CAPÍTULO 04

Após o beijo, Clara se afastou levemente, o rosto levemente corado, e murmurou:

— Isso não deveria ter acontecido…

Sorri por dentro, entendendo perfeitamente o efeito que eu provocava nela. Sem dizer mais nada, dispensamos a sobremesa e saímos do restaurante. Durante o trajeto de volta, o silêncio dominava o carro, carregado de tensão. Cada detalhe dela, cada gesto, cada suspiro parecia ecoar em meus ouvidos.

Quando desliguei o carro em frente ao prédio simples onde Clara morava, ela me olhou, hesitante. A luz fraca da rua refletia nos seus olhos, tornando-os ainda mais intensos, misteriosos.

Não resisti. Inclinei-me em sua direção e toquei seus lábios novamente, mas desta vez o beijo foi diferente: ardente, urgente, carregado de desejo contido. Coloquei minhas mãos em sua cintura, aproximando-a ainda mais de mim, sentindo cada curva do seu corpo colado ao meu.

Dentro do carro, o espaço parecia pequeno demais para tanta intensidade. Senti a respiração dela acelerar, e cada segundo daquele beijo me dizia que as barreiras entre nós haviam desaparecido, mesmo que momentaneamente. Era perigoso, excitante, impossível de ignorar.

Quando finalmente nos separamos, nossos olhares permaneceram conectados, carregados de promessas silenciosas.

Desci do carro, abrindo a porta para Clara. Assim que ela estava fora, não resisti e a beijei novamente. Um beijo mais longo, cheio de proximidade e conexão.

— Quando posso te ver novamente? — perguntei, envolvendo-a em um abraço firme, sentindo o calor do corpo dela junto ao meu.

Ela se afastou levemente, dando-me apenas um pequeno sorriso antes de responder:

— Em breve.

Sem dizer mais nada, virou-se e caminhou para a porta do prédio. Fiquei encostado no carro, observando cada passo dela, cada gesto contido, até que entrou e a porta se fechou atrás dela.

Voltei para o hotel com uma chama acesa no peito, um desejo que eu ainda não sabia controlar. Era a primeira vez que saía com uma mulher para apenas… "jantar". E, no entanto, tudo na noite parecia carregado de uma intensidade que nenhum jantar comum poderia explicar.

No bar do hotel, eu me sentava sozinho, observando a cidade através das enormes janelas de vidro. Um drink na mão, mas a mente distante. O celular vibrava de tempos em tempos, mas nenhuma mensagem era de Clara.

Havia apenas algumas mensagens de Beatriz, uma mulher portuguesa com quem eu havia ficado algumas vezes, sem qualquer compromisso sério. Ela se oferecia para vir até meu quarto, já que estava em Nova York, mas naquele momento eu não podia. Nada daquilo importava agora.

O pensamento em Clara, em seus olhos, em seu beijo, não saía da minha cabeça. Ela era diferente de todas as outras — e esse simples fato me queimava por dentro.

Após terminar o drink, deixei a taça sobre o balcão, paguei discretamente e subi para o quarto. A cidade continuava pulsando lá fora, mas eu precisava de silêncio. Deitar-me na cama foi quase um alívio. Fechei os olhos e deixei que a lembrança dela me dominasse, a chama acesa em meu peito queimando silenciosa enquanto o sono finalmente me levava.

Acordei com o telefone do quarto tocando.

— Senhor Bianchi, desculpe incomodar… — a voz da portaria soava hesitante — mas a senhorita Beatriz está aqui e disse que o senhor a aguarda.

Fiquei confuso por alguns segundos, mas deixei que ela subisse até o meu quarto.

Assim que batiam as últimas batidas, abri a porta e vi Beatriz parada ali. Loira, olhos azuis, elegante e bonita.

— O que faz aqui a essa hora, Beatriz? — perguntei, a voz contida, tentando decifrar sua presença.

Ela tentou se aproximar, estendendo os braços para um abraço. Mas minha postura fria a contendeu:

— Não deveria ter vindo até aqui. Nós não temos nada — falei firmemente.

— Mas eu achei que… — começou, hesitando.

— Você achou errado, Beatriz. Gostamos de transar. Apenas isso — cortei suas palavras com frieza.

Meus modos foram mais duros do que eu gostaria, e pude ver a raiva se formar em seus olhos. Mas já era madrugada; não podia simplesmente mandá-la embora sozinha.

Liguei para a recepcionista e pedi que chamasse um táxi para ela.

— É isso mesmo, Lorenzo? — perguntou Beatriz, pegando a bolsa que havia jogado no chão, a indignação ainda visível.

— No momento, sim — respondi, abrindo a porta para que ela saísse.

Ela saiu silenciosa, e eu voltei para a cama, já sem sono. A confusão daquela madrugada pairava no ar, mas minha mente não conseguia parar de pensar em algo que realmente importava… Clara.

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP
Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP