"— Ela não tem mais ninguém, Kate! Ela só tem a mim. Eu não podia simplesmente abandoná-la. — Besteira! — Katherine disparou, elevando a voz. — Você estava mentindo para mim! Se esgueirando com ela enquanto eu esperava por você como uma idiota! Eu te amava, Adônis! E você... — Amava? — ele a interrompeu, os lábios se curvando num sorriso irônico que gelou suas veias. — Não seja tão dramática, Katherine. As palavras foram como um tapa. Katherine prendeu a respiração, mas se recusou a ceder. — Dramática? Você me traiu! Você jogou fora tudo o que construímos por uma... por uma atriz decadente que precisava de um homem para resolver seus problemas. Fala a verdade Adônis! Você... me traiu não é? — A voz de Kate falhou, rouca de descrença e fúria. — Foi um erro. — disse ele, em voz baixa. — Uma recaída sem importância. — Kate soltou um suspiro trêmulo, mas antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, ele acrescentou: — Ela precisava de mim. — Então, mais frio: — E talvez se você não fosse tão obcecada pelo seu trabalho, teria percebido que eu também precisava de algo... " Katherine Morgan viu sua história de amor se desfazer em pedaços diante de seus olhos, ela estava cega demais, talvez confiante demais ou apaixonada demais para perceber as mudanças de seu noivo. A verdade é que estava óbvio, a realidade foi estampada na cara dela durante meses, só ela que não foi capaz de ver. Até ser tarde demais... Agora tudo o que ela podia pensar era em como dar a volta por cima. Mas, e se em meio a sua busca por vingança, encontrasse uma segunda chance?
Ler maisA cidade pulsava ao seu redor, mas Katherine não sentia nada. Nenhum som, nenhum ar, apenas o zumbido estático da descrença sacudindo seus ossos. Os postes de luz lançavam um brilho dourado e fraco sobre o pavimento escorregadio, refletindo a imagem distorcida e retorcida do homem que ela amava há oito anos – seu Dony – ao lado de outra mulher.
Não era o fato de estar com alguém que a paralisava. Era o modo como ele a tocava. Como sussurrava algo que ela não podia ouvir, mas já conhecia. Aqueles gestos... tão íntimos, tão dele. Com as mãos cravadas nas laterais do casaco, Katherine permaneceu imóvel, observando. As mesmas mãos que antes a acolhiam nos dias difíceis agora repousavam sobre o corpo de outra. Os mesmos lábios que prometeram eternidade agora pertenciam a um presente que não incluía mais ela. Ela quis fugir, fechar os olhos, respirar. Mas o corpo se recusava a obedecer. O mundo girava ao seu redor, e ela afundava, lentamente, na dor muda de quem compreende o fim antes mesmo das palavras. O celular vibrou em sua mão, arrancando-a de seu transe. Uma mensagem. Dony: Kate, eu sei que prometi, mas surgiu um imprevisto de trabalho. É importante, precisamos fechar isso. Me desculpe, amor. Te compenso depois. Te amo. Volto pro café da manhã. Uma risada seca escapou de sua garganta. Um som estranho, áspero, desprovido de vida. Dezoito desculpas naquele mês. Dezoito vezes ele prometera. E agora, essa. Sobre a mesa da sala, o bolo de aniversário permanecia intocado. As velas derretidas escorrendo como lágrimas. Uma metáfora perfeita para mais uma noite passada sozinha. O celular apitou novamente, notificações de redes sociais. Quase por reflexo, ela abriu os stories. Felicitações de amigos, memórias antigas. Até que o último vídeo congelou seu sangue. Uma mulher sorridente, eufórica, filmava de dentro de um hospital. A legenda era simples, mas devastadora: “Mal posso acreditar. Estamos tão felizes. Que dia!” E então, a voz dele. Ao fundo. Baixa. Familiar. Inconfundível. Katherine apertou o celular com força. Os dedos tremiam. Um gosto amargo subiu por sua garganta. A próxima imagem era ainda pior — um vulto masculino, parcialmente borrado, mas dolorosamente reconhecível. Ela não precisava ver o rosto. Conhecia os detalhes, conhecia aquelas mãos. Um baque surdo. O telefone caiu no chão. A dor veio em ondas. Um soluço, seco e sufocante, rasgou-lhe o peito. Com os dedos trêmulos, discou o único número que fazia sentido naquele momento: a mãe de Dony. O telefone tocou. Uma vez. Duas. — Katherine? — a voz do outro lado de sua sogra estava trêmula, quase um sussurro. — Não posso falar muito, estou no hospital. Houve um susto com o bebê de Ester... mas está tudo bem agora. Ela nem precisou ouvir o resto. As peças se encaixaram num estalo cruel. E então tudo ficou em silêncio, por dentro e por fora. Como se o mundo tivesse parado. Como se tudo que um dia ela foi tivesse se quebrado em mil pedaços. Algumas pessoas se chocam e criam universos. Outras se quebram no impacto. E naquela noite, Katherine Morgan era só ruínas.O dia anterior havia sido um turbilhão de emoções. Desde a corrida ao hospital, a caminhada no corredor frio e iluminado demais, até o momento em que finalmente recebeu a notícia de que Katherine e a bebê estavam bem, Jinx se sentia como se tivesse vivido uma semana inteira em apenas algumas horas. Entre idas e vindas, telefonemas e a missão de manter Noah e Alisson distraídos, ela quase não teve tempo de parar para respirar. Mas no fim da noite, com Eduardo chegando para ajudar e as crianças finalmente adormecendo, o silêncio que tomou conta da casa foi um bálsamo.Agora, com a manhã seguinte se estendendo preguiçosa. Katherine receberia alta e voltaria para casa, o que, por mais que fosse motivo de alegria, também significava ajustes: repouso, visitas cuidadosas, atenção redobrada com cada ação.O sol filtrava-se pelas cortinas claras da sala quando Phillip estacionou na garagem e ajudou Katherine a descer do carro. Ela ainda parecia pálida, mas havia um brilho aliviado em seus olho
Quando Jinx deixou o hospital, o sol já estava no seu ponto mais alto, o cèu estava completamente azul e fazia bastante calor. O dia tinha sido longo e, mesmo aliviada por saber que Katherine e a bebê estavam fora de perigo, ela sentia o corpo pesado de tensão. Antes de ligar o carro, encostou a testa no volante por alguns segundos, respirando fundo, se sentia fora de órbita e mentalmente exausta com tantas emoções.Noah e Alisson estavam na casa da Katherine com a babá. Ela precisava buscá-los, mas decidiu primeiro passar numa padaria próxima para comprar algo rápido, afinal, não fazia sentido chegar de mãos vazias depois de um dia tão agitado.A vitrine ainda estava cheia de pães ainda quentes apesar do horario, e o cheiro de massa assada lhe trouxe uma sensação inesperada de aconchego. Comprou alguns pães, uns biscoitinhos amanteigados e suco natural para as crianças comerem no lanche da tarde, pelo horário avançado das horas elas já deviam ter almoçado.No caminho de volta, ligou
Jinx estacionou o carro em frente à casa de Katherine. Noah estava animado no banco ao lado, balançando as pernas e segurando uma pequena sacola com alguns brinquedos que queria dar para Alisson. Assim que a campainha soou, a porta foi aberta pela própria Katherine, que sorriu calorosamente, embora houvesse um certo cansaço escondido em seus olhos. — Oi, vocês chegaram. — disse ela, se inclinando para abraçar Jinx e depois se abaixando para apertar Noah contra si. — A Alisson vai ficar muito feliz de te ver. Noah sorriu e entrou correndo para a sala, onde a pequena Alisson brincava no tapete. Ela soltou um gritinho de alegria ao vê-lo e logo os dois estavam lado a lado, mexendo em blocos de montar e com Noah inventando histórias. Katherine conduziu Jinx até a cozinha, onde já havia preparado uma bandeja com suco e alguns petiscos para as crianças. Enquanto cortava umas fatias de bolo, ela comentou: — O Phillip saiu cedo hoje, foi resolver umas coisas no escritório. Mas disse que v
Jinx estava de costas para a porta, mexendo distraidamente na panela onde o café borbulhava, enquanto o cheiro do pão tostado se espalhava pelo ar. O sol entrava pelas cortinas da cozinha, pintando o azulejo de tons dourados.Sentiu braços firmes envolverem sua cintura e um beijo quente roçar sua nuca.— Bom dia… — murmurou Eduardo contra sua pele, com a voz grave ainda carregando traços de sono.Jinx sorriu, apoiando uma das mãos sobre a dele, sem se virar.— Bom dia, amor.Ele aproveitou para beijá-la de novo, dessa vez na bochecha, um pouco mais demorado, quase preguiçoso. Não percebeu que havia um pequeno observador sentado à mesinha no canto da cozinha, com um copo de leite e um pedaço de bolo.— Eca! — a voz infantil soou, carregada de repulsa teatral.Os dois se afastaram num pulo, trocando olhares surpresos, e viraram ao mesmo tempo para encarar Noah. Ele estava com uma expressão perfeitamente séria, como se tivesse acabado de presenciar um crime contra o bom gosto.Eduardo le
Eduardo foi ao banheiro por alguns minutos e quando voltou, fechou a porta e a olhou faminto novamente. Eduardo se aproximou em direção à cama, onde Jinx tentou recuar, mas ele agarrou seu tornozelo e a deslizou de volta para o centro. Os olhos dela se arregalaram ao vê-lo tão decidido, e a excitação brilhou em seu olhar. Ela parecia pequena, enjaulada sob o corpo dele, indefesa e completamente à mercê do seu desejo e ela adorava isso tanto quanto ele.— Vim buscar meu presente. — murmurou ele, a voz rouca e carregada de luxúria.Jinx pressionou as mãos contra o peito dele, franzindo a testa.— Mas você já pegou! Meu corpo é a prova disso!Eduardo jogou a cabeça para trás, soltando uma risada grave.— Aquilo foi só o primeiro round. Esse é o segundo. — O protesto dela se perdeu quando cedeu aos braços dele, e os lábios de Eduardo desceram por sua garganta, fazendo-a arfar ao sentir o calor da boca dele em sua pele. — Você quer o segundo round, não quer?Ele parou, os lábios pairando
Jinx se afastou de Eduardo. Ele se sentou sobre os calcanhares enquanto a observava com olhos famintos. Na névoa de luxúria que envolvia seu corpo, a modéstia foi esquecida, e ela o deixou se deleitar à vontade. — Seu presente está aqui embaixo. Quer desembrulhar? Eduardo estendeu a mão para o fecho lateral da saia dela e o abriu em um segundo. Seus olhos permaneceram fixos nos dela, como se pedissem permissão. Um pequeno aceno foi tudo o que ele precisou para puxar lentamente o tecido para baixo, dando a ela a chance de rebolar os quadris em provocação. Jogou a saia no chão e ele respirou fundo, praticamente a devorando com os olhos. Jinx mordeu o lábio inferior, tentando conter o sorriso satisfeito com a reação dele. Tinha escolhido aquela roupa exclusivamente para Eduardo, ou melhor, a lingerie. Um sutiã de renda preta, combinando com uma calcinha fio dental também de renda, adornada com ligas e finalizada com meias-calças pretas de corte traseiro. O toque final estava no
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