O Dono do Meu Destino

O Dono do Meu DestinoPT

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Última atualização: 2025-12-10
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Índice

Ayla Santana sempre lutou para proteger a irmã e a tia, até que Narin presencia um assassinato cometido por Emir Navarro, o homem mais temido da cidade. Para salvá-las, Ayla aceita a única condição que ele impõe: trabalhar para a família Navarro e viver sob suas regras, sem chance de fuga. Obrigada a conviver diariamente com Emir, Ayla descobre um homem frio, perigoso e impossível de enfrentar… mas também alguém que, inexplicavelmente, começa a protegê-la. A tensão entre os dois cresce, misturando ódio, atração proibida e uma guerra silenciosa que nenhum deles consegue controlar. Quando Ayla descobre que Emir está ligado à seu passado, tudo se quebra. Agora, entre ameaças, lealdades traídas e um sentimento que nunca deveria existir, ela precisa decidir: como amar o homem que pode ter destruído sua família? E como fugir do único homem que pode destruir seu coração?

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Capítulo 1

Antes da tormenta

Parte 1...

Ayla Santana

A gente aprende cedo que, em Nova Karam, nada vem fácil. Mas eu aprendi um pouco antes dos outros.

Aprendi quando perdi meus pais. Aprendi quando minha tia ficou doente. E aprendi, principalmente, quando percebi que, se eu não segurasse a barra, ninguém mais faria isso por mim, nem por Narin.

Era isso o tempo todo na minha cabeça naquela manhã cinzenta, enquanto corria para não perder o ônibus.

— Ayla, espera! - Narin gritava atrás de mim, tropeçando nos próprios cadarços. — Eu não alcanço você!

Olhei pra trás e ri sem querer. Era impossível ficar brava com ela.

— Corre, menina! – chamei com a mão. — O motorista não vai ter dó de nós hoje, não.

Narin veio toda atrapalhada, a mochila pulando nas costas, o rabo de cavalo meio torto.

— Eu tentei arrumar a tia antes de sair - ela disse, ofegante, quando finalmente me alcançou — Mas ela não quis levantar da cama. Disse que estava vendo meu pai pela janela.

Suspirei fundo. O coração deu aquela apertada que eu já conhecia bem.

— Ela está piorando - murmurei. — A gente precisa conversar com a médica de novo.

— Eu sei - Narin baixou o olhar. — Mas ainda acho que ela viu alguma coisa. Ela estava muito firme…

— Narim… - toquei o ombro dela. — A tia vê coisas. Sempre vê. Isso não quer dizer que é real.

— Eu sei - ela respondeu baixinho. — Mas dói igual.

Dói mesmo. Dói muito mais em mim do que eu deixo ela perceber. Porque a tia Salma foi tudo pra nós depois que o mundo virou pó.

Ela nos criou, alimentou, amou… Até que a doença começou a levar pedacinhos dela embora. E eu tive que segurar tudo com as mãos trêmulas de quem não estava pronta, mas não tinha escolha. Quando se tem que fazer, não se discute. Só faz.

Quando o ônibus parou, entramos espremidas entre gente suada, gente cansada e gente que, como nós, fingia que estava tudo bem. Nova Karam às vezes parecia feita só disso: gente fingindo. Narin me cutucou.

— Você vai sair tarde hoje?

— Provavelmente sim.

— Quer que eu faça janta?

— Não. Eu faço quando chegar.

— Ayla… Para. Você está exausta.

— E você tem prova amanhã - rebati. — Eu faço. Sem discussão. Você estuda.

Ela fez aquela cara de irmã mais nova irritada, mas que por dentro sabe que eu estou certa.

— Você é chata - murmurou.

— E você é lenta. Agora desce, que é o seu ponto.

Ela saiu do ônibus fazendo careta, e eu fiquei observando pela janela até ela desaparecer atrás dos prédios antigos do bairro universitário.

Aquele pedacinho de chão era o que ela tinha conquistado com esforço, e eu faria qualquer coisa, absolutamente qualquer coisa, para que ela não perdesse aquilo.

Depois que o ônibus voltou a andar, apoiei a cabeça no vidro e soltei o ar devagar. Eu tinha dormido quatro horas.

Trabalhado em dois turnos no bar. E ainda precisava ir para o emprego principal, o laboratório onde eu recebia quase nada para fazer quase tudo.

Mas reclamo? Não. Eu só ia e fazia. Sempre fiz. Porque alguém tinha que manter nossa casa de pé.

E esse alguém era eu.

***** *****

Cheguei ao laboratório quinze minutos atrasada. De novo. Fazer o quê?

— Ayla, corre! - gritou Lídia, minha colega, acenando com luvas cirúrgicas. — A supervisora já rodou o setor. Se você não passar por ela agora, ela vai te engolir viva.

— Ótimo - murmurei. — Era tudo o que eu precisava.

Corri pelo corredor estreito e gelado, prendi o cabelo com um elástico improvisado e peguei o avental branco meio amassado. Quando virei a esquina, dei de cara com a supervisora.

— Santana. - ela me encarou por cima dos óculos, como se eu fosse um inseto. — Eu contei. De novo.

— Eu sei, eu sei - respondi, sem tentar inventar desculpa. — O ônibus…

— O ônibus sempre atrasa para você, né?

— Sempre - concordei, porque era verdade.

Ela bufou e empurrou uma prancheta nas minhas mãos.

— Já que chegou, comece pelo setor três. Está tudo atrasado.

— Sim, senhora.

Eu virei para entrar na sala quando ouvi Lídia sussurrar:

— Ela te odeia, Ayla.

— Não odeia - respondi baixinho. — Ela só gosta de sentir que tem poder. Eu já entendi o jogo dela.

— E você vai continuar deixando?

— Eu não preciso brigar por coisas pequenas. Tenho brigas maiores lá fora.

Lídia suspirou.

— Você é muito calma pra quem carrega o mundo nas costas.

Sorri de lado.

— Se eu não fosse calma, eu já tinha quebrado alguma coisa por aqui. – girei os olhos.

Ela riu.

— Verdade.

Enquanto colocava as luvas, pensei em quantas brigas eu já tinha engolido na vida. Quantas humilhações.

Quantas noites de sono trocadas por turnos duplos.

Tudo para que minha família tivesse uma chance mínima de continuar inteira.

***** *****

Quando o turno acabou, já era noite.

Eu voltei para casa caminhando, porque o último ônibus tinha passado e eu não tinha dinheiro pra chamar carro.

Nova Karam à noite era outra cidade.

As luzes douradas refletiam nas poças de chuva, criando caminhos que pareciam feitos de ouro falso.

Os prédios altos lançavam sombras monstruosas nos becos, e o cheiro de especiarias vinha das ruelas onde gente vendia de tudo. Frutas, lembranças, falsificações, segredos.

Eu morava no bairro mais simples da zona sul, onde tudo parecia meio improvisado, meio quebrado, mas era o que tínhamos.

Quando abri a porta do apartamento, ouvi a voz da tia Salma imediatamente.

— Ayla! Vi seu pai hoje! Ele bateu na janela e disse que vai entrar!

Narin apareceu da cozinha com a expressão cansada.

— Ela está assim desde as seis da tarde.

— Eu estou vendo ele, Ayla! - a tia insistiu, sentada na poltrona, mãos trêmulas. — Ele disse que precisa falar com você!

Ajoelhei na frente dela.

— Tia… Eu sei que parece real. Mas não é. - peguei suas mãos entre as minhas. — Ele não está aqui. Está só na sua lembrança.

Os olhos dela encheram de lágrimas.

— Mas eu queria tanto que fosse verdade…

Meu peito apertou.

— Eu sei, tia. Eu também.

Ela me puxou para um abraço fraco e quente, e eu fiquei ali, segurando o choro para não desabar.

Quando a soltei, fui até a cozinha.

Narin estava cortando legumes, mas do jeito errado, perigoso.

— Ei! - falei gentilmente. — Me dá isso. Você tem prova amanhã.

— Ayla… Você está trabalhando demais. Você não vai aguentar. É muito estresse.

— Eu aguento. Sempre aguentei.

— Mas a que preço?

Parei. Respirei.

— O único preço que eu não posso pagar é ver você perder o que conquistou. Ou ver a tia piorar porque eu não estou aqui. Todo o resto… Eu dou um jeito.

Narin me olhou como se eu fosse uma espécie de muralha. Eu não era. Eu só estava cansada demais para cair.

— Às vezes acho que você é feita de ferro - disse ela.

— Não sou, não - respondi, rindo um pouco. — Mas finjo bem.

Ela largou a faca e me abraçou de repente.

— Eu te amo, Ayla.

— Eu também te amo, chatinha.

Quando finalmente sentamos para comer, percebi que a comida estava salgada demais, mas engoli sem reclamar.

Era nossa rotina. Nossa tentativa de vida normal.

Depois do jantar, enquanto Narin estudava e a tia dormia, fui lavar a louça. Água quente nas mãos, vapor no rosto, e um silêncio pesado na mente.

Às vezes, nesses minutos sozinha, eu imaginava como seria uma vida sem medo. Sem correr atrás de contas.

Sem me preocupar se a tia teria um surto enquanto eu estivesse fora. Sem carregar tudo o tempo todo.

Mas esse tipo de pensamento é perigoso.

Dói mais do que ajuda. Então eu deixava ir.

Quando terminei tudo, me sentei no sofá e peguei meu caderno velho de anotações. Ali eu escrevia as metas impossíveis que fingia acreditar.

“Pagar dívida do hospital... Conseguir emprego melhor... “Fazer Narin se formar em paz...

Cuidar da tia.”

Listei tudo de novo. Substituí uma ou outra meta.

E, enquanto fazia isso, ouvi Narin me chamar do corredor:

— Ayla?

— Oi.

— Amanhã vou passar no mercado antes de voltar. Falta café.

— Não precisa, eu compro no caminho.

— Ayla… Você precisa parar de resolver tudo.

Sorri sem olhar para ela.

— É o que eu faço.

Ela suspirou, mas deixou pra lá. De certa forma, ela sabe que eu tenho que fazer, senão as coisas pioram.

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