"— Ela não tem mais ninguém, Kate! Ela só tem a mim. Eu não podia simplesmente abandoná-la. — Besteira! — Katherine disparou, elevando a voz. — Você estava mentindo para mim! Se esgueirando com ela enquanto eu esperava por você como uma idiota! Eu te amava, Adônis! E você... — Amava? — ele a interrompeu, os lábios se curvando num sorriso irônico que gelou suas veias. — Não seja tão dramática, Katherine. As palavras foram como um tapa. Katherine prendeu a respiração, mas se recusou a ceder. — Dramática? Você me traiu! Você jogou fora tudo o que construímos por uma... por uma atriz decadente que precisava de um homem para resolver seus problemas. Fala a verdade Adônis! Você... me traiu não é? — A voz de Kate falhou, rouca de descrença e fúria. — Foi um erro. — disse ele, em voz baixa. — Uma recaída sem importância. — Kate soltou um suspiro trêmulo, mas antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, ele acrescentou: — Ela precisava de mim. — Então, mais frio: — E talvez se você não fosse tão obcecada pelo seu trabalho, teria percebido que eu também precisava de algo... " Katherine Morgan viu sua história de amor se desfazer em pedaços diante de seus olhos, ela estava cega demais, talvez confiante demais ou apaixonada demais para perceber as mudanças de seu noivo. A verdade é que estava óbvio, a realidade foi estampada na cara dela durante meses, só ela que não foi capaz de ver. Até ser tarde demais... Agora tudo o que ela podia pensar era em como dar a volta por cima. Mas, e se em meio a sua busca por vingança, encontrasse uma segunda chance?
Ler maisPhillip expirou lentamente ao sair do quarto de hospital de Katherine. Seus dedos permaneceram no batente da porta, relutantes em soltá-la. Mesmo com o bipe constante dos monitores atrás dele, a preocupação em seu peito se recusava a desaparecer. Ele cerrou o maxilar e pegou o telefone. — Ela não pode ficar sozinha. Venha aqui agora. — Já estou a caminho. — respondeu Josh. Passos ecoaram pelo corredor, chamando a atenção de Phillip. Caleb se aproximou, o celular ainda na mão, o que quer que ele tivesse acabado de descobrir não era bom. — O que foi? — Phillip perguntou, com a voz ríspida. Caleb parou bem na frente dele. Seu olhar se voltou para os pais de Phillip antes de falar. — O carro foi registrado como roubado há três dias. E o motorista estava mascarado. — Sabemos quem está por trás disso? A garganta de Phillip se contraiu enquanto ele hesitava por meio segundo. Então, com uma voz cheia de certeza, ele disse: — Emma. — Ela está viva. — confirmou Caleb. — O Daniel nos
Quando Phillip voltou ao hospital, suas pernas quase cederam. As paredes brancas se fecharam ao seu redor, o cheiro de antisséptico invadiu suas narinas. Os passos apressados das enfermeiras, o murmúrio distante de vozes, as luzes fluorescentes intensas, tudo era demais. Mas nada, nada comparado ao momento em que a viu.Katherine jazia ali, pequena e imóvel, a pele pálida contra os lençóis brancos. Fios e tubos a prendiam à vida, o bipe rítmico dos monitores era a única garantia de que ela ainda estava ali, ainda lutando.O corpo dele cedeu, desabando na cadeira ao lado da cama. Ele estendeu a mão para ela, fria e delicada, e a apertou como um homem se afogando. Sua cabeça se curvou, a testa pressionando os nós dos dedos dela, e a represa se rompeu.— Desculpe. — ele sussurrou, com a voz embargada. — Eu deveria ter estado lá. Desculpas jorravam de seus lábios, misturadas a orações e confissões desesperadas que ele jamais ousara dizer em voz alta. As horas se estendiam pela eternidade
O esconderijo de Daniel ficava no submundo da cidade, um sótão mal iluminado que cheirava a charutos, uísque e mofo. O tipo de lugar ideal para criminosos.Assim que Phillip, Eduardo e Caleb entraram, Daniel já os esperava. Estava sentado em uma poltrona de couro, elegante e simpática como um rei decadente em seu trono, com um copo de cristal girando preguiçosamente entre os dedos.— Ora, ora. — disse ele lentamente, os lábios se curvando num sorriso preguiçoso e perigoso. — A que devo o prazer?Phillip não diminuiu o passo. Avançou furioso, batendo as mãos sobre a mesa com força suficiente para fazer o vidro estremecer.— Quem fez aquilo? — a voz saiu áspera, carregada de raiva crua, prestes a transbordar.Daniel arqueou uma sobrancelha, indiferente.— Direto ao ponto. Sempre admirei isso em você.— Não tenho tempo pra joguinhos. — rosnou Phillip. — A Katherine quase morreu. Ou você fala agora... ou a gente muda o tom da conversa.Pela primeira vez, algo brilhou nos olhos de Daniel.
O som das sirenes rompeu a noite, mas Phillip mal as registrou por causa do som irregular de sua própria respiração. Suas mãos tremiam enquanto ele embalava o corpo inerte de Katherine, seu calor se esvaindo a cada segundo. Sangue, muito sangue, encharcando sua pele, suas roupas, o próprio ar ao seu redor. Parecia que o mundo sangrava com ela.— Fique comigo, querida. — ele engasgou, com a voz embargada pelo medo. — Por favor, Kate, só... só aguente firme.Os dedos dele pressionaram a bochecha dela, mas ela não se mexeu. Seus cílios tremeram, levemente, como se ela estivesse tentando lutar contra a escuridão que a arrastava para baixo.Um soluço quebrado escapou de sua garganta.— Não faça isso. — ele implorou. — Não me deixe.A voz de Eduardo cortou o caos, ríspida e desesperada.— Os paramédicos disseram que vão para o St. Andrews. Phillip... — O tom provocador habitual havia desaparecido, substituído por algo cru e desconhecido. Terror. — Encontro vocês lá. Vou trazer todo mundo, o
Katherine afundou no sofá macio, as pernas encolhidas sob o corpo. A luz do sol entrava pelas janelas amplas da propriedade dos Hastings, e o silêncio da casa oferecia um raro momento de paz, um que ela estava determinada a aproveitar.O celular vibrou. Uma chamada de vídeo de Eloise.Ela atendeu com um sorriso.— Por favor, me diga que você está ligando pra fofocar e não pra me dar outro sermão sobre meu bem-estar. — disse Katherine, já imaginando a risada atrevida da amiga.— Bem-estar é relativo, querida. — disse Eloise, erguendo uma taça fora de cena. — Mas não, hoje é só fofoca.Katherine riu, afundando ainda mais nas almofadas.— Vai, me distrai.— Conheci um tal de Rowan. Figurante do set, braços de deus grego, cérebro de planta.— A combinação perfeita.— Exato! Achei que podia relevar a dificuldade dele em soletrar "com certeza" se o abdômen valesse a pena. — Ela fez uma pausa. — Aí ele se autodenominou "empreendedor"... porque vende energéticos na garagem. Katherine fez uma
Outro pacote estava esperando por eles. Phillip mal notou os passos de Katherine atrás de si. O mundo havia se reduzido àquela pequena caixa repousando na soleira da porta, como uma maldição. A caixa era comum, simples… e completamente errada. — Mais um. — murmurou Katherine, o tom mais seco do que pretendia, não era o primeiro presente naquela semana. Eles tinham saído por apenas uma hora. Para fazer compras e tomar café. Phillip se abaixou devagar. A caligrafia era limpa. — É a mesma letra, não é? — Katherine apertou os sacos de papel com força, amassando-os. — Do pacote da gardênia e do bolo. Ele não respondeu. Apenas entrou com a caixa, em mãos. Na cozinha, o papelão rangia sob seus dedos. Então ele puxou a fita, lentamente. Dentro, envolta em papel de seda branco, havia uma fotografia.. Era ele e Emma. No lago. O verão dourado refletido no cabelo dela, o sorriso dele ainda inocente. Mas seu rosto fora riscado com tinta preta. — Phillip... — sussurrou Katherine, se apro
Último capítulo