O aeroporto estava quase vazio àquela hora da manhã. Helena e Adrian caminhavam de mãos dadas pelo corredor de embarque, passos lentos, como se cada metro fosse uma negociação com o tempo. Ao lado de Adrian, Daniel caminhava calado, sentindo o peso que seria aquela despedida para o amigo.
Ela vestia um suéter bege, cabelo solto, olhos vermelhos de quem chorou a noite inteira. Mas havia prometido que tentaria não chorar naquele aeroporto.
Ele puxava a mala de rodinhas, camiseta preta, barba por fazer, o olhar que não desgrudava dela.
Os três pararam em frente ao portão de embarque. Última chamada ecoando ao fundo. Helena respirou fundo, tentou sorrir.
— Você vai perder o voo se continuar enrolando.
— Que perca — ele respondeu, a puxando para mais perto. — Não estou com pressa de te deixar.
Ela riu, mas o riso não tinha alegria.
— Vai, Adrian. Seus negócios e Nova York estão esperando.
Ele segurou o rosto dela com as duas mãos, polegares acariciando as bochechas.
— Eu volto — disse, voz