Tudo que o Gelo Esconde

Tudo que o Gelo EscondePT

Romance
Última atualização: 2025-11-07
Maysa Rezende  Atualizado agora
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Índice

Elara Quinn jurou que nunca mais deixaria um homem atrapalhar sua carreira. Mas o destino tem um senso de humor duvidoso — e agora ela vai dividir o teto com Asher DeLuca, o jogador de hóquei mais insuportavelmente atraente do campus. Ela é disciplinada, controlada e com fama de difícil. Ele é o caos em pessoa — sarcástico, provocador e dono de um sorriso que deveria vir com aviso de perigo. O plano era simples: coexistir até o fim da temporada. Mas quando o gelo entre os dois começa a derreter, a linha entre ódio e desejo se torna perigosamente fina. E o que antes era implicância vira algo que nenhum dos dois sabe como lidar. Porque, às vezes, o inimigo que você mais odeia... é o único capaz de te tirar do chão.

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Capítulo 1

Elara

Atrasada.

Pela quinta vez nesta semana, estou vinte minutos atrasada para o treino da manhã. Graças ao meu adorável vizinho, Sr. Malone, que de novo estacionou o lindo Impala 67 dele atrás do meu carro. Eu juro que não entendo o que se passa na cabeça desse homem — ele sabe que eu saio às cinco e meia em ponto. Sou a primeira a sair desse maldito condomínio todos os dias. Parece que faz de propósito.

É claro que faz de propósito. Ou você acha que o vazamento no apartamento dele ia sair barato?, diz minha voz interior.

Como se a infiltração do meu apartamento descendo pro dele fosse culpa minha. Não tenho culpa de o prédio ser mal construído e agora ter mais mofo do que parede

Ao entrar no estacionamento do ginásio de patinação e hóquei da Universidade de Hastings, avisto a Mercedes do Nicolás ao lado da Hilux da treinadora Moreau. Ótimo. Sermão duplo.

Estaciono meu Mini Cooper, pego a bolsa e corro pra dentro. Mal passo pela porta principal e já sou recebida com a mais pura mistura de raiva e decepção estampada no rosto da treinadora.

— Sério, Quinn? Vinte e cinco minutos atrasada de novo! — esbraveja ela, cruzando os braços sobre o peito.

— Veja pelo lado bom, Sra. Moreau, pelo menos ela veio — provoca Nicolás, com aquele sorriso irônico. Claramente lembrando que ontem eu nem consegui sair de casa, já que o carro do Sr. Malone só foi movido às oito da manhã.

— Desculpa, treinadora, o carro do meu vizinho... — começo.

— Não quero saber das suas desculpas, Quinn. Quero comprometimento e disciplina. Como espera chegar às finais do regional desse jeito? Quer repetir o fiasco do ano passado?

— Nem ferrando! Desculpa mesmo, não vai se repetir. Vou chegar no horário na segunda, eu prometo.

— Assim espero. Você tem muito talento, Ellie. Não deixe nada te atrapalhar — ela suaviza o tom. — Nem mesmo um vizinho maluco.

Abaixo a cabeça e respiro fundo. Ela está certa. Stanley Malone é a minha pedra no sapato e eu preciso dar um jeito nisso logo.

— Anda, coloca os patins e vai pro gelo. Só temos mais uma hora de treino.

O resto da manhã correu bem. Modéstia à parte, hoje eu estava excepcional. Todos os saltos perfeitos, as viradas suaves. Nicolás, por outro lado, errou várias vezes a coreografia — o que é curioso, vindo de quem me criticou por chegar atrasada.

Nic é meu parceiro de patinação há quase cinco anos. Começamos no início do ensino médio e conseguimos uma bolsa juntos na prestigiada Universidade de Hastings — uma das principais da Ivy League e referência em Patinação Artística no Gelo. Nossa treinadora, Vivianne Moreau, dispensa apresentações: sete vezes medalhista nacional, cinco vezes campeã mundial, quatro medalhas olímpicas e dona de seis troféus regionais só pela UH.

Ela é a melhor — e, de acordo com ela mesma, nos escolheu pessoalmente porque éramos os melhores.

Éramos.

Perder o regional do ano passado destruiu nossa confiança — e a dela na gente.

— Se você continuar chegando atrasada, não vamos nem pras oitavas esse ano — diz Nic, entre irritado e desanimado.

— Cara, às vezes parece que você nem gosta de mim. Eu te expliquei o que aconteceu e, mesmo assim, você age como se eu estivesse tentando te sabotar. Quando nós dois sabemos que o único que se sabota aqui…é você!

— O que você quer dizer com isso? — ele rebate, já nervoso.

— Ah, por favor, Nic. Está escancarado “RESSACA” na sua testa, com letras maiúsculas e brilhantes — digo, desenhando o letreiro imaginário no ar.

— Você acha que a treinadora percebeu? — pergunta ele, com cara de pânico.

— Claro que percebeu. Principalmente depois daquele tropeço ridículo no meio do forward gliding. Sério, o que foi aquilo?

— Foi mal... os caras da aula de economia me chamaram para um after depois da aula e... acabou saindo do controle — confessa, indo se sentar no banco de reservas.

— Tudo bem, só não age feito um babaca comigo porque tá com dor de cabeça.

Ele sorri de lado, exibindo a covinha na bochecha esquerda. Apesar do jeito passivo-agressivo, nos damos bem. Nossa parceria e sintonia no gelo sempre falam mais alto do que qualquer briga.

De repente, o som de vozes e risadas começa a ecoar do portão. Ótimo. O time de hóquei chegou. Sempre saímos antes deles, mas hoje parece que o universo quis testar minha paciência.

O primeiro a passar pela porta é o goleiro do time, Adam Keller. Diferente da maioria, esse eu gosto. Sentamos juntos em Psicologia Social e ele é um fofo — sempre me cumprimenta no campus.

Atrás dele vem o resto da defesa, rindo e se empurrando, como se socos fossem demonstrações de afeto.

— Olha só, os trogloditas. Tão brutos e lindos — comenta Nic, com tom teatral.

— Às vezes eu esqueço que você é bi. Eles até podem ser lindos...

E gostosos — completa ele, sorrindo.

Reviro os olhos.

— Mas são extremamente arrogantes e metidos.

E como se o universo adorasse ironias, quem aparece na porta logo em seguida é o próprio rei da arrogância: Asher DeLuca. Capitão do time, astro da faculdade, galinha de carteirinha e, pra piorar, irritantemente bonito.

Mesmo sem gostar dele, não dá pra negar — o cara é um deus grego. Uns 1,90 de altura, olhos verdes, cabelo castanho levemente ondulado, barba por fazer, pele bronzeada e um corpo de capa de revista.

— Esse cara é um deus grego, sério. Deus tem mesmo seus preferidos — diz Nic, praticamente babando.

— Ele é superestimado. Um cara desses ou é burro, ou tem o pinto pequeno — digo, rindo.

— Agora eu entendi por que tiro nota baixa em anatomia: meu pau é o problema — escuto uma voz atrás de mim.

Reviro os olhos e me viro. Óbvio. Ele.

— Ou talvez seja o seu ego tão grande que não sobra espaço pra mais nada, DeLuca.

— Da próxima vez que quiser saber o tamanho do meu pau, Quinn, é só pedir. Te mostro com o maior prazer. Pode escolher: ao vivo ou por foto — diz ele, com aquele sorriso presunçoso.

— Só nos seus sonhos. — Me viro pra Nic. — Valeu pelo treino de hoje, mas tenho coisa mais importante pra fazer do que ouvir delírios de um idiota.

Pego minha bolsa, jogo no ombro e caminho até a porta.

— Me manda mensagem mais tarde que eu te mando aquela foto, linda! Só não explana — ele grita, rindo.

Levanto o dedo do meio sem olhar pra trás.

Babaca.

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