Mundo ficciónIniciar sesiónHelena acreditava que o amor era algo que se podia cultivar. Quando aceitou o casamento arranjado com Alexander Whitford — um acordo entre duas famílias poderosas para salvar os negócios da dele —, ela alimentava a esperança de que, com o tempo, ele também passaria a amá-la. Muitas vezes, se contentava com migalhas de atenção, sorrindo só por estar ao seu lado. Mas tudo desmorona com o retorno de Isabelle, a antiga paixão de adolescência de Alexander. O pouco de afeto que restava desaparece, dando lugar à frieza, ao desprezo… e à crueldade. Traída, humilhada e marcada por uma perda devastadora, Helena se vê afundada em um abismo de dor. Até que Adrian Sinclair — um médico envolto em mistérios e cicatrizes próprias — cruza seu caminho. Ele não apenas enxerga sua dor, como desperta nela algo que estava adormecido: a coragem. Agora, com o coração endurecido e a alma em reconstrução, Helena está pronta para reescrever sua história. E quem um dia a viu como fraca, vai descobrir do que ela é capaz.
Leer másO teatro estava lotado. Helena nos bastidores, vestido branco longo, cabelo solto em ondas suaves, a pulseira da mãe brilhando no pulso. O coração batia tão forte que parecia querer sair do peito.Maxwell apareceu na porta do camarim, olhos marejados.— Minha filha… — sussurrou, abraçando-a forte. — Você está linda. Sua mãe ficaria radiante vendo isso. Eu sinto ela em cada canto desse teatro. Vai lá e mostra para todo mundo quem você é.Helena sorriu e beijou a bochecha dele.— Vou dar o meu melhor. Prometo.Quando as cortinas se abriram, o silêncio foi absoluto. Primeiro, ela varreu as primeiras fileiras com o olhar, na esperança de ver Adrian, mas a única pessoa que viu foi Alexander.Ele a olhava fixamente, como se estivesse contemplando a mais bela visão do mundo, mas não era esse olhar que ela queria. Não o dele. Não mais. Helena desviou o olhar, respirou fundo e ergueu o violino. E tocou.Primeiro ela começou com uma música que era de sua mãe. Queria fazer uma homenagem. Depois
O aeroporto estava quase vazio àquela hora da manhã. Helena e Adrian caminhavam de mãos dadas pelo corredor de embarque, passos lentos, como se cada metro fosse uma negociação com o tempo. Ao lado de Adrian, Daniel caminhava calado, sentindo o peso que seria aquela despedida para o amigo.Ela vestia um suéter bege, cabelo solto, olhos vermelhos de quem chorou a noite inteira. Mas havia prometido que tentaria não chorar naquele aeroporto.Ele puxava a mala de rodinhas, camiseta preta, barba por fazer, o olhar que não desgrudava dela.Os três pararam em frente ao portão de embarque. Última chamada ecoando ao fundo. Helena respirou fundo, tentou sorrir.— Você vai perder o voo se continuar enrolando.— Que perca — ele respondeu, a puxando para mais perto. — Não estou com pressa de te deixar.Ela riu, mas o riso não tinha alegria.— Vai, Adrian. Seus negócios e Nova York estão esperando.Ele segurou o rosto dela com as duas mãos, polegares acariciando as bochechas.— Eu volto — disse, voz
Helena se levantou, não conseguindo mais esconder seu nervosismo.— Por acaso você veio aqui terminar tudo? Por isso está assim, nervoso?— Não. — Adrian se levantou e respondeu quase imediatamente. — Não vim aqui com a intenção de terminar, mas também não sei qual vai ser a sua reação com tudo isso.— Minha reação?— Sim, Helena. Eu já disse que não planejei me apaixonar quando vim para Oxford. O plano era apenas acabar com a Isabelle e depois ir embora, mas as coisas mudaram quando eu te conheci e acabei me apaixonando por você.— Então o que você está tentando dizer, Adrian? Seja claro.— Eu não sei quanto tempo vou ter que ficar em Nova York. Pode ser uma semana, como também pode levar meses. Helena, eu preciso arrumar uma maneira de poder fazer as coisas daqui se eu quiser ficar com você, porque imagino que mudar para Nova York não faz parte dos seus planos.E realmente não fazia. Tudo e todos que ela amava estavam ali. Essa possibilidade jamais havia passado pela cabeça dela.He
Helena chegou em casa com o rosto iluminado, quase correndo escada acima.Edward estava na sala, lendo jornal, xícara de chá na mão. Quando a viu daquele jeito, largou tudo no sofá.— Pai! — ela praticamente gritou, abraçando-o forte. — Me convidaram para um concerto solo! Um concerto inteiro, só meu!Edward abriu um sorriso enorme, aqueles que só pais sabem dar.— Parabéns, minha filha! — abraçou-a de volta, beijando o topo da cabeça. — Você merece tudo isso que está acontecendo. Saiba que sua mãe ficaria orgulhosa… não, ela está orgulhosa de você.Helena se afastou um pouco, olhos brilhando.— Eu hesitei no começo, sabe? Pensei na empresa, na fisioterapia, no cansaço… mas aí me lembrei do que falei pra ela hoje no cemitério. Era o sonho dela pra mim. E é o meu também. Então aceitei. Dois meses. Dá tempo.Edward segurou o rosto dela com as duas mãos.— Dois meses é mais do que suficiente para quem tem seu talento. E a empresa? Vai dar conta?— Vou — respondeu, firme. — Vou organizar
Isabelle batia o pé no chão, os braços cruzados com força, os olhos faiscando impaciência. Aquela visita era a última coisa que queria.— Desembucha, Helena. O que veio fazer aqui? — cuspiu, a voz carregada de desprezo.Helena manteve o sorriso calmo, quase doce.— Vim ver com meus próprios olhos você colhendo exatamente o que plantou — respondeu, devagar. — E, pelo estado do seu rosto, já deve ter feito algumas amizades calorosas aqui dentro. A recepção foi boa?O hematoma roxo no canto da boca de Isabelle ficou mais visível quando ela apertou os lábios.— Você está gostando disso, não é? — rosnou. — Você mandou aquelas trogloditas me baterem.Helena descruzou as pernas, inclinou-se um pouco mais, chegando perto do vidro. O sorriso não saiu do rosto.— Estou gostando — confessou, voz baixa, quase íntima. — Você não tem ideia do quanto. Ver você assim me dá uma satisfação, um prazer… que eu nem sei explicar. Lembra da sua voz na ligação, enquanto eu estava no cativeiro? Aquele tom de
Helena continuou olhando para Alexander, sua paciência se esgotando. — E então, Alexander, onde está minha pulseira? — Antes, me prometa que vai me ouvir — ele pediu, sua voz quase suplicante. — Ainda acha que tem direito de querer barganhar comigo? — Não é barganha, Helena, mas um pedido. Pelos três anos que passamos juntos.Ela sorriu incrédula. Não sabia como ainda ficava surpresa. — Mesmo achando que vai gastar saliva à toa, eu escuto o que tem a dizer. Agora, onde ela está?Alexander engoliu em seco e apontou com a mão trêmula para a cômoda ao lado.— Está ali… nos meus pertences. Pode pegar.Ela foi até a cômoda e abriu a gaveta devagar, encontrou a pequena caixa de veludo azul, abriu e lá estava a pulseira com o pingente de nota musical que sua mãe usou, antes de dar a ela como presente. Helena pegou e a segurou entre os dedos, sentiu o peso leve, o metal encontrando sua pele e por um segundo os olhos marejaram. Não de tristeza, mas de alívio. Era como se a mãe estivesse a
Último capítulo