CAPÍTULO 07

O dia amanheceu e eu já estava pronto para partir. Minha mãe, desapontada pela forma como tratei Sofia e o pai dela, preferiu sair para não se despedir. Meu pai me acompanhou até a pista, e depois de um breve abraço, embarquei.

A viagem foi tranquila, e assim que pisei em Nova York, fui direto para o mesmo hotel de sempre — um lugar que já se tornara uma espécie de refúgio.

Enquanto observava o movimento pela janela, pensei em Clara. Eu queria contar a ela quem eu realmente era. Talvez, pela primeira vez, eu quisesse algo que fosse além de uma noite.

Quando o fim da tarde se aproximou e o sol dourava os prédios, decidi ir até a loja. Queria vê-la, mesmo que por alguns minutos.

Vesti um terno escuro, entrei no carro e segui. Ao chegar, estacionei em frente à vitrine e, através do vidro, vi Clara. Ela atendia um homem de cerca de cinquenta anos, visivelmente alterado, gesticulando e levantando a voz. O sangue ferveu em minhas veias. Antes que ela me notasse, caminhei decidido até eles.

— Ponha-se para fora daqui agora mesmo — falei firme, colocando-me diante de Clara.

— Por favor, Lorenzo, podemos resolver isso — ela pediu aflita, tentando conter a situação.

— Saia, ou eu mesmo o coloco para fora.

As funcionárias olhavam assustadas — quem seria aquele homem para levantar a voz dentro da loja?

Matteo saiu de seu escritório e, com expressão tensa, ordenou:

— Tirem esse homem daqui.

Os seguranças o retiraram, e Clara, já chorando, mal conseguia falar.

— Clara, já deu o seu horário. Pode ir — disse Matteo, num tom mais brando.

A levei até o carro que aguardava em frente à loja. Ela tremia.

— Você não devia ter feito isso, Lorenzo... Se eu perder esse emprego, eu não sei o que vou fazer. — Sua voz embargou. — Eu não posso ser demitida. Não agora.

— Você não vai perder o emprego, Clara. — respondi, seguro. — Eu vim te buscar. Quero que vá comigo pro hotel.

— Lorenzo... — ela hesitou — não sei se é uma boa ideia.

— Vai ser bom pra você. Pra distrair.

Após alguns segundos, ela concordou. Ligou para uma amiga avisando que dormiria fora.

O trajeto até o hotel foi silencioso. Clara observava as luzes da cidade, o olhar distante. Ao entrar no quarto, ela se mostrou impressionada com o ambiente — o luxo discreto, o perfume amadeirado, o toque do mármore e do linho.

— Deve custar uma fortuna por noite — murmurou, sem perceber que falava em voz alta.

— O quê? — perguntei, sorrindo.

— Nada — respondeu, disfarçando. — Só... o que você faz aqui, Lorenzo? Um brasileiro em Nova York... trabalha com o quê?

Sorri novamente. Eu queria contar, mas ainda não era o momento.

Clara não quis descer para jantar. Disse que não tinha roupas adequadas, e eu achei graça — ela estava linda, mesmo com a simplicidade do seu vestido. Pedi o jantar no quarto.

Enquanto brindávamos com vinho, o entardecer deu lugar à noite. Da sacada, a vista era um espetáculo — o horizonte coberto de luzes, o reflexo dourado nos arranha-céus, o murmúrio distante da cidade que nunca dorme.

Clara se aproximou. Havia algo diferente nela — uma calma que me desarmava.

Nos beijamos sob o vento frio de Nova York.

Ela, na ponta dos pés, segurava meu pescoço; eu, tomado por um impulso que desconhecia, a envolvia pela cintura.

E ali, por um instante, o mundo pareceu caber entre nossos corpos.

Coloquei Clara em meus braços e a levei até a cama.

Ela me olhava como se tentasse compreender o que estava acontecendo entre nós — como se o próprio instante a surpreendesse.

Aproximei-me, e nossos lábios se encontraram novamente, num beijo lento, profundo, cheio de tudo o que as palavras não conseguiam dizer.

Meus dedos percorriam a sua pele, e cada toque parecia despertar algo novo, uma mistura de entrega e medo.

Clara suspirou, e por um breve momento, desviou o olhar — talvez lutasse contra a razão, mas o corpo dela já respondia ao meu.

A respiração se misturava, o quarto mergulhou em silêncio, e apenas o som do vento lá fora atravessava as cortinas.

Naquela noite, não havia pressa.

Era como se o tempo tivesse parado ali — entre o calor dos corpos e o desconhecido que começava a nascer entre nós.

Já sem roupas, os seios de Clara pareciam me convidar enquanto ela cavalgava sobre mim. Eu ordenhava entre chupar e mordiscar; Clara gemia loucamente, e os meus gemidos estavam abafados agora pelo seu peito. Eu estava gozando junto a Clara, que grunia sobre mim, seu peito em minha boca e meu membro dando as últimas pulsadas dentro dela.

Sempre fui cauteloso — em tudo. Nos negócios, nas escolhas, até mesmo nas relações. Mas com Clara... tudo parecia diferente. Natural. Como se o tempo e o mundo tivessem deixado de existir por algumas horas.

Não lembrávamos de nos prevenir.

Mas, naquele instante, nada mais importava.

Deitados, Clara falava do Brasil — a voz suave, quase um sussurro contra o meu peito. Contava da saudade de casa, das ruas, do cheiro do café pela manhã.

Disse que, por enquanto, não poderia voltar.

Perguntei o motivo, mas percebi o desconforto em seu olhar. Então calei-me.

Apenas a abracei mais forte, sentindo o calor do seu corpo e o ritmo tranquilo da sua respiração.

Seus cabelos ruivos caíam sobre mim como fios de fogo e ternura.

E, por um instante, tive a sensação de que o mundo inteiro cabia ali — entre nós dois.

Acabei adormecendo com ela sobre o meu peito.

No meio da madrugada, o som do telefone cortou o silêncio do quarto.

Tentei ignorar, mas a insistência era tanta que não tive escolha.

Levantei-me devagar, com cuidado para não acordá-la.

Ela dormia profundamente — talvez efeito do vinho, talvez do cansaço, ou da paz que parecia finalmente ter encontrado.

Peguei o telefone.

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