Mundo ficciónIniciar sesiónNão existia nada para se contar duas horas antes daquela noite inebriada, em que uma só lingerie, da cor de vinho, acabou mudando o destino de um jovem que só queria ser tocado, de forma mais sensual, e um conjunto de vários atributos, começaram a mudar a noite, o rumo da história de Helder e Márcia, começando pelo toque, o rosto, os olhos, a boca, e o sorriso, e aquilo que era apenas um desejo perante a noite, terminou moldando a vida deles, através dos atributos da jovem dupla, ambos viveram um amor intenso durante a noite que se tocaram, e se separam, por uma mera confusão, num inesperado dia sem a intenção de contradizer aos olhares, Helder e Márcia voltam a se reencontrar e aquilo que era apenas um olhar, levou os dois jovem a viver um novo romance, mesmo com as adversidades encontradas em meio as estradas da vida.
Leer másDepois de uma gandaia congruente, num período de estágio no hospital David Bernardino, Márcia e suas colegas saíram para relaxar.
"Viúvas Negras" — era esse o nome que se destacava sobre o umbral do espaço lúdico onde Márcia e suas amigas costumavam se apresentar. Eram dançarinas — garotas que assumiam identidades fictícias para esconder suas vidas fora dali.
— Tenente Márcia, já reparaste como o ambiente mudou ultimamente? — comentou uma das amigas, cruzando os braços com desdém.
Márcia suspirou, observando a movimentação ao redor.
— Nem tanto. Continua a mesma coisa… homens casados, mais velhos, procurando algo passageiro. Nunca aparece alguém diferente, alguém que realmente queira ficar com uma de nós.
A outra soltou uma risada curta, quase cética. Ela era a mais prática do grupo, sempre reduzindo tudo à realidade nua e crua.
— Ah, Márcia… esperavas o quê? — disse, com um toque de ironia. — A maioria chega aqui cheio de dívidas, cansados da vida… No final, só querem esquecer os problemas por algumas horas.
— Nossa, Almirante Jurelma! Que discurso inspirador — retrucou uma delas, arqueando as sobrancelhas. — Esperas que ela bata palmas também?
A terceira amiga, mais sonhadora, que até então apenas ouvia, balançou a cabeça com um sorriso mordaz. Ela ainda acreditava, no fundo, que um dia poderia sair dali.
— Pois continuem esperando, minhas queridas — disse, brincando com a borda do copo em sua mão. — Mas não se iludam. Daqui ninguém sai com promessas de amor… só com marcas que nem sempre se apagam.
Márcia desviou o olhar, pensativa. Sabia que aquelas palavras carregavam mais do que cansaço ou cinismo— havia nelas uma verdade difícil de engolir.
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Márcia havia chegado do interior de Benguela dois meses antes, para um programa de estágio profissional nos hospitais de Luanda. Tinha apenas 19 anos quando desembarcou na capital — assustada, mas precisa e direta em seus objetivos. Sem casa própria e longe da família, perdeu seu pai tão cedo que a única solução era se mudar para Luanda, a cidade era implacável e a pressionava de todos os lados. Foi quando, numa tarde qualquer, ouviu algo que mudaria sua vida de uma simples residente para uma prostituta regrada.
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No hospital Maria Pia, enquanto esperava na porta do consultório do médico-chefe, escutou vozes na sala ao lado. Ficou imóvel, segurando a respiração.
— Sabes, Margarida — disse uma voz feminina, satisfeita. — O meu bordel ganhou classe. Com o senhor Humberto lá, os ricaços do país passaram a frequentá-lo.
Márcia arqueou as sobrancelhas.
— Consegui novas modelos — continuou a mulher. — Algumas são daqui mesmo, deste hospital. Elas me trazem as pílulas e, em troca, ganham acesso ao espaço. Disse em um tom baixinho.
Um arrepio percorreu-lhe a espinha. Sem perceber, ela já estava envolvida.
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Dois anos depois, já com 21 anos, Márcia vivia uma rotina dupla. Passava as noites no bordel de Dona Madalena, sempre vestindo a mesma lingerie vibrante, com o mesmo batom vermelho desenhando um sorriso que não lhe pertencia. Entre promessas vazias e risos embriagados, era sempre um novo homem a cada madrugada, um novo toque que não deixaria marca, mas que pesava sobre sua pele.
Até que, uma noite, o peso tornou-se insuportável.
O quarto estava imerso em uma penumbra avermelhada. O cheiro amargo de cigarro e vinho branco misturava-se ao perfume barato impregnado nos lençóis. Márcia ouvia sempre as mesmas palavras, promessas doces tingidas de machismo.
— Ouve, Márcia… tu és uma menina linda e talentosa. Não devias estar aqui.
Ela riu, sem humor.
— Nossa, senhor Humberto… és como um pai para mim. — Sua voz carregava uma ironia cruel. — Apesar Disso o senhor também se deita comigo. Então, por favor, poupe os conselhos e vamos acabar logo com isso.
“Senhor Humberto” és ministro da ação social, era um senhor muito poderoso e um dos senhores mais velhos que frequentava muito o bordel de dona Madalena, cheio de dinheiro, és namorado de dona Madalena e um dos problemas na vida de Márcia no bordel.
Então, ele se inclinou, o cheiro de álcool e suor enroscando-se em sua pele.
— Márcia… você é especial para mim. Mas isso não é um romance, eu pago para você me servir e se eu quiser opinar, eu opino.
Ela fechou os olhos por um instante. As palavras dele escorriam como um veneno doce, uma ilusão temporária antes do golpe inevitável.
— Acorda, menina. Eu te pago para me ajudar a atingir o prazer. Agora vira.
O ar tornou-se pesado. O gosto metálico do sangue espalhou-se por sua boca após um tapa seco. Sua garganta parecia aprisionar qualquer súplica antes mesmo de nascer.
— Cala a boca, menina. — O tom dele era frio, metódico. — Posso acabar com o seu estágio ou te colocar no auge. Agora vira… e grita daquele jeito que eu gosto.
Todo aquele cenário era bizarro para Márcia. No entanto, ela suportava. Pelo seu sonho.
A única fuga era a sala de Dona Bárbara. Médica, professora de educação sexual, psicóloga e conselheira no bordel. Uma mulher de idade avançada que, mesmo marcada pelas cicatrizes da vida, tornara-se uma mãe para as meninas.
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— Senhora Bárbara… a senhora acha que existe um homem que levaria uma de nós a sério? — perguntou Márcia, certa noite.
Bárbara cruzou as mãos sobre o colo e sorriu.
— Por que essa pergunta, menina? Duvidas de quem és?
Márcia abaixou o olhar.
— Vivemos essa dualidade. Ora médicas, ora putas. Existe alguém que possa nos amar depois de tudo?
— Se realmente ele quiser, vai entender. Se não… deixa essa vida antes que ela te devore. Mas nunca esqueça, menina: tu és mais do que esse lugar.
Aquelas palavras ficaram na mente de Márcia. Ela passou a dedicar-se ainda mais ao estágio, lembrando-se do porquê de ter começado tudo aquilo.
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Certa noite, no hospital, ao entrar no quarto de um paciente, sentiu um arrepio gelar sua espinha, sua primeira impressão com aquele que viera a ser o seu herói dentro do “bordel Viúvas Negras”.
— Ora, ora… Que surpresa, Márcia.
Era o senhor Humberto. O mesmo sorriso cínico, o mesmo cheiro de cigarro e álcool. Ele se aproximou, segurando seus braços.
— Você não vai gritar. Você nunca grita.
Antes que pudesse reagir, a porta abriu-se bruscamente.
— Desculpa incomodar alguém pode me ajudar?
— Sim eu posso. Disse Márcia assustada e sentindo o alivio de ser libertada daquela frustração.
— Mas que diabos está acontecendo aqui? O rapaz não viu outra porta para abrir? Márcia volta já aqui ele vai procurar por outro enfermeiro, vai garoto.
O rapaz mantive frio e cauteloso, estava a tentar ser respeitoso, falando com um jeito moderado para não cometer um erro. O rapaz ficou estático apenas ouvindo os gritos e berros do és ministro.
— O que está acontecendo aqui, há enfermeiras ou não neste hospital Helder. perguntou Edgar o deputado do partido no poder e irmão de Helder.
Márcia não tirava o olhar inocente e derretido do rapaz, afrouxou a bata, deixando uma abertura leve para os seios, no quarto os olhares congelaram, o silencio tomava conta deles.
— Humberto com o mais doloroso do respeito que tenho por te, por favor solte o braço da menina, eu preciso de ajuda, agora saia do Hospital, pelo que sei tu não és médico, e nem és mais ministro para fazer caridade.
A voz firme de Edgar cortou o ar. Humberto se afastou com um sorriso presunçoso.
— Estávamos apenas conversando, não é, querida?
— Saia daqui agora, antes que eu chame a segurança! — Helder equivocado ordenou.
Humberto ajeitou o terno e saiu, como se nada tivesse acontecido.
— Obrigado. Disse Márcia!
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Dois dias depois, Márcia caminhava pelas ruas de Luanda. O letreiro néon piscava em tons vermelhos e dourados: "Viúvas Negras". Homens embriagados, risos forçados, mulheres de olhares vazios. O mesmo jogo de sempre.
Ela parou diante da entrada, respirou fundo e sorriu de canto.
Márcia queria se livrar do bordel, mas cada ausência sua era cobrada em olhares inquisitivos e perguntas cortantes de Madalena, como se a casa a puxasse de volta para suas garras.
Ainda assim, com os dólares acumulados nos meses em que se vendeu para desconhecidos, podia enfim respirar e sonhar. Embora o dinheiro fosse suficiente para uma década de vida confortável em Angola — ou até para cruzar o oceano e estudar medicina — havia algo que ele não comprava: o peso dos toques que nunca quis, o gosto amargo das noites vazias e a lembrança do único homem cujo olhar não a fazia sentir-se suja. Um amor nunca dito. Um desejo de recomeço misturado à dor de tudo o que ficou para trás.
Uma última noite, sombria e calma, desfez-se dos vestidos eróticos que circulavam entre os cantos do bordel “Viúvas Negras”. Garçons passavam de um lado para outro, servindo whisky e vinho, branco e tinto ao mesmo tempo.
A casa estava mais abarrotada que de costume. Mesas de apostas foram espalhadas pelos quatro cantos, com vista privilegiada para a pista de dança, onde se exibiam as meninas que trabalhavam no hospital “Maria Pia”.
Márcia pretendia se despedir do bordel onde tantas vezes se entregou, nua, indecisa, inocente, ao desejo de sobreviver nas ruas de Luanda. Naquela noite, usou uma vestimenta diferente da habitual, capaz de deixar qualquer um com vontade de deitar-se com ela. A lingerie exalava sensualidade: deslumbrante e provocante, mas ainda assim misteriosa. As joias sóbrias, embaçadas como as de uma viúva; o batom, vermelho; o perfume, com divina fragrância. Sob as luzes negras voltadas para si, despertava inveja entre as outras raparigas do bordel.
Nas mesas de jogos, na copa ou nos banheiros, o assunto era seu nome: “Tenente Márcia”, o figurino que sempre usava ali. Desfilava com elegância pelo salão, e em certo momento deu um abraço tentador ao senhor Gaspar, Ministro do Interior — respeitoso e atraente, o único que nunca se deitou com ela nas camas da casa.
Mas sua intenção era chamar atenção do rapaz mais jovem ao lado dele. Um rapaz de apenas 21 anos, calmo, respeitoso, atencioso e observador. Um verdadeiro "cochi-to Nerde", o mesmo rapaz cujo seu olhar não dispensava, quando o medo invadiu sua alma no quarto do hospital.
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Helder Mateus carregava o peso de um sobrenome respeitado, moldado pela fé e tradição, mas a sombra do irmão poderoso o arrastava para mundos que não lhe pertenciam. Entre o brilho fugaz das luzes vermelhas e o cheiro adocicado do pecado, ele caminhava sem sede, sem fome, sem desejo — apenas seguindo os passos de quem lhe impunha um destino que não era seu.
Seu coração pertencia aos versos que escrevia, às tramas da moda que desenhava, à busca incessante por algo além do vazio que as noites lhe entregavam. Mas ali, entre a fumaça e os sorrisos treinados, ele ainda não sabia que um olhar mudaria tudo.
Naquela noite, cansado do trabalho e da rotina, Helder se deixou levar mais uma vez, como quem cede ao inevitável, esperando apenas mais um encontro sem rostos, sem nomes, sem história. Mas então viu Márcia.
Havia algo nela que não pertencia àquele lugar — um mistério costurado na pele, uma tristeza guardada nos olhos, um desafio no jeito que não se deixava possuir completamente. Pela primeira vez, ele sentiu que não era o único deslocado ali.
Sem perceber, algo dentro dele se moveu, como se o destino tivesse acabado de escrever um novo verso em uma página ainda sem final.
O rapaz, bem-apresentado, vestia camisa de mangas curtas azul bebê, calça social cinza e um divinal Sebago. Entre as mãos, segurava um daqueles copos caros de Dona Madalena, saboreando um coquetel sem álcool.
Helder não desviava o olhar de Márcia, fascinado por sua presença delicada e misteriosa, enquanto todos ao redor, entre sorrisos ávidos e olhares predatórios, ansiavam por possuí-la sob a penumbra do bordel.
Percebendo o desejo crescente da clientela, Dona Madalena, com sua astúcia de negociante, colocou Márcia sobre a mesa de apostas, transformando-a no prêmio da noite — o vencedor teria direito a passar a madrugada inteira com ela.
Márcia, dividida entre o destino imposto e o desejo secreto, ajoelhou-se no palco, dedos deslizando pelo chão frio, dançando entre os ferros do bordel. Com os olhos semicerrados, murmurou orações ao Deus dos desejos, pedindo para que, pela última vez no bordel, se deitasse com um homem de sua idade.
Seu pedido foi atendido. O jovem que a observava apostou cada moeda do bolso, exceto o suficiente para beber mais um drink. Jogava com inteligência, dominava o sistema, e quando a última aposta foi lançada, a sorte deslizou pelo feltro da mesa até suas mãos.
O silêncio tomou o salão antes da explosão de murmúrios. Senhor Humberto, vermelho de raiva, cerrou os punhos e abandonou o local, seguido de sua guarda.
Márcia, sentindo o peso do destino se dissolver nos ombros, desceu da pista e correu em direção ao jovem, coração disparado. Em um impulso de gratidão e libertação, lançou-se nos braços dele, selando a felicidade em um beijo apaixonado, envolta em um abraço forte e quase desesperado.
Ficaram colados aos beijos…
— Menina. Acorda, filha, o senhor Afonso está aí fora. — Outra vez tu? — Questionou o senhor do Bar.Bessangana era um senhor de quase 70 anos, dono da grande casa de música angolana que levava o seu nome. Pai de duas meninas — uma já falecida, Benilde, e outra, Ilda, uma confeiteira dona de um mini-restaurante em Luanda, carinhosamente chamada de Bessa, diminutivo do pai.Tio Bessangana estava vestido com uma calça de linho e uma camisa de pano grosso, quando se deparou, às 10 da tarde, com a jovem Márcia. Ela estava embriagada, apagada, com os braços cruzados e a cabeça apoiada numa das mesas do seu restaurante.___ Quem é senhor Afonso? Perguntou ela, com a mão no rosto tentando recuperar a lucidez.Márcia se levantou, descalça como estava. Caminhou até a saída, carregando seus saltos altos na mão esquerda. Estava fora de si, sem condições para pegar o volante. As pernas estavam bambas; andava entre as paredes do restaurante. Seu vestido arrastava pelo chão.A música ao vivo, que t
“___ oi Helder, peço desculpas. Não vi tuas chamadas,diz alguma coisa assim que receberes a minha mensagem.” Escreveu Márcia.Márcia chegou em casa depois de uma noite cheia de emoções, entre copos, danças, poemas no ouvido e toques apertados. Lá estava ela, meio desalentada, exausta e esquecida. O silencio na sala era inigualável. A sala parecia um povoado abandonado. Sombria.Márcia caminhou o corredor de sua casa, deslizando o pé descalço no chão, se dirigiu até a piscina apoiando a mão esquerda na parede da sala, enquanto se despia lentamente, do forno vinha um ar quente, parecia algo queimando, à TV estava ligada, mas sem som, apenas imagens, cujas luzes embatiam sobre a vidraça das janelas da cozinha.___ Merda, o que estás cá fazendo?! Gritou Márcia depois do susto que tombou.Ricardo, por sua vez, assustado. Deixou cair o limpa-piscina no chão. Ficou estático. Com o corpo arrepiado.Ricardo era o zelador de casa, menino de 21 anos de idade, pretinho, alto e forte, de cabelos
— Menina… já esperei muito. Agora preciso fechar o bar.Márcia sorriu de canto, fechou os olhos, respirou ofegantemente. Passou as mãos pelo rosto, levantou-se e abraçou o senhor com tanta força que não quis largá-lo.— Desculpa… eu precisava desse abraço — disse ela.— Tu me lembras tanto a minha filha… Benilde. — Ela era linda, assim como você. — Assustada, indecisa, perdida… mas o mais forte, verdadeira.— Pareço com ela? Fico feliz em saber… — Bom… eu já vou. Fique bem, senhor.Tão logo Márcia colocou os pés para fora, um carro grande parou em frente dela, vidros totalmente polarizados, matrículas brancas, com selo da bandeira angolana. Os vidros baixaram de forma calma. Márcia, de braços cruzados e cabelos grisalhos, manteve-se quieta, esperando o despertar bater à sua porta.Uma voz sã, diferente das de muitas já ouvidas. Pequenas palavras, um convite informal e verbal…___ queres uma boleia? — perguntou o jovem misterioso.___ para onde vais? — questionou ela.___ Vou para on
As portas se abriram em pleno dia no cemitério dos santos, no “Murro dos veados”, o clima estava calmo e quieto, os rostos pálidos e sensíveis, folhas secas caiam das arvores Mulemba, o cheiro do sal da água do mar, abrandavam as paredes do cemitério, deixando algumas mulheres com enjoou como se estivessem concebidas.Entre amigos, familiares e médicos, que choravam e se despediam da menina Aminá Guerra, lá estavam eles, Jéssica, Márcia e Erik.✶✶✶Aminá e Kalema Guerra, são duas meninas, gémeas que nasceram de um parto difícil, ambas carregavam nas veias o sangue de um Guerra, um dos empresários cabo-verdiano, mas bem-sucedidos em Angola, e não só, também lutavam com uma doença dura “Síndrome de Uterus Fractus” doença ligada aos úteros didelfos…✶✶✶___ Não consegues chegar mais perto? Perguntou Jéssica médica pediátrica, vestida de um vestido de mangas curtas brancos, e uns saltos altos de bico fino, óculos escuros, e um chapéu de palha.___ desde a morte do meu, não consigo chegar
___ Elena, estás a pensar em quê, nesse momento? ✶✶✶ Elena era uma menina de apenas 17 anos, filha de Dona Madalena, dona do bordel “Viúvas Negras”. Linda, morena, de corpo estreito e traços finos. Estagiava em Medicina Geral e era uma das preferidas de Márcia. Ambiciosa, cheia de contrastes, ética, com um ar de “não me toques” e naturalmente competidora. ✶✶✶___ Nada doutora Márcia, respondeu ela.Os olhos de Elena pareciam fundos, o sorriso contido e preso.___ Epá, não sei, tu não consegues me enganar menina, já entendi, que vais dizer a mesma coisa.___ Senhora sendo sincera, Noma não é uma doença fácil de operar e além disso a família da menina não tem dinheiro para fazer essa cirurgia.___ Não se preocupe com o dinheiro, acha agora um novo procedimento e deixa que eu resolve isso, vou atender o telefone… yes, I`m Muhammad Lawal.✶✶✶___ Tenha calma Helder, primeiro é que eu não sei que horas saio daqui, não me pressiones a ir para o jantar… por favor, tenha calma, tenho que
Depois de uma noite exausta, aluada entre a penumbra da alvorada, Márcia chegou em casa. Caminhava desorientada, os passos cambaleantes, o rosto pesado pelo álcool e pela decepção amorosa. Em vez de lidar com a dor, preferiu embriagar-se dela.Subiu as escadas como uma sombra em carne viva, gritando o nome de Helder. Mas a casa estava muda. Nenhuma resposta. Nenhum eco.Aquela ausência perturbou o espírito de Márcia. Parou. Silenciou por um instante, como se o coração lhe tivesse fugido do peito.— Helder, cadê você? Nossa, porra... Só porque gritei contigo, já foste te esconder? Mas que merda de moleque és tu?!Continuou a gritar mais alto, descontrolada, com a voz embargada de angústia:— Helder... eu peço desculpa! Eu amo você, e não sei como me controlar quando estás por perto! Por favor, não me abandones!Fez-se silêncio. O coração dela afundou.— Ah, que droga… agora ele se foi de verdade.✶✶✶Lá fora, Helder repousava nos colchões infláveis, com os pés mergulhados na água gelada
Último capítulo