Depois de uma noite exausta, aluada entre a penumbra da alvorada, Márcia chegou em casa. Caminhava desorientada, os passos cambaleantes, o rosto pesado pelo álcool e pela decepção amorosa. Em vez de lidar com a dor, preferiu embriagar-se dela.
Subiu as escadas como uma sombra em carne viva, gritando o nome de Helder. Mas a casa estava muda. Nenhuma resposta. Nenhum eco.
Aquela ausência perturbou o espírito de Márcia. Parou. Silenciou por um instante, como se o coração lhe tivesse fugido do peito.
— Helder, cadê você? Nossa, porra... Só porque gritei contigo, já foste te esconder? Mas que merda de moleque és tu?!
Continuou a gritar mais alto, descontrolada, com a voz embargada de angústia:
— Helder... eu peço desculpa! Eu amo você, e não sei como me controlar quando estás por perto! Por favor, não me abandones!
Fez-se silêncio. O coração dela afundou.
— Ah, que droga… agora ele se foi de verdade.
✶✶✶
Lá fora, Helder repousava nos colchões infláveis, com os pés mergulhados na água gelada