Lucca não dormia.
O silêncio do quarto de hóspedes era opressor, cortado apenas pelo som distante da cidade — buzinas, motores, vidas acontecendo lá fora, enquanto a dele parecia suspensa, travada no tempo desde o instante em que seus lábios tocaram os dela.
Estava sentado na poltrona, o corpo curvado para frente, a camisa aberta deixando à mostra o peito arfante. Os cotovelos afundavam nos joelhos, as mãos entrelaçadas, a testa baixa, como se tentasse conter uma dor que não sabia de onde vinha. A taça de vinho sobre a mesinha ao lado seguia intocada, com o líquido escuro refletindo a pouca luz da janela como um espelho torto da sua confusão.
A cidade brilhava lá fora. Fria, impiedosa. Como se zombasse dele. Como se soubesse o que ele não queria admitir.
Ele havia cometido um erro.
Não daqueles que se consertam com desculpas. Era um erro íntimo, profundo. Um erro que não queria desfazer. Porque beijar Amanda não tinha sido um deslize. Tinha sido um desejo alimentado por noites de