A sala de Vitória Mancini era um túmulo iluminado por fogo.
A lareira estalava como se mastigasse os ossos de uma história queimada. Do lado de fora, a tempestade cortava o céu em aço. Raios riscavam a baía como se o universo ecoasse a fúria contida naquela mulher parada diante da janela, onde seu reflexo a observava com olhos de juíza e carrasca.
O império balançava. Mas Vitória não caía. Ainda não.
— Eles acham mesmo que vão apagar minha história com discursos bonitos e caridade digital? — sussurrou, sem tirar os olhos do próprio reflexo. A voz era baixa, mas carregada como pólvora seca. — Eu construí impérios antes de Amanda Costa ter dentes. Eu fiz homens se ajoelharem e partidos nascerem. Ela não sabe brincar nesse tabuleiro. Mas vai aprender... pelo sangue.
Atrás dela, Mariana Nardelli mantinha a pose no sofá de couro negro, como uma conselheira sombria. Cruzou as pernas com um estalo elegante dos saltos.
— A comoção vai passar. É o ciclo da mídia. As pessoas esquecem. Mas preci