Capítulo 8 – Narrado por Arthur
Eu não costumo convidar ninguém para jantar.
Na verdade, não costumo convidar ninguém para nada.
O trabalho sempre foi meu refúgio — e minha armadura.
Mas, desde que Helena entrou naquele elevador há alguns meses, a minha rotina deixou de ser previsível.
Ela me irritava.
Me desafiava.
E, de alguma forma, me fazia lembrar do que é estar vivo.
Por isso, quando a chamei para jantar, foi mais impulso do que razão.
E agora, sentado à mesa de um restaurante discreto, eu me perguntava se aquilo não tinha sido um erro.
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Ela chegou dez minutos atrasada.
E, de alguma forma, conseguiu transformar o atraso em algo elegante.
Usava um vestido simples, azul escuro, que não gritava por atenção — mas a tinha toda.
— Desculpe, o trânsito estava horrível — disse, ajeitando o cabelo.