No dia do casamento, Amanda Costa é surpreendida pela fuga do noivo — um escândalo que ameaça não só a reputação de sua família, mas também um contrato milionário prestes a ser assinado. A solução? Um substituto à altura: Lucca Mancini, irmão mais velho do noivo desaparecido. Frio, poderoso e envolto em mistérios, ele aceita ocupar o altar… com condições próprias. Obrigada a se casar com um homem que mal conhece — e que parece enxergá-la como mais uma peça em seu jogo de poder — Amanda tenta manter o controle. Mas Lucca é magnético, manipulador e sabe exatamente como quebrar defesas. O que era para ser apenas um acordo se transforma em um campo minado de desejos, provocações e segredos perigosos. E no fim, Amanda descobrirá que o maior risco… é se apaixonar pelo noivo substituto. Ela foi traída no altar. Ele entrou para salvar o negócio... e bagunçar seu coração.
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O som da marcha nupcial ecoava forte pelas paredes da igreja. Cada passo de Amanda era pesado, como se seus pés soubessem antes de sua mente que algo não estava certo. As flores estavam no lugar. Os convidados sorriam. As câmeras registravam cada segundo. Mas o coração dela batia em descompasso. Ela chegou até o altar. Sorriu. Esperou. E esperou mais um pouco. Os segundos viraram minutos. Os olhares curiosos começaram a se entrecruzar pelos bancos da igreja. Um burburinho discreto se espalhou como rastilho de pólvora. Amanda olhou para o padre. Ele mantinha a compostura, mas folheava o livro cerimonial com uma tensão evidente. Seu pai, logo atrás dela, trocou um olhar nervoso com a mãe. O irmão mais novo dela já não disfarçava a impaciência. — Ele tá vindo, né? — sussurrou Amanda, virando o rosto para sua cerimonialista. A mulher, toda vestida de preto, apenas deu um sorriso frágil. Depois se afastou discretamente. Amanda tentou engolir o nó que se formava em sua garganta. Seu noivo, Daniel, ainda não tinha aparecido. O homem com quem ela namorava há quase dois anos. O herdeiro da Mancini Construtora. O homem que a pediu em casamento com toda pompa e circunstância... agora sumia no dia da cerimônia. E não era qualquer cerimônia. A união entre Amanda Costa e Daniel Mancini era mais do que um casamento. Era um contrato entre famílias. Uma aliança de negócios que já havia movimentado cifras milionárias antes mesmo do "sim". Se ele não aparecesse... — Eu vou ver o que está acontecendo — disse o pai dela, firme, tentando conter a frustração. Amanda desceu os degraus do altar lentamente. Sentia os olhares pesando sobre seu corpo. A maquiagem começava a escorrer. A vergonha vinha em ondas, misturada com uma raiva surda. Como ele pôde fazer isso com ela? Ela entrou pela sacristia e encontrou a cerimonialista ao telefone. Assim que a viu, a mulher abaixou o celular, nervosa. — Amanda, escuta... o Daniel... ele... — Ela gaguejava. — Ele não vem. — Como assim, não vem? — Ele fugiu. Deixou uma mensagem pro irmão. Pediu pra avisar que não vai casar. Que não pode. Amanda sentiu o chão sumir. Um zumbido preencheu seus ouvidos. O rosto dela empalideceu. Precisou se segurar numa cadeira para não cair. As palavras da cerimonialista giravam em sua cabeça como um vendaval. Daniel fugiu. O noivo fugiu. Deixou ela no altar. — Isso é algum tipo de piada? — ela perguntou, entre os dentes. — Eu... eu queria que fosse. Amanda fechou os olhos, respirando fundo. Quando os abriu, a expressão dela já não era de desespero, mas de pura fúria. — Onde está o Lucca? A mulher franziu a testa, confusa. — O irmão dele. Cadê o Lucca Mancini? Minutos depois, Amanda estava de frente com Lucca Mancini na antessala da igreja. Ele vestia um terno escuro, perfeitamente alinhado. O olhar dele, por trás dos olhos cinzentos e penetrantes, era duro como pedra. Ele segurava o celular na mão e o mostrava para Amanda. Uma mensagem, curta, direta: "Não posso. Me perdoem. Estou indo embora. Daniel." — Isso não faz sentido — disse Amanda, a voz embargada. — A gente estava bem. Ontem mesmo ele me disse que estava feliz... Lucca continuava impassível. Era mais velho que o irmão, cerca de 35 anos, com uma presença forte, quase intimidante. Não parecia surpreso. Só irritado. E calculista. — Ele é um covarde — declarou. — Mas isso não muda o fato de que temos um contrato a cumprir. Amanda olhou para ele, confusa. — Que contrato? — O contrato de fusão entre a Mancini Construtora e a rede de hotéis Costa. Os documentos já foram assinados. O casamento era a cereja do bolo. A mídia está aqui. Os investidores estão aqui. Se a cerimônia não acontecer, nossa credibilidade vai pro ralo. Amanda sentiu a náusea subir. Estava ali, envergonhada, humilhada, e aquele homem só falava de negócios? — O que você quer que eu faça? Case com o vento? Lucca deu um passo em sua direção. — Case comigo. Amanda arregalou os olhos. — O quê? — Você quer salvar a honra da sua família. Eu quero salvar a minha empresa. Case comigo hoje. Agora. Ninguém precisa saber que o noivo original fugiu. Mudamos a certidão depois. Disfarçamos as fotos. Damos uma coletiva. Inventamos qualquer desculpa. Ela riu. Um riso incrédulo. — Isso é um absurdo. — Não mais do que ser abandonada no altar — ele retrucou. — Mas se não quer passar vergonha duas vezes no mesmo dia... Amanda o encarou. Havia algo naquela frieza dele que a irritava profundamente. Mas também despertava um instinto de sobrevivência. Ela sabia o quanto seu pai investira naquele casamento. Sabia o quanto sua mãe estava dependendo daquela aliança para manter os negócios da família vivos. — Você quer que eu me case com um homem que eu mal conheço? — Eu sou um bom investimento — ele respondeu, sem sorrir. Amanda queria socá-lo. Mas também queria fugir. Queria sumir dali. Mas não podia. Estava presa naquela situação por causa de um covarde. E agora, diante dela, estava um homem frio, mas disposto a fazer o que o irmão não teve coragem. Ela ergueu o queixo. — Eu aceito. Lucca assentiu com a cabeça, como se ela tivesse assinado um contrato qualquer. — Temos trinta minutos. Troque o nome do noivo com o padre. Diga à sua família. Mantenha o resto como está. Amanda voltou para a sacristia como se estivesse flutuando. Informou aos pais, entre lágrimas contidas e choque. O pai, embora espantado, aprovou a ideia. A mãe quase desmaiou. Mas todos sabiam: a reputação vinha primeiro. Trinta minutos depois, Amanda voltava ao altar. Dessa vez, acompanhada de Lucca Mancini. O homem que, horas antes, ela evitava até cumprimentar. Agora, seria seu marido. No altar, os dois permaneceram imóveis. O padre conduziu a cerimônia com uma leve hesitação, mas seguiu em frente. Quando chegou o momento do “sim”, Lucca disse a palavra com firmeza. Amanda o imitou com um fio de voz. As alianças foram trocadas. O beijo selado — frio, mecânico. E o casamento aconteceu. No salão de festas, os convidados fingiram não perceber nada. Amanda dançou com o novo marido. Sorriu para as fotos. Fingiu normalidade. Mas por dentro, estava em guerra. Naquela noite, em vez de viajar para a lua de mel com Daniel, ela entrava na limusine ao lado de Lucca. Um homem aparentemente perfeito, mas que ela nunca conseguiu trocar meia dúzia de palavras durante os anos que frequenta a mansão dos Mancini. Ele sentou-se ao lado dela em silêncio. Olhava pela janela, os olhos perdidos na escuridão. — Isso aqui não é um casamento de verdade — Amanda murmurou. — Eu sei. — É só um acordo. — Exato. — Lucca responde sem tirar os olhos do horizonte. — E assim que essa farsa for resolvida... a gente se divorcia? Amanda questiona, a apenas nesse momento Lucca virou o rosto para ela. Pela primeira vez naquela noite, seus olhos mostraram algo mais do que frieza. — Não, Amanda. Agora que você é minha esposa... isso muda tudo. Ela o encarou, sem entender. Mas algo dentro dela dizia que aquele casamento — por mais falso que parecesse — estava prestes a virar sua maior confusão emocional. E talvez, o início de um sentimento que ela jamais imaginou viver.Amanda Às vezes, nas noites mais calmas, quando o mundo inteiro parece conter a respiração e até o relógio silencia, Amanda se permite lembrar.Não das dores cortantes, embora elas estejam ali — adormecidas, mas jamais apagadas.Ela se permite lembrar das cicatrizes que a formaram. Das noites em que dormiu sozinha com a alma em carne viva, e das manhãs em que acordou com a esperança mastigada, mas ainda assim intacta.A casa repousa ao redor, serena, como um organismo vivo feito de amor, madeira antiga e novos começos. O vento dança com as cortinas brancas, trazendo o perfume da lavanda plantada no jardim. Um cheiro que ela mesma escolheu — por representar aquilo que dura e acalma.Ela se levanta, descalça, e caminha com passos leves até o berço branco próximo à janela. A lua derrama sua luz líquida sobre o quarto. Aurora, sua primogênita, dorme profundamente. A respiração pausada, os cílios compridos repousando como asas fechadas sobre a pele de pêssego. Os dedinhos fechados em punh
O outono tomava Lisboa como um incêndio lento — folhas em tons de ferrugem dançando sobre as pedras antigas, e o ar com cheiro de passado e promessas. Eduardo caminhava entre as colunas da universidade com passos que carregavam mais do que peso físico. Carregavam história. Escolha. E um tipo de saudade que só quem foi muito amado entende.O casaco xadrez, presente de Amanda, envolvia-o como se fosse abraço. Ainda exalava lavanda. O mesmo aroma que preenchia as manhãs na casa onde ele cresceu — onde Amanda servia café com pão quente e sabedoria em doses pequenas, porém definitivas.Na mochila, os livros pareciam pesados, sim. Filosofia Política. Direito Internacional. Mas era dentro do peito que ele carregava as perguntas mais difíceis:E se eu fracassar? E se não for suficiente? E se me perder de mim mesmo?Nos primeiros meses, a cidade parecia fria. Os corredores, longos demais. Os colegas, brilhantes demais. Eduardo se sentia um ponto fora da equação. Um coração no meio de cérebros.
A casa já estava em silêncio. Mas era o tipo de silêncio bonito — não o que vem da solidão, mas o que nasce da paz. Da plenitude. Do depois.Lá fora, uma garoa fina dançava sobre o jardim iluminado por fios de luz âmbar. O vidro embaçado refletia sombras que se moviam lentamente, como se o tempo tivesse enfim aprendido a caminhar com calma.Lá dentro, o perfume de lavanda se misturava ao cheiro quente de madeira antiga, páginas de livros gastos e massinha de modelar esquecida no canto do tapete.Amanda estava sentada no chão da sala, descalça, com Aurora aninhada no colo. A filha mais velha usava um pijama azul-clarinho, com estrelas bordadas nas mangas, e embora sonolenta, seus olhos insistiam em permanecer abertos. Como quem sente que adormecer seria perder um milagre.Lucca entrou em silêncio, com uma manta nas mãos e o olhar cheio daquela ternura que só os homens que desmoronaram por amor sabem carregar. Ele havia apagado as luzes do corredor, fechado os livros infantis no quarto
Seis Anos Depois...Florença| ItáliaAmanhecia em Florença.A cidade despertava lentamente, vestida com véus dourados de névoa que dançavam sobre as cúpulas renascentistas e ruas de pedra antiga. O sino da Basílica Santa Croce ecoava suavemente à distância, como se abençoasse aquele novo dia.No alto de um edifício secular, agora sede internacional do Instituto Aurora, Amanda terminava sua palestra.O salão estava lotado — mais de cem jovens, de diferentes países, etnias, realidades. Olhos brilhando. Mentes pulsando. Aplaudindo não apenas o conteúdo técnico, mas a mulher que havia sobrevivido à fogueira da opinião pública e transformado cinzas em pontes.Ela não era mais só Amanda Costa.Era Dra. Amanda Mancini-Costa, referência mundial em justiça social, reconstrução comunitária e educação restaurativa. Mas o que a enchia de orgulho não eram os prêmios nas vitrines ou os convites das universidades de elite.Era o fato de, no meio de tudo, a sua alma ter permanecido intacta.Quando o
Cinco anos depois...Amanda Costa caminhava sozinha pelo novo pavilhão cultural da Fundação, agora rebatizada como Instituto Aurora — nome escolhido em homenagem aos recomeços que nascem depois da escuridão e a sua pequena filha, fruto do seu amor com Lucca. Seus passos ecoavam suavemente sobre o piso de madeira polida, enquanto a luz do fim da tarde invadia os corredores através das amplas janelas de vidro, lançando reflexos dourados nas paredes cobertas por quadros, murais e fotografias.Ela parou diante de uma imagem em preto e branco.Ali estavam ela, Lucca, e dezenas de crianças rindo em meio a tintas espalhadas, papéis amassados, mãos sujas e olhos brilhantes. A oficina de arte que salvou a Fundação da falência. A mesma oficina que quase a destruiu — e que agora era símbolo do renascimento.Amanda sorriu.Não por orgulho. Mas por algo mais raro e precioso: paz.Naquela imagem estava tudo o que o mundo tentou apagar — a pureza de um propósito, a integridade de quem resistiu, e o
A sala de Vitória Mancini era um túmulo iluminado por fogo.A lareira estalava como se mastigasse os ossos de uma história queimada. Do lado de fora, a tempestade cortava o céu em aço. Raios riscavam a baía como se o universo ecoasse a fúria contida naquela mulher parada diante da janela, onde seu reflexo a observava com olhos de juíza e carrasca.O império balançava. Mas Vitória não caía. Ainda não.— Eles acham mesmo que vão apagar minha história com discursos bonitos e caridade digital? — sussurrou, sem tirar os olhos do próprio reflexo. A voz era baixa, mas carregada como pólvora seca. — Eu construí impérios antes de Amanda Costa ter dentes. Eu fiz homens se ajoelharem e partidos nascerem. Ela não sabe brincar nesse tabuleiro. Mas vai aprender... pelo sangue.Atrás dela, Mariana Nardelli mantinha a pose no sofá de couro negro, como uma conselheira sombria. Cruzou as pernas com um estalo elegante dos saltos.— A comoção vai passar. É o ciclo da mídia. As pessoas esquecem. Mas preci
Último capítulo