Em meio ao aroma irresistível de café recém-moído e ao doce sabor dos brigadeiros, dois mundos colidem. Julia, dona de uma delicadeza quase etérea, encontra no refúgio de uma charmosa cafeteria a fuga perfeita para seus dias. Gabriel, intenso e misterioso, surge como uma tempestade que desperta nela desejos adormecidos. Entre olhares prolongados e conversas carregadas de tensão, cada gole e cada mordida os aproxima de uma paixão proibida — tão quente quanto o espresso que os envolve. Mas segredos antigos e escolhas difíceis ameaçam transformar o sabor do amor em algo agridoce. Será que o destino reserva para eles apenas um romance passageiro... ou um amor para aquecer para sempre? ☕🍫❤️
Ler maisCapítulo 1 – Correndo atrás do sonho
Eu estava atrasada e com a sensação de que tinha esquecido algo. No domingo, o ônibus demora mais a passar.
Sentia um misto de insegurança com ansiedade, e nada que eu fizesse melhorava essa sensação.
Faltavam duas horas para o início da prova, e meu medo era não chegar a tempo. Mas, felizmente, o motorista estava com pressa e dirigiu rápido.
Prestar vestibular em uma universidade federal para o curso de Gastronomia sempre foi o meu sonho. E, desde que meus doces começaram a ser vendidos em padarias e cafeterias, passei a confiar no meu potencial e na minha capacidade de ser uma profissional de sucesso e renomada.
Minha família sempre esteve ao meu lado, mesmo que de forma displicente e cheia de correrias do dia a dia. Eu sabia que podia contar com o apoio e incentivo deles. Crescer em um lar com pai, mãe, irmã e irmão sempre foi sinônimo de porto seguro. E hoje, nesse dia tão importante, me apeguei à trajetória e à confiança que construí.
Consegui chegar a tempo, procurei meu nome na lista e a identificação na carteira. Fiz a prova com tanta concentração que saí com dor de cabeça e nas costas.
Só me restava voltar para casa exausta, com dor, fome, e me jogar no sofá com aquele pacote de cookies e um copo de Coca.
Dormi oito horas seguidas e acordei com a sensação de ter feito o meu melhor. Agora é aguardar o resultado, que vai sair em trinta dias, e ocupar a mente para não ficar pensando nisso.
Tinha alguns compromissos ao longo do dia e ia aproveitar para visitar a Alê na distribuidora de doces.
Alê é aquela amiga de infância que trabalhou a vida toda na loja dos pais e foi fundamental na minha escolha de profissão e graduação. Ela surrupiava ingredientes para testarmos receitas juntas e sempre incentivava as minhas loucuras.
Saí levando minhas ecobags, certa de que voltaria com elas carregadas.
O primeiro compromisso foi com a loja de embalagens. Eu batia ponto semanalmente para repor os estoques e garantir as entregas para os meus clientes. A dona da loja era minha conhecida e deixava as embalagens que eu sempre uso separadas. Bastava ir ao caixa, pagar e levar.
O próximo compromisso era fechar um novo contrato com uma cafeteria. Visitei essa loja algumas vezes, mapeei o estilo dos doces e fiz uma entrega cortesia para a gerente conhecer o meu trabalho. Não deu outra: recebi uma proposta no mesmo dia.
Janete é o nome da gerente, uma mulher de meia-idade, séria e aparentemente focada. Trabalha na Café em Grãos desde a adolescência. Me contou que entrou como jovem aprendiz e tudo que sabe aprendeu lá. A cafeteria tem história: foi iniciada há alguns anos pelo pai do dono atual. Começou com uma loja pequena e se tornou uma franquia conhecida nacionalmente.
Ao chegar na loja, avistei Janete atrás do balcão, dando instruções e inspecionando algumas coisas. O cheiro delicioso de café era inebriante e tomava todo o ambiente. Só de sentir esse aroma, me sentia convidada a criar receitas com gosto e perfume de café.
Janete me recebeu bem, convidou para sentar e serviu o café que, segundo ela, é o melhor do mundo. Rapidamente falamos sobre o meu cardápio de doces, definimos os produtos que seriam fornecidos, a periodicidade e combinamos detalhes sobre pagamentos. No final, ela me convidou para conhecer o dono da marca, que estava trabalhando na cafeteria sede naquele dia.
De forma bem descontraída e despretensiosa, a segui pelo caminho. Quando ela abriu a porta do escritório, me arrependi imediatamente de ter escolhido aquela calça jeans comum, blusa de alça simples e tênis branco. Atrás da mesa, sentado e olhando para o notebook, estava o homem mais lindo, sexy e bem vestido que eu já tinha visto. Ele estava em sua pose “eu sou foda, eu sou lindo, eu sou o rei do café” — e isso quase me fez derreter e escorrer pelo ralo.
O deus grego se virou, sorriu e se levantou para me cumprimentar. Ele, além de tudo, era educado. Oh, Deus... onde eu vim parar? Me mantive focada nos últimos meses, tentando estudar, fazer dinheiro, e bastou conhecer o Rei do Café para esquecer até o meu endereço.
Janete nos apresentou, explicou quem eu era e mencionou um dos doces que eu tinha deixado no dia da degustação. Me parece que o deus grego provou os meus doces e comentou que adorou o brigadeiro de nozes com café. A propósito, o nome dele é Gabriel. Nome de homem jovem, lindo e cheiroso.
Conversa vai, conversa vem, ele me pediu para criar um doce exclusivo para ser vendido na Café em Grãos. Um pedido dele nem precisava ser feito duas vezes — saí de lá com a cabeça borbulhando de ideias.
Fui embora certa de que deveria me esforçar para tirar aquele colírio da cabeça e seguir focada nos meus objetivos. Um deus daqueles jamais me consideraria para qualquer coisa, seja um romance ou um lance.
Perto das 12h, minha barriga gritava de fome. Eu tinha combinado de me encontrar com a Alê na distribuidora para almoçarmos juntas, e às 12h em ponto eu estava lá. Alê deixou o irmão no caixa da loja e seguimos para o restaurante japonês, seria um almoço de meninas.
Chegamos, sentamos na chabudai e começamos a brincadeira de quem come mais. Chabudai são aquelas mesas baixas, japonesas, em que o grupo pode sentar e ficar mais à vontade. Nossa competição era sempre na zoeira e terminava quando as duas já não conseguiam nem respirar.
Aproveitei o momento descontraído para compartilhar sobre o vestibular e o Rei do Café que conheci hoje.
Alê era uma bela de uma safada e se interessou somente pelos detalhes do king. Foi logo criando fanfic sobre eu e o boy. Entrei na brincadeira e falamos até sobre o dia do meu casamento com ele. No dia a dia, eu era uma pessoa focada e cheia de objetivos, mas perto dos meus amigos voltava para a quinta série.
Capítulo 9 – Vinho, Corpo e Confissões Enquanto o Gab do café terminava seu banho, eu começava a diversão na sala. Estava bebendo meu vinho, só de calcinha, dançando e curtindo o momento. Tocava Turn Your Lights Down Low, na voz do Bob e da Lauryn Hill, e eu já estava começando a me sentir mais solta. Havia bebido uma garrafa sozinha e estava complementando com a segunda. O banho do Lord estava demorando demais, e eu estava quase indo lá esfregar ele — ou nele. Passados alguns minutos, ele saiu todo lindo, cabelo bagunçado, corpo ainda um pouco molhado e com o rosto vermelho. Estava com a toalha enrolada no corpo, e o seu garoto marcando para qualquer um contemplar o tamanho e a rigidez. Ele saiu duro do banho, pronto para iniciarmos os jogos. Brinquei que já estava quase indo resgatá-lo. Ele apontou para a toalha e pediu desculpas por não ter uma roupa limpa para vestir. Eu, que já estava soltinha, falei que na minha casa ele não precisava de roupa. E que seria falta de educação
Capítulo 8 – Mensagens, Surpresas e Cheiro de CaféCochilei no sofá depois de assistir a dois filmes sem descanso. O vinho me deixou mole e ajudou a pegar no sono. Acordei com o barulho do celular de novo, olhei no relógio: eram duas horas da manhã. Quem me mandaria mensagem essa hora?Olhei no visor e vi o nome dele: Gabriel Gostoso. Um dia, se tivermos intimidade, vou mostrar o apelido que dei para ele, aliás, os apelidos — provavelmente vai ser motivo de boas risadas.Abri a conversa e vi que era a quinta mensagem que ele enviava:00:00 – Hei, Ju, está acordada? Como está esse vinho? Fiquei com vontade.00:45 – Ju, é falta de educação falar sobre queijos e vinhos com alguém e não convidar.01:10 – Acho que já dormiu. Vou deixá-la descansar.01:40 – Saiba que estou aqui pensando em você.02:00 – Como faço para deixar de pensar em você agora?As mensagens pareciam de alguém bêbado e procurando uma foda. Ahgrrr... eu poderia ser o objeto dessa bela foda, facilmente. Mas não deveria.E
Capítulo 7 – Vinho, Silêncio e MensagensAcordei com o corpo todo doído, e eu sabia exatamente o motivo. A noite anterior foi intensa, e eu estava fora de forma.Eu precisava me arrumar para o dia na cafeteria, mas não conseguia parar de pensar em como seria encontrar o Gabriel e fingir que nada aconteceu.Ontem, quando ele me deixou em casa, não combinamos o jogo. Não falamos sobre como seria dali em diante, e isso ficou no ar.Minha posição é delicada. Sou uma pequena fornecedora de produtos para a empresa, buscando me estabelecer e conseguir um contrato fixo. Não posso misturar as coisas ou parecer que estou forçando algo que não foi combinado ou mencionado. O momento foi ontem, e decidi agir naturalmente e não bancar a emocionada.Tomei meu banho, me preparei e fui com a skin básica e fofa de sempre. O trajeto pareceu rápido — eu meio que queria que demorasse mais. Aquele seria meu último dia de estudo de campo na cafeteria, e a agenda era com o God do cafezal. Eu não sabia se ach
Capítulo 6 – A Prainha e o Jogo SilenciosoEle entrou no carro e seguimos para a prainha. Tocava Billionaire, do Bruno Mars, e a gente cantava em voz alta. A música estava sendo como um esquenta. Seguíamos animados e carregados de um tesão não falado.A prainha era um lugar lindo, cheio de palmeiras, e quando a água se encontrava com a lua, virava um espelho. Gabriel estacionou a caminhonete em frente à água, e o cenário parecia perfeito para um fim de date.Ele pegou uma toalha que estava na bolsa da academia para forrar a carroceria da caminhonete e deixar mais agradável para sentarmos. O cenário era de filme: lua, água, carroceria.Sentamos um em frente ao outro para continuar a troca. Na sacola de bebidas, percebi que eram todas alcoólicas. O balconista havia se confundido e colocado as bebidas de outros consumidores. Gargalhadas altas — e aceitamos que o universo queria que aproveitássemos aquele momento. Caso fosse preciso, resolveríamos ir embora de Uber.Nosso clima era de des
Capítulo 5 – Jogando com FogoEu abri a porta do prédio e subi as escadas com as pernas bambas. O cheiro dele era delicioso, o abraço foi demorado e o olho no olho… esse sim me fez ter certeza de que eu precisava transar com aquele cara. Não era uma escolha, virou um desafio.Chegando em casa, eu sabia que precisava de um banho demorado — e da minha duchinha — para apagar aquele fogo. Ser uma mulher solteira, com desejos sexuais acima do padrão, me obrigou a descobrir brinquedinhos e formas de me divertir. O desejo constante existe, mas nem sempre há um parceiro ideal ou disponível nas horas do alerta.Após o banho do alívio, o sono veio pesado. Dormi quase três horas e acordei no susto com o celular tocando. Sr. King do Café havia pegado meu número com a Janete e me ligou. Antes de atender, vi um número desconhecido, mas atendi pensando que poderia ser qualquer um — menos ele.Gabriel perguntou como eu estava, pediu desculpas por ter conseguido meu número com a Janete e deixou claro
Capítulo 4 – O ConviteAcordei atrasada, como sempre. Parece que as noites estavam mais curtas e agitadas.Tomei meu banho de princesa, caprichei nos cuidados, na perfumaria e dei aquele tapa na depilação como se fosse ter um encontro. Escolhi a roupa íntima combinando, pronta para mostrar — pena que não seria verdade. Era só a minha mente delirante me enganando.Escolhi novamente o jeans Levis, só que agora o preto. Era minha paixão, eu não me via com outro jeans. Camisa de botão branca, básica, reta e com gola. Bota preta tratorada nos pés e uma argola prata ligeiramente grande. A bolsa de couro preta caía muito bem com o look, e só a make soft com blusa rosa suave para finalizar.Resolvi ir de Uber, pois estava ligeiramente atrasada. Era meu segundo dia de estudo de campo na cafeteria, e tinha planejado começar mais uma vez com uma degustação.Chegando lá, cumprimentei todos os funcionários do salão — meu rosto já tinha virado conhecido. Janete estava repondo estoque e se deslocou
Último capítulo