Plano revelado

Isabelle mantinha uma expressão de prazer perverso ao ver o terror tomar conta do rosto de Helena quando mencionou o bebê.

— Por quê, Isabelle? Por que está fazendo isso? — Helena perguntou, a voz trêmula, enquanto uma lágrima solitária escorria por seu rosto.

— Você ainda não entendeu que está no meu caminho? — Isabelle arqueou uma sobrancelha, com desdém. — Helena, você nunca foi insubstituível. O Alexander só tem olhos para mim. Seu maior erro foi achar que poderia tomar meu lugar no coração dele.

A dor ainda latejava no corpo de Helena, mas algo dentro dela se acendeu — não mais medo, mas fúria. Ela ergueu o olhar, firme, e decidiu que não sairia dali como vítima.

— Você se gaba tanto de ser dona do coração dele, mas já parou para pensar no que ele vai fazer quando descobrir que você mentiu durante todos esses anos?

Ela notou a mudança sutil na expressão de Isabelle. A segurança vacilou. Por um segundo, o sorriso arrogante desapareceu.

— Não sei do que você está falando. — Isabelle rebateu com desdém. — Mesmo que tente envenenar a cabeça dele contra mim, não vai funcionar. O Alexander sempre vai acreditar em mim.

— Tem certeza disso? — Helena perguntou, a voz mais firme. — Você se aproveitou da gratidão dele por achar que foi você quem o salvo. Mas nós duas sabemos a verdade.

O rosto de Isabelle empalideceu levemente. Sua confiança vacilou.

— Imagina só quando ele descobrir que foi enganado por todos esses anos — continuou Helena, encarando a câmera. — Que quem realmente salvou a vida dele fui eu. Que a gratidão que ele sente por você está construída sobre uma mentira.

Isabelle não respondeu, mas seu olhar mudou. Uma sombra de medo passou por seu rosto.

— E mais — Helena prosseguiu, com a voz embargada pela dor — quando ele descobrir que foi você quem orquestrou esse sequestro, que você mandou me tirar do caminho, mesmo grávida do filho dele, e pior, que por sua culpa eu perdi o nosso bebê.

A respiração de Isabelle falhou por um instante.

— Você não teme o que ele pode fazer quando souber de tudo?

Helena viu pela primeira vez, que Isabelle parecia abalada. A postura de segurança escorregava de seus ombros, e o medo começava a se infiltrar. Ainda assim, a voz dela não perdeu o veneno.

— Então é melhor mesmo você ir para o inferno de uma vez. Assim, ninguém mais poderá contar essa história — disse Isabelle com um sorriso cruel, deixando claro que não se importava se Helena não voltasse viva.

As duas estavam tão consumidas pela discussão que Helena não notou a troca de olhares entre os dois homens no cativeiro. Algo estava errado, mas ela ainda não havia percebido.

— Escreva o que estou dizendo, Isabelle — disse Helena, com a voz que transbordava raiva. — Um dia, você vai pagar por tudo o que fez. Vai receber o castigo que merece.

A chamada de vídeo foi encerrada sem aviso. As palavras de Helena ficaram no ar como uma sentença. Do outro lado da tela, Isabelle permaneceu imóvel por alguns segundos. A respiração se descompassou, e seu rosto perdeu a cor. Como estava no banheiro, apoiou-se na pia de mármore com as mãos trêmulas e encarou o próprio reflexo.

— E pensar que poderia ser eu naquele lugar — murmurou, o pavor evidente nos olhos. — Muito bem, Helena. Você sempre foi uma substituta. Então, nada mais justo do que me substituir nisso também.

Isabelle suspirou fundo, recompôs a expressão e ajeitou a postura antes de sair do banheiro. Caminhou com passos calculados até onde Alexander a esperava, como se nada tivesse acontecido.

Já no cativeiro, os dois sequestradores pareciam inquietos, trocando olhares incômodos. Um deles finalmente se abaixou diante de Helena e, com brutalidade, agarrou seu cabelo, puxando sua cabeça para trás.

— Quero que me responda sem nenhuma gracinha — rosnou ele. — Você é mesmo a esposa do Alexander, certo? Então me explica uma coisa. Por que parece que ela é mais importante pra ele do que você?

A pergunta atravessou Helena como uma lâmina. Talvez doesse ainda mais do que as pancadas que já havia levado. Ela fechou os olhos por um segundo, buscando fôlego mesmo com a dor aguda latejando em sua costela. Então, com a voz rouca, respondeu:

— Sim, eu sou a esposa. Mas a cúmplice de vocês, ela é quem está no coração do Alexander. — Abriu os olhos e o encarou com frieza. — Ela não contou isso a vocês?

Houve um momento de silêncio pesado.

— Me diz uma coisa… como vocês entraram nessa com ela? O que ela prometeu em troca? — completou Helena, encarando o homem.

A pergunta pareceu atingir um ponto sensível. O sequestrador franziu a testa e a soltou com um empurrão brusco, como se aquilo o tivesse irritado mais do que deveria. Helena notou que os sequestradores estavam inquietos, trocando olhares carregados de frustração. Aproveitou o momento de distração e prestou atenção à conversa tensa entre eles.

— Acha que aquela vagabunda nos enganou? — questionou um deles, a indignação evidente em sua voz.

— Ela escapou fácil demais — resmungou o outro. — Nosso plano era pegar ela. Foi com ela que vimos o Alexander pela última vez. Mas nos enrolou bonito. Disse que ele não se importava, que só amava a esposa, e que ajudaria a gente se deixássemos ela ir.

Helena sentiu o estômago revirar, mas, ao mesmo tempo, as peças começaram a se encaixar. Tudo fazia sentido agora. Isabelle havia usado sua própria vulnerabilidade como isca para escapar. E a deixado no lugar.

— Sinto muito informar, mas vocês foram enganados — disse Helena com a voz firme, ainda que o corpo dolorido ameaçasse ceder. — Ela usou vocês. E vai sumir assim que conseguir o que quer.

Os homens se entreolharam com raiva, como se a verdade tivesse sido um soco inesperado.

— Cale a boca! — rosnou um deles, avançando um passo. — Ou as coisas vão piorar para o seu lado.

— Façam o que quiserem… — ela murmurou, cansada, mas sem desviar o olhar. — Só não digam que eu não avisei.

O mais alto sacou o celular do bolso e digitou algo com rapidez.

— Vamos ligar para o seu marido agora. Ver se você é ou não importante para ele. Vamos ver se vale a pena te manter viva.

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