Mundo ficciónIniciar sesiónO dia amanheceu e eu já estava pronto para partir. Minha mãe, desapontada pela forma como tratei Sofia e o pai dela, preferiu sair para não se despedir. Meu pai me acompanhou até a pista, e depois de um breve abraço, embarquei.
A viagem foi tranquila, e assim que pisei em Nova York, fui direto para o mesmo hotel de sempre — um lugar que já se tornara uma espécie de refúgio. Enquanto observava o movimento pela janela, pensei em Clara. Eu queria contar a ela quem eu realmente era. Talvez, pela primeira vez, eu quisesse algo que fosse além de uma noite. Quando o fim da tarde se aproximou e o sol dourava os prédios, decidi ir até a loja. Queria vê-la, mesmo que por alguns minutos. Vesti um terno escuro, entrei no carro e segui. Ao chegar, estacionei em frente à vitrine e, através do vidro, vi Clara. Ela atendia um homem de cerca de cinquenta anos, visivelmente alterado, gesticulando e levantando a voz. O sangue ferveu em minhas veias. Antes que ela me notasse, caminhei decidido até eles. — Ponha-se para fora daqui agora mesmo — falei firme, colocando-me diante de Clara. — Por favor, Lorenzo, podemos resolver isso — ela pediu aflita, tentando conter a situação. — Saia, ou eu mesmo o coloco para fora. As funcionárias olhavam assustadas — quem seria aquele homem para levantar a voz dentro da loja? Matteo saiu de seu escritório e, com expressão tensa, ordenou: — Tirem esse homem daqui. Os seguranças o retiraram, e Clara, já chorando, mal conseguia falar. — Clara, já deu o seu horário. Pode ir — disse Matteo, num tom mais brando. A levei até o carro que aguardava em frente à loja. Ela tremia. — Você não devia ter feito isso, Lorenzo... Se eu perder esse emprego, eu não sei o que vou fazer. — Sua voz embargou. — Eu não posso ser demitida. Não agora. — Você não vai perder o emprego, Clara. — respondi, seguro. — Eu vim te buscar. Quero que vá comigo pro hotel. — Lorenzo... — ela hesitou — não sei se é uma boa ideia. — Vai ser bom pra você. Pra distrair. Após alguns segundos, ela concordou. Ligou para uma amiga avisando que dormiria fora. O trajeto até o hotel foi silencioso. Clara observava as luzes da cidade, o olhar distante. Ao entrar no quarto, ela se mostrou impressionada com o ambiente — o luxo discreto, o perfume amadeirado, o toque do mármore e do linho. — Deve custar uma fortuna por noite — murmurou, sem perceber que falava em voz alta. — O quê? — perguntei, sorrindo. — Nada — respondeu, disfarçando. — Só... o que você faz aqui, Lorenzo? Um brasileiro em Nova York... trabalha com o quê? Sorri novamente. Eu queria contar, mas ainda não era o momento. Clara não quis descer para jantar. Disse que não tinha roupas adequadas, e eu achei graça — ela estava linda, mesmo com a simplicidade do seu vestido. Pedi o jantar no quarto. Enquanto brindávamos com vinho, o entardecer deu lugar à noite. Da sacada, a vista era um espetáculo — o horizonte coberto de luzes, o reflexo dourado nos arranha-céus, o murmúrio distante da cidade que nunca dorme. Clara se aproximou. Havia algo diferente nela — uma calma que me desarmava. Nos beijamos sob o vento frio de Nova York. Ela, na ponta dos pés, segurava meu pescoço; eu, tomado por um impulso que desconhecia, a envolvia pela cintura. E ali, por um instante, o mundo pareceu caber entre nossos corpos. Coloquei Clara em meus braços e a levei até a cama. Ela me olhava como se tentasse compreender o que estava acontecendo entre nós — como se o próprio instante a surpreendesse. Aproximei-me, e nossos lábios se encontraram novamente, num beijo lento, profundo, cheio de tudo o que as palavras não conseguiam dizer. Meus dedos percorriam a sua pele, e cada toque parecia despertar algo novo, uma mistura de entrega e medo. Clara suspirou, e por um breve momento, desviou o olhar — talvez lutasse contra a razão, mas o corpo dela já respondia ao meu. A respiração se misturava, o quarto mergulhou em silêncio, e apenas o som do vento lá fora atravessava as cortinas. Naquela noite, não havia pressa. Era como se o tempo tivesse parado ali — entre o calor dos corpos e o desconhecido que começava a nascer entre nós. Já sem roupas, os seios de Clara pareciam me convidar enquanto ela cavalgava sobre mim. Eu ordenhava entre chupar e mordiscar; Clara gemia loucamente, e os meus gemidos estavam abafados agora pelo seu peito. Eu estava gozando junto a Clara, que grunia sobre mim, seu peito em minha boca e meu membro dando as últimas pulsadas dentro dela. Sempre fui cauteloso — em tudo. Nos negócios, nas escolhas, até mesmo nas relações. Mas com Clara... tudo parecia diferente. Natural. Como se o tempo e o mundo tivessem deixado de existir por algumas horas. Não lembrávamos de nos prevenir. Mas, naquele instante, nada mais importava. Deitados, Clara falava do Brasil — a voz suave, quase um sussurro contra o meu peito. Contava da saudade de casa, das ruas, do cheiro do café pela manhã. Disse que, por enquanto, não poderia voltar. Perguntei o motivo, mas percebi o desconforto em seu olhar. Então calei-me. Apenas a abracei mais forte, sentindo o calor do seu corpo e o ritmo tranquilo da sua respiração. Seus cabelos ruivos caíam sobre mim como fios de fogo e ternura. E, por um instante, tive a sensação de que o mundo inteiro cabia ali — entre nós dois. Acabei adormecendo com ela sobre o meu peito. No meio da madrugada, o som do telefone cortou o silêncio do quarto. Tentei ignorar, mas a insistência era tanta que não tive escolha. Levantei-me devagar, com cuidado para não acordá-la. Ela dormia profundamente — talvez efeito do vinho, talvez do cansaço, ou da paz que parecia finalmente ter encontrado. Peguei o telefone.






