Brian Taylor decide que chegou o momento de ter um filho, mas não deseja as complicações de um envolvimento amoroso e opta por contratar uma estranha para gerar o seu herdeiro e ser a sua barriga de aluguel. Charlotte Thompson é uma jovem de dezoito anos, que encontrou nas irmãs Nicole e Emily, a família que nunca teve ela faria qualquer coisa para ajudar as suas duas amigas, as quais lhe acolheram quando mais precisou e que a amavam como a uma irmã. Oliver Mackenzie é advogado e aceitou intermediar a realização do desejo de seu melhor amigo, ao mesmo tempo que vai ajudar a bondosa Charlotte a resolver os problemas financeiros dela e de suas amigas. Mas ninguém contava que o destino iria pregar uma peça em todos e unir ainda mais as vidas de pessoas tão diferentes.
Ler maisCharlotte
Olhei as pessoas na rua, a incerteza me dominando. Mãos geladas, eu não tenho ideia do que esperar lá fora, agora que a minha vida mudaria totalmente. Estava partindo do orfanato onde cresci, o único lar que conheci.
Fui deixada quando criança, tinha apenas quatro anos, e nunca adotada. Não lembro da minha família de antes. A minha mãe me deixou com um bilhete dizendo que seria melhor para mim estar naquele lugar. Agora, com dezoito anos, chegou o momento de seguir um novo caminho, fazer escolhas e enfrentar consequências.
Ajeitei a mochila sobre o ombro, com cuidado. Todos os meus pertences estavam naquela bolsa. Caminhei até a estação de metrô próxima, confiante por já conhecer o caminho. As freiras tinham me ajudado nesse momento de transição, arranjaram um emprego de babá na casa de um poderoso advogado.
Fui ao endereço indicado com temor, não conhecia Manhattan, sempre fiquei no Bronx, onde morava e estudava, não costumava sair para outros lugares. Cheguei ao endereço que as freiras me deram, toquei a campainha da casa elegante na Park Avenue e fui atendida por uma funcionária séria.
Abigail, a governanta, apresentou a outra babá e explicou que nos revezaríamos para cuidar de Eloá e dar suporte quando necessário. À noite, seria responsável pelos cuidados da menina de seis anos. No começo da noite, já já em meu uniforme, fui chamada para substituir Nicole que estava de saída.
— Já cuidei da higiene da Eloá, você só precisa dar o jantar. – Nicole me orientou, simpática.
— Quero comer agora, Nicky. – Eloá pediu, abraçando a babá.
— Ainda não, Eloá. – Nicole respondeu, acariciando os cabelos da criança. – Está quase na hora certa.
Franzi o cenho, lembrando do orfanato com suas regras rígidas.
— Tem um quadro com todos os horários da Eloá ali – apontou para um canto do quarto – e você precisa seguir à risca esse cronograma!
— Entendido.
Fui até o quadro e vi que havia um horário específico para cada coisa, até mesmo a duração do banho da criança. Eloá parecia tranquila e notei o apego dela por Nicole, que correspondia com carinho.
De pé, aguardava instruções de Nicole quando uma mulher alta, magra, loira de olhos azuis, assim como Eloá, entrou no quarto e olhou desaprovadoramente para Nicole, que segurava a menina em seu colo enquanto conversava comigo.
— O que está fazendo? – ela perguntou com rudeza, fazendo uma careta desaprovadora que não entendi.
— Desculpe, senhora Martina – Nicole se desculpou imediatamente, levantando-se da poltrona e colocando Eloá no chão.
— Não permito que coloque minha filha no colo! Ela não é mais um bebê e não deve ser tratada como tal – ela reclamou quase gritando. – Vocês não deveriam estar fazendo alguma atividade agora? – Ela cruzou os braços, visivelmente chateada.
— Estava apenas repassando algumas coisas com Charlotte e ia deixar que ela desse o jantar para Eloá – Nicole explicou.
— Então pode ir embora – ela apontou para a porta. – Vou cuidar da garota eu mesma.
Nicole assentiu, baixou a cabeça e saiu do quarto sem se despedir.
— Você é a indicada pelas freiras? – ela se voltou para mim, com uma expressão de desgosto.
— Sim, senhora.
— A lista de horários está no quadro, siga tudo à risca. Nada de improvisar achando que sabe o que é certo — Martina falou rude, rolando os olhos.
— Ok.
— Não é "Ok" comigo — ela me repreendeu. — Responda apenas com "sim, senhora".
— Sim, senhora — respondi nervosa.
Não podia perder aquele emprego de jeito nenhum. Ouvia atentamente enquanto ela explicava novamente a lista de horários, reforçando o que já tinha ouvido da governanta e da outra babá. Martina parecia severa e rígida, apesar de aparentar menos de trinta anos. Sentia-me pressionada pelas suas exigências.
Enquanto ela falava, Eloá aguardava em silêncio até a mãe terminar suas explicações. Sem afeto, Martina saiu do quarto.
Suspirei aliviada e Eloá fez o mesmo, trazendo um sorriso aos meus lábios, mas não comentei. Aquele trabalho era importante e faria tudo conforme a dona da casa queria.
Olhei para o relógio no meu pulso, presente das freiras, e percebi que era a hora do jantar de Eloá.
Rapidamente levei Eloá para a cozinha, onde ela fez sua refeição em silêncio sob minha supervisão. Em seguida, troquei sua roupa por um pijama e a coloquei na cama. Quando ia pegar um livro na prateleira, ela interrompeu meu gesto.
— Minha mãe não quer que leiam para mim.
— Ela mesma vem ler uma história antes de você dormir?
— Não. Ela diz que devo dormir sozinha, pois nem sempre tem tempo para ler para mim.
— Mas eu posso ler para você. - Ofereci-me.
— Minha mãe não quer que leiam para mim - ela repetiu, deitada na cama, parecendo triste.
Fiquei triste também, vendo como uma criança tão pequena, com apenas seis anos, parecia conformada com isso, lembrando-me da minha própria experiência no orfanato, onde não tínhamos sempre alguém para nos dar atenção especial, devido ao grande número de crianças. No entanto, não conseguia entender como uma criança que era filha única era tratada daquela forma. Não disse nada, afinal, não queria me indispor com minha patroa.
Sentei-me na poltrona observando Eloá e pensando sobre isso até que Abigail, a governanta, apareceu na porta do quarto com uma expressão séria, me chamando para segui-la.
— Está tudo bem com a criança? - Ela perguntou.
— Sim.
— Você pode dormir, mas precisa ficar atenta à menina - ela orientou. - Amanhã a Nicole chega às nove e você poderá descansar em seu quarto.
Segui suas instruções e já estava deitada em uma cama em um pequeno quarto anexo ao de Eloá, mais parecido com um closet do que qualquer outra coisa, quando ouvi uma movimentação e me levantei rapidamente para verificar o que estava acontecendo.
Levei um susto ao ver um homem bonito de terno sentado na poltrona ao lado da cama de Eloá, acariciando seus cabelos com carinho.
— Boa noite, senhor - falei, indecisa, mas senti que precisava descobrir quem ele era. Era parte do meu trabalho.
— Oh, olá - ele respondeu, parecendo simpático. - Parece assustada - comentou, percebendo minha surpresa por encontrar alguém sendo cortês naquela casa.
— Assustei-me com sua presença, senhor - acabei confessando.
— Peço desculpas, então.
Ele acariciou os cabelos da Eloá mais uma vez e se aproximou de mim.
— Deixe-me me apresentar - Ele estendeu a mão para cumprimentar - Sou Oliver Mackenzie, pai da Eloá.
Fiquei ainda mais surpresa com a diferença de comportamento entre os pais da Eloá, mas segurei sua mão e aceitei o cumprimento.
— E você deve ser Charlotte - ele afirmou, meio perguntando, diante do meu silêncio.
— Desculpe, senhor Mackenzie. Sou Charlotte, a nova babá da Eloá.
— É um prazer conhecê-la, Charlotte. Você foi muito bem recomendada pela freira Catarina - Ele soltou minha mão e voltou para a poltrona. - Como está Eloá hoje?
— Tranquila, senhor.
— Gostaria que você me contasse um pouco mais do que isso - apesar de ser uma ordem velada, ele falou de maneira delicada. - Me conte mais sobre o dia da minha filha. Passei o dia todo em reuniões e não pude dar atenção à minha pequena.
Atendi ao seu pedido, mas expliquei que havia estado com Eloá por pouco tempo e não teria muito a relatar.
— E Nicole? Você a conheceu? - A forma como ele perguntou sobre Nicole pareceu um pouco estranha, mas não soube explicar exatamente o motivo.
— Ela foi embora assim que a senhora Martina chegou - respondi apenas isso.
Ele me olhou de forma analítica, mas não disse nada.
— Ficarei um pouco com minha filha, mas sinta-se à vontade para descansar, se desejar.
Entendi que ele queria ficar a sós com sua filha e pedi licença, dirigindo-me ao quarto anexo, mas só consegui adormecer quando percebi que o senhor Oliver havia saído do quarto de Eloá.
Minha primeira noite em um lugar diferente, depois de catorze anos vivendo no orfanato, foi estranha e tive dificuldade em adormecer, acordando várias vezes. No entanto, aquela era minha nova vida e era muito melhor do que a incerteza das ruas, pensei para me reconfortar.
REMORSOThomasThomas sentiu um misto de tristeza e determinação enquanto se aproximava da igreja onde ocorria o casamento de Emily. Seu coração estava pesado por carregar o peso de suas próprias fraquezas, mas ele sabia que precisava fazer as pazes consigo mesmo antes de seguir em frente.Enquanto adentrava o local sagrado, o som suave do órgão e a voz do coro preenchiam o ambiente, criando uma atmosfera solene e reflexiva. Observou discretamente os convidados, procurando um vislumbre de Emily em seu vestido branco radiante.Após um breve momento de hesitação, Thomas decidiu enfrentar seus demônios interiores e se aproximar do altar. Ele esperou pacientemente até que Emily saiu da igreja em companhia do seu novo marido e os abordou quando estavam prestes a entrar no carro. Seu coração acelerou quando finalmente teve a oportunidade de se expressar.— Emily, sinto muito por tudo o que aconteceu entre nós. Fui fraco e não soube lidar com minhas próprias inseguranças. Não mereço o seu pe
OliverO jantar na casa de Emily foi uma celebração animada. Rimos, brindamos e compartilhamos histórias alegres, celebrando não apenas a vida, mas também o amor que unia cada um de nós. Nicole, Emily e Charlotte estavam radiantes, demonstrando uma felicidade genuína e renovada.Brindamos à felicidade de Douglas e Emily, que estão prestes a se casar, também relembramos os momentos incríveis que compartilhamos ao longo do tempo em que nos conhecemos. Rimos das aventuras e desventuras do grupo, reconhecendo que nossas amizades eram um pilar fundamental em nossas vidas.E assim, entre risos, abraços e palavras de carinho, celebramos a vida. Estávamos todos felizes por estarmos todos novamente juntos, reforçando nossa amizade e acreditando na beleza dos recomeços. O momento não poderia ser mais perfeito para um pedido especial.Então, quando já estávamos sentados todos no sofá, conversando animadamente, eu me afastei ligeiramente de Nicole, segurando as suas mãos com carinho. Olhei nos se
DouglasDepois de falar com Thomas, eu fui diretamente para a casa da minha família. Com elas a conversa não seria tão rápida.— Douglas, por favor, tente entender...— Não, mãe, eu entendo perfeitamente. E é exatamente por entender que não vou tolerar mais esse tipo de atitude por parte da minha própria família. Vocês não aceitam Emily como minha noiva, como a mulher que eu amo. Isso é inaceitável.— Douglas, eu estava apenas tentando fazer você enxergar que aquela garota não é a pessoa certa para você, meu filho.— Apenas eu posso saber quem é ou não a mulher da minha vida. Não vocês!— Você está cego, Douglas — Nora insistiu, demonstrando toda a sua raiva — Não vê que…— Não quero ouvir mais nada! Eu tomei minha decisão. Não pretendo manter nenhum contato com vocês até que entendam que nada e nem ninguém vai conseguir afastar Emily de mim. Ela é a mulher da minha vida, e eu vou protegê-la de vocês.— Douglas, por favor, pense melhor… — Mamãe tentou novamente.— Mãe, eu já pensei mu
DouglasEmily e Charlotte nos aguardavam no apartamento, mas após toda a emoção do momento de reencontro entre elas e Nicole, assim como também pela enorme felicidade que todos nós sentimos ao vê-las bem, é visível que Eloá e Nicole precisavam descansar. Os médicos cuidaram delas ainda no chalé, mas elas certamente estavam abatidas e cansadas.— Acho melhor deixar vocês a sós — Charlotte disse exatamente o que eu estava pensando — Na verdade, todos nós precisamos descansar depois de tudo o que aconteceu nos últimos dias. — Você está certa, meu amor — Brian encarou a esposa com notável devoção — Vamos para nossas casas.— Eu sugiro um jantar na minha casa, para que possamos comemorar a vida — Emily sugeriu e acredito que eu estava com a mesma expressão de Brian quando olhei para a minha noiva — O que acham disso?— Eu acho uma ótima ideia — Fui rápido em concordar, abraçando-a pela cintura.— Eu também gostei muito da ideia, Emily — Oliver concordou — O que você acha, Nicole?— Mas Ni
NicoleNo momento em que um dos homens contratados por Martina me empurrou de maneira brusca para dentro de um chalé estranho e afastado, um lugar no qual eu claramente não poderia conseguir ajuda, eu fiquei aterrorizada. Porém, eu fingi tranquilidade, pois não queria causar pânico na minha pequena. Segurei firmemente na mão de Eloá e nós então fomos guiadas de maneira grosseira através de alguns cômodos escuros, até chegarmos diante de uma porta fechada. Vários cenários terríveis se desenharam em minha mente naquele instante. — Entra aí — O homem disse, abrindo a porta e indicando o interior do cômodo.O terror aumentou, senti meu corpo trêmulo. Até mesmo pensei em perguntar onde estava Martina, talvez clamar por um pouco de razão da parte dela, afinal, Eloá é sua filha. Mas eu não fiz, mais uma vez eu estava tentando não demonstrar para Eloá o quanto tudo aquilo é preocupante.— Nicole, estou com medo — Eloá disse, me abraçando forte.Seu corpinho estava trêmulo, ou talvez fosse o
OliverBrian entrou apressado na sala. Ele tinha voltado ao seu apartamento em companhia de Charlotte, pois tínhamos decidido nos reverzar durante o periódo da noite, que foi longa de mais para mim. Eu tinha conseguido dormir apenas duas horas, exasuto de preocupação.— O que houve? — Douglas foi o primeiro a perguntar.Douglas também tinha conseguido dormir um pouco e agora, já quase seis horas da manhã, estamos todos a postos mais uma vez.— A localização indicada pelo telefone de Charlotte levou a equipe de policias a uma casa abandonada, alguns quilometros ao norte da Nova York — Ele disse com nitida irritação.— Eu confesso que já esperava por algo — Apontei comdesanimo — Martina está se saindo bem em manter o seu esconderijo de nós.Voltei a andar de um lado a outro da sala, me sentindo impotente.— Posso falar com você em particular, Oliver?Estranhei o pedido de Brian, mas logo o segui para fora do meu apartamento.— O investigador acredita que há cameras em seu apartamento —
Último capítulo