela janela o céu que começava a clarear. “Você precisa acreditar em si mesma”, repetia mentalmente. Cheguei ao prédio da Vasconcellos Group antes das oito. Era imenso, espelhado, com seguranças na porta e um saguão tão luxuoso que eu tive medo de pisar no tapete. As pessoas ali vestiam ternos impecáveis, os sapatos brilhavam. Eu me senti uma intrusa, mas mantive a cabeça erguida. Na recepção, uma moça me pediu o nome. — Helena Duarte, entrevista para a vaga de assistente executiva. Ela assentiu e me pediu para esperar. Enquanto isso, tentei disfarçar o nervosismo observando os quadros nas paredes — todos com fotos de um homem de terno, olhar firme, sorriso contido. O CEO. Arthur Vasconcellos. Eu já tinha lido sobre ele nas notícias: o homem que transformou a empresa em um império. Jovem, bilionário, respeitado… e completamente inalcançável. Diziam que era frio, que não se envolvia com ninguém fora do trabalho, que vivia para os negócios. Um homem acostumado a mandar. Quando a secretária me chamou, minhas pernas quase não obedeceram. — Senhorita Duarte? O senhor Vasconcellos vai entrevistá-la pessoalmente. Meu coração deu um salto. Pessoalmente? A maioria das candidatas passava apenas por recursos humanos. Por que eu? Entrei na sala enorme, de janelas panorâmicas e móveis minimalistas. E lá estava ele — sentado atrás de uma mesa de vidro, digitando algo no notebook. Quando levantou o olhar, por um segundo, o mundo pareceu parar. Arthur Vasconcellos era ainda mais impressionante ao vivo. Alto, ombros largos, cabelo escuro perfeitamente penteado. Os olhos — um tom indecifrável entre o cinza e o verde — me analisaram como se pudessem ver além da aparência. — Senhorita Duarte — ele disse, com a voz grave, firme. — Pode se sentar. Sentei, tentando esconder o tremor das mãos. — Seu currículo é… incomum. — Ele deslizou os olhos sobre as folhas. — Experiência em administração, mas muitos períodos de ausência. Posso saber o motivo? Engoli em seco. — Eu… tive um filho. Criei sozinha. Precisei parar alguns anos para cuidar dele. Ele assentiu lentamente, sem demonstrar reação. — Entendo. E por que decidiu voltar ao mercado agora? — Porque ele já está na escola, e eu quero mostrar pra ele que a mãe dele não desistiu da vida. — Falei sem pensar, com o coração. Arthur ergueu o olhar, e por um instante o ar pareceu mais denso. — Determinada — murmurou. — Gosto disso. Fiquei sem saber o que responder. Ele se recostou na cadeira, observando-me. — Sabe lidar com pressão, senhorita Duarte? — Lido com ela todos os dias — respondi. — Desde o momento em que acordo. Os cantos dos lábios dele se moveram num quase sorriso. Quase. — Está contratada. Fiquei muda por um instante, sem acreditar. — Desculpe… o senhor disse…? — Contratada. Comece na segunda-feira. — Voltou o olhar para a tela, como se nada demais tivesse acontecido. Saí da sala atordoada, o coração disparado. Nem percebi que sorria até ver meu reflexo no vidro do elevador. Pela primeira vez em muito tempo, eu tinha uma chance real de mudar de vida. E, ainda que eu não soubesse, aquele encontro com Arthur Vasconcellos seria o começo de algo que mudaria tudo — não só meu destino, mas o dele também. ---Capítulo 21 – Helena(1.010 palavras)**A campainha tocou uma vez. Depois, outra.Eu sabia quem era antes mesmo de olhar pelo olho mágico.E, ainda assim, nenhuma emoção surgiu dentro de mim — nem ansiedade, nem raiva, nem expectativa.Era quase estranho sentir… nada.Theo estava adormecido no sofá, exausto depois do dia cheio na escola. Ajustei levemente a manta sobre ele, certificando-me de que estava bem coberto. Meu coração se manteve estável, meu corpo firme.Caminhei até a porta com passos tranquilos, sem pressa.Quando destravei a fechadura, fiz de forma automática, como quem executa uma tarefa cotidiana.A porta se abriu devagar.Arthur estava diante de mim, mais abatido do que eu lembrava. As olheiras discretas, a camisa desabotoada no colarinho, o peso no olhar — sinais que, antes, eu teria lido com cuidado. Agora, apenas registrei sem me afetar.— Helena… — ele começou, como se estivesse t
💼 Capítulo 20 – ArthurNarrado por Arthur(cerca de 1.020 palavras)Quando deixei o andar inferior, senti algo que não sentia havia muitos anos: um peso no peito que nada tinha a ver com o trabalho, com a empresa ou com as exigências da minha família.Era Helena.Ou melhor — a nova Helena.A forma como ela me olhou… não havia raiva, nem ressentimento. Era pior do que isso.Era independência.Uma força que me fez sentir pequeno, como se eu tivesse acabado de perceber o tamanho real do estrago que causei.No elevador, encostei a cabeça na parede de aço escovado e fechei os olhos. Eu tinha ido até ali com a desculpa de entregar relatórios, mas a verdade era outra: eu queria vê-la.Idiota.E quando vi, percebi que não fazia mais parte daquele mundo dela.Assim que as portas do elevador se abriram no executivo, encontrei Camila me esperando. Claro.Ela sempre sabia onde eu estava, como se tivesse um radar apontado para mim desde a infância.— Você desceu para aquele setor? — ela perguntou
💼 Capítulo 19 – Helena A mensagem chegou no meio da tarde. Um e-mail frio, sem assinatura pessoal, apenas o cabeçalho formal da diretoria: > “Informamos que, por decisão estratégica, você será realocada para o setor de planejamento interno. O projeto Esperança continuará sob nova supervisão.” Li três vezes, sem acreditar. O cursor piscava diante dos meus olhos, e parecia zombar de mim. Arthur havia me afastado. O mesmo homem que dizia querer consertar as coisas, o mesmo que olhava pra mim como se o mundo parasse, agora me descartava com um clique de e-mail. Fechei os olhos e respirei fundo. Não choraria ali. Não daria esse prazer a ninguém. --- Minutos depois, Camila apareceu na minha sala. Claro que apareceria. — Que pena, Helena — disse, apoiando-se na porta com aquele sorriso que nunca alcançava os olhos. — Ouvi dizer que vai mudar de setor. Essas coisas acontecem… A maneira como ela disse “essas coisas” parecia um veneno envolto em perfume caro. — É, acontecem — r
💼 Capítulo 18 – Arthur A porta se fechou atrás dela e o som ecoou na minha cabeça como um tiro. Helena saiu sem olhar pra trás. E, por um instante, tudo o que consegui fazer foi ficar ali — parado, olhando para a maçaneta, como se o simples gesto dela sair tivesse levado junto o pouco de equilíbrio que me restava. Eu devia estar acostumado a perder o controle. Mas ela… ela me desarma de um jeito que ninguém nunca conseguiu. --- Voltei para minha sala, mas não consegui focar em nada. Os números na tela do computador se misturavam, os relatórios pareciam em outra língua. Tudo o que minha mente repetia era o som da voz dela dizendo: "Não misture as coisas, Arthur." Mas como separar o que sinto do que preciso fazer? Ela não é só uma funcionária. Nunca foi. Quando Helena voltou, eu jurei a mim mesmo que manteria di
💼 Capítulo 17 – Helena Acordei antes do despertador tocar. O sol ainda mal atravessava as cortinas, mas meu corpo parecia em alerta desde a noite anterior. A conversa com Arthur — ou melhor, a mensagem dele — não saía da minha cabeça. "Me desculpe. Não devia ter permitido aquilo." Foram dez palavras simples. Mas vindo dele, tinham o peso de um pedido de paz. Mesmo assim, não sabia se estava pronta para aceitar. Vesti a roupa com calma, prendendo o cabelo em um coque apressado, e segui para o trabalho. O elevador do prédio parecia mais lento que o normal. Cada andar demorava uma eternidade. Talvez fosse o nervosismo, ou o simples fato de saber que o veria de novo. --- Cheguei antes das oito. O andar ainda estava vazio. Coloquei minha bolsa na mesa e abri o computador. Queria me ocupar com planilhas, e-mails, qualque
💼 Capítulo 16 – Arthur A raiva me acompanhou o resto do dia. Não era o tipo de raiva que grita — era silenciosa, pesada, o tipo que corrói por dentro. Camila tinha ultrapassado todos os limites, e o pior é que ela sabia exatamente o que estava fazendo. Quando entrei na minha sala e fechei a porta, a imagem de Helena me veio à mente. Os olhos dela, firmes e magoados ao mesmo tempo. O jeito como ela se recusou a ceder, mesmo diante de mim. E aquela frase — “Eu não voltei pra reviver o passado.” Foi como um golpe bem dado. Merecido. Sentei na cadeira e soltei o ar devagar. Há anos eu controlava tudo: negócios, decisões, pessoas. Mas com Helena… nada era controlável. Ela me desarmava com uma única palavra. --- Bati os dedos sobre a mesa, tentando me concentrar nos relatórios, quando ouvi a voz de Marina pelo interfone:
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