CAPÍTULO 02

Entrei no carro e fechei a porta com um estalo seco que parecia ressoar na quietude do meu próprio universo. Manhattan rugia lá fora, a cidade de sempre, caótica, impaciente, e eu estava completamente absorto em uma única presença: Clara. Cada gesto dela, cada olhar, cada movimento calmo e calculado dentro da Maison Bianchi martelava na minha mente.

Mulheres nunca foram problema para mim. Sempre se curvaram, sempre sorriram, sempre se entregaram aos meus caprichos com uma facilidade que chegava a ser entediante. Mas Clara… Clara era diferente. Ela não se curvou, não tentou me impressionar, não cedeu ao meu charme imediato. Profissional, fria e impecavelmente contida, ela havia conseguido o que nenhuma outra mulher conseguiu: acender uma obsessão silenciosa e perigosa em mim.

O carro deslizou lentamente pelo tráfego apressado da Quinta Avenida. Minha mão segurava o volante com firmeza, mas a outra não parava de mexer no celular. Não podia esperar. Não podia ignorar o que aquela mulher havia feito comigo. Ela me desafiou sem saber, e eu jamais deixaria um desafio sem resposta.

Peguei o telefone e disquei o número de Matteo, meu gerente na Maison Bianchi. A voz dele soou nervosa antes mesmo de atender:

— Senhor Lorenzo…

— Matteo — cortei, a voz baixa, fria, carregada de autoridade — arrume o número da funcionária que me atendeu na loja agora mesmo.

Houve uma pausa do outro lado. Ele pigarreou, tentando encontrar palavras, mas hesitou.

— Senhor… isso não é… normal.

— Matteo. — repeti, agora firme, quase impondo presença através da linha — minha palavra é uma só. Trate disso imediatamente.

Matteo suspirou, mas sabia que não tinha escolha. Ele não poderia desobedecer. Minutos depois, voltou a me ligar, ainda um pouco tenso:

— Senhor… já tenho o número dela.

— Bom. Envie para mim imediatamente.

Segurei o telefone com força, sentindo a tensão aumentar dentro do peito. Cada segundo de espera era agonizante, mas ao mesmo tempo deliciosamente doloroso. Clara havia deixado uma marca, e eu não tolerava a ideia de simplesmente esperar que o destino cruzasse nossos caminhos novamente. Eu criaria a situação. Eu faria com que ela me notasse — não como mais um cliente, mas como alguém que não poderia ser ignorado.

Assim que o número de Clara surgiu na tela, estacionei o carro. O tráfego passava ao meu redor, os buzinaços, o barulho das motos, o som de Manhattan pulsando; mas nada disso me tocava. Minha atenção estava totalmente nela. Digitei a mensagem com cuidado, cada palavra escolhida para transmitir admiração, interesse e controle, mas sem transparecer qualquer desespero.

> “Clara, não poderia deixar de dizer que foi um prazer ser atendido por você hoje. Sua atenção, profissionalismo e elegância foram incomparáveis. Espero que possamos nos encontrar novamente. — L.”

Enviei sem hesitar. O celular em minha mão era uma extensão da minha vontade, e cada minuto que passou depois disso foi uma eternidade silenciosa. Fiquei ali, imóvel, sentindo o carro como se fosse uma cápsula separada do mundo, cada batida do meu coração ressoando mais alto do que qualquer buzina lá fora.

Os minutos se arrastaram com uma lentidão irritante. Cada sinal vermelho parecia zombar de mim, cada motorista que acelerava fazia meu sangue ferver com a impaciência. Eu não costumava esperar. Nunca. Mas Clara… Clara me obrigava a isso. Ela me impunha um ritmo próprio, um controle que eu não estava disposto a ceder.

Então, finalmente, o telefone vibrou. Uma notificação, uma resposta. Li com rapidez, quase sem fôlego, e o que encontrei provocou uma reação instantânea, visceral:

> “Onde conseguiu meu número, senhor? Por favor, não misture as coisas. — C.”

Meu corpo estremeceu com a mistura de surpresa e fúria. Cada palavra dela era um desafio lançado diretamente em meu rosto. Como ela ousava? Quem era ela para questionar meus métodos, minha autoridade, meu direito de fazer o que eu quisesse quando quisesse? Minha respiração ficou mais pesada, o peito parecia preso por um aperto invisível, e minha mão direita agarrou o volante com força suficiente para sentir os nós dos dedos ficarem brancos.

Fúria. Sim, fúria controlada, mas intensa, ardente. Um tipo de raiva que só surge quando alguém se atreve a desafiar meu poder — e Clara havia feito exatamente isso. Ela não se curvou, não se dobrou diante da minha presença, e ainda assim havia me fascinado ao ponto de eu desejar mais. Queria fazê-la reconhecer que, mesmo fria e profissional, não poderia ignorar quem eu sou.

Fechei os olhos por um instante, respirando fundo, tentando transformar aquela fúria em estratégia. Eu não reagiria de forma impulsiva — Clara merecia que eu jogasse o jogo com inteligência. Mas a raiva, a frustração deliciosa de ser desafiado, estava lá, queimando em cada fibra do meu corpo.

Abri os olhos e encarei a rua. Cada pedestre, cada carro, parecia irrelevante. Nada importava além daquela pequena tela em minha mão, além da resposta direta e contida de Clara. Ela havia estabelecido as regras, e agora eu precisava encontrar uma maneira de quebrá-las sem destruir a elegância do momento.

Minha mente começou a traçar possibilidades: uma nova visita à Maison Bianchi, um encontro casual planejado como se fosse coincidência, uma demonstração sutil de poder e controle que a obrigasse a me encarar de maneira diferente. Ela não poderia ser tratada como qualquer outra mulher. Clara era diferente, e eu precisava que essa diferença se tornasse minha obsessão consumada.

Revirei os olhos, frustrado, mas também excitado. O desafio que ela representava me lembrava daquilo que eu sentia apenas quando estava realmente vivo: a caça, o jogo, o poder em movimento. Clara não era apenas uma funcionária; ela era o espelho do meu próprio desejo de controle, e agora eu estava determinado a conquistá-la, não importa quanto tempo levasse.

Segurei firme o telefone, olhando novamente para a mensagem dela. As palavras, curtas e precisas, haviam acendido um fogo que não se apagaria com desculpas ou paciência. Cada ponto final dela era um lembrete de que eu não podia simplesmente fazer as coisas do meu jeito. Eu precisava ser estratégico, silencioso e letal — do mesmo jeito que sempre fui, mas agora com uma nova obsessão.

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