Jogando com Fogo

Capítulo 5 – Jogando com Fogo

Eu abri a porta do prédio e subi as escadas com as pernas bambas. O cheiro dele era delicioso, o abraço foi demorado e o olho no olho… esse sim me fez ter certeza de que eu precisava transar com aquele cara. Não era uma escolha, virou um desafio.

Chegando em casa, eu sabia que precisava de um banho demorado — e da minha duchinha — para apagar aquele fogo. Ser uma mulher solteira, com desejos sexuais acima do padrão, me obrigou a descobrir brinquedinhos e formas de me divertir. O desejo constante existe, mas nem sempre há um parceiro ideal ou disponível nas horas do alerta.

Após o banho do alívio, o sono veio pesado. Dormi quase três horas e acordei no susto com o celular tocando. Sr. King do Café havia pegado meu número com a Janete e me ligou. Antes de atender, vi um número desconhecido, mas atendi pensando que poderia ser qualquer um — menos ele.

Gabriel perguntou como eu estava, pediu desculpas por ter conseguido meu número com a Janete e deixou claro que a ligação não era sobre trabalho. Me arrepiei dos pés à cabeça com aquela frase. Não sei se de esperança ou de tesão. Naquela hora, percebi que minha técnica da duchinha não tinha sido suficiente. Eu ia ter que me divertir sozinha mais uma vez.

Depois de se desculpar, ele perguntou se eu estava dormindo, pois minha voz parecia diferente. Eu, claro, não admiti, mas confirmei que estava sonolenta. Ele contou que havia concluído seu compromisso há poucos minutos e que estava passando próximo ao meu prédio. Acho que esperava que eu dissesse algo — mas não disse. Nem sei o motivo, talvez eu quisesse explorar essa ligação repentina, deixar que ele falasse o que realmente queria.

Após o silêncio, o bonitão entendeu que eu queria que ele dissesse o que queria de mim naquela ligação. Não sei em que parte isso virou um jogo, só sei que eu — e meu corpo — estávamos prontos para jogar.

Ele perguntou se eu tinha algum compromisso. Confirmei que não. Questionou se eu topava sair com ele para beber algo. E eu, claro, aceitei. Pedi vinte minutos para me trocar e combinei de descer. O lindo disse que me esperaria embaixo do prédio.

Tomei o banho campeão, para garantir que cada parte do corpo estivesse cheirosa e atraente. Eu não tinha um corpo volumoso ou chamativo, mas minhas medidas eram suavemente desenvolvidas — graças aos anos de balé.

Eu tinha paixão por lingeries diferenciadas. Sempre acreditei que o que estava por baixo da roupa tinha que ser uma surpresa agradável. A roupa por fora era básica e discreta, mas o que ficava escondido revelava outra pessoa: segura de si e orgulhosa de tudo que desejava mostrar. Escolhi uma calcinha fio dental branca, com um pingente brilhoso na parte de trás. A frente era totalmente transparente, revelando a depilação em retângulo que eu amava. O sutiã seguia a mesma linha da transparência, mostrando o bico do seio e sua coloração. As rendas ficavam nas laterais e não atrapalhavam em nada a visão dos traços por baixo do tecido.

Naquele dia, trocar o jeans por um vestido preto colado ao corpo, de alça e simples, fazia sentido. O look deveria ser descontraído, com um toque provocante. Coloquei uma jaqueta jeans e um All Star branco para balancear. Conferi no espelho e vi que estava tudo certo. Cabelo lavado, cheiroso, make básica com brilho labial. Dei uma caprichada no perfume e desci.

Chegando na rua, o vi encostado no carro, falando ao telefone. Assim que levantou a cabeça, me olhou com aquele olhar de quem sabia que ia se dar bem hoje. Nos cumprimentamos com um abraço e beijo na bochecha — dessa vez, rápido.

Ele abriu a porta do carro para eu me acomodar e, por conta própria, resolveu colocar o cinto em mim. Claro que fez isso lentamente, passando perto do meu rosto, sentindo meu cheiro e me olhando nos olhos. Minha vontade era não perder tempo e agarrá-lo ali mesmo. Mas me contive, curiosa para saber o que aquela noite me reservaria. Eu estava aberta para aproveitar tudo, sem pudor. Sempre fui muito bem resolvida, sem historinha, e sabia separar as coisas.

Dr. Grão entrou no carro e me perguntou se eu tinha algum lugar em mente para irmos. Falei que ele poderia me surpreender. Estava curiosa para saber o tipo de lugar que ele gostava de frequentar. O bonitão escutou minha resposta e ficou reflexivo. Não entendi o motivo, mas talvez eu tenha tocado, sem querer, em algum assunto delicado.

Ficamos em silêncio no caminho. No som do carro, tocava Jason Mraz. O gosto musical dele era bom — e isso já me arrepiava. Música é energia para vários momentos da vida, e eu costumava prestar atenção na escolha das pessoas e conectar à energia do momento.

Chegamos a um lugar bem intimista: luz baixa, balcão para pedidos de bebidas, pessoas conversando e interagindo sem muito barulho, e um som ambiente com música pop internacional sensual. Mais um convite demonstrado através da música. Touché.

Sentamos direto no balcão — aquilo parecia mais descontraído e íntimo. Pedi um Dry Martini e ele, um whisky com gelo. Quando nossas bebidas chegaram, resolvemos brindar: brindar o quê? Comecei falando sobre a parceria profissional (péssima escolha, pesou o clima), mas complementei brindando à possibilidade de encontrarmos, no acaso, pessoas interessantes.

O Deus grego sentiu minha dica. Deixei a porta aberta, mas sem escancarar.

Seguimos conversando sobre assuntos aleatórios: viagens, experiências, coisas engraçadas e gostos pessoais. Nenhuma troca sobre sonhos, dificuldades, metas — e muito menos sobre trabalho. Bebemos uns cinco drinks e estávamos ligeiramente alterados. De forma engraçada e consciente.

Se continuássemos a beber, teríamos dificuldades para sair dali. Concordamos que era hora de parar e ir embora. Os dois não queriam que a noite acabasse ali — óbvio. Sabíamos também que não dava para dirigir naquele momento, e foi aí que Gabriel sugeriu que parássemos o carro em uma prainha artificial que havia perto, para esperar a embriaguez passar.

Pedimos alguns snacks e bebidas não alcoólicas para levar. Gabriel, sempre muito educado, pagou a conta e me acompanhou com a mão nas minhas costas. Eu arrepiei na hora e desejei silenciosamente que a mão dele escorregasse para a minha bunda.

A parte safada que existe em mim não dorme. Respeitar o fluxo normal do date às vezes é difícil para uma mulher fogosa. Aquele cara era uma delícia — e não existe mulher que pense diferente disso.

Chegamos no carro, rindo, nos provocando. Ele, mais uma vez, abriu a porta e foi em direção ao cinto. Passou perto da minha boca — bem perto mesmo — colocou o cinto e, na volta, encostou os lábios nos meus. Era como se estivesse esperando a permissão para avançar.

E eu dei.

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