A manhã estava fria e silenciosa. De repente, o portão do condomínio se abriu lentamente. A buzina soou, e o segurança se aproximou para abrir a porta do carro.
Márcia desceu com uma garrafa de espumante na mão. Sua saia estava virada para o lado contrário, rasgada e cheia de sujidade. O biquíni vermelho pendurado no braço direito, com manchas de esporra, ainda húmido. Seus olhos caídos; só de olhar, percebia-se a ressaca que movia seus ossos. As pernas já calejadas.
Márcia tocou a campainha. Então, alguém abriu a porta. Dona Maria, a empregada — que estava de férias, mas já de volta — olhou para Márcia. Fitou o rosto da menina, que mal conseguia andar. Márcia apoiava-se na parede, sem jeito, sem noção do que estava acontecendo.
— Oi Maria, como vais? Segura esta garrafa… deita ao lixo. Quem vier, diz que eu não estou — exceto o Helder.
Maria se perguntava: quem será Helder? Será um primo novo? Um amigo?
Desconfiada, e sem saber o que fazer, pegou o telefone e ligou para o primeiro nom