Mundo ficciónIniciar sesiónLívia Almeida tem vinte anos e um segredo que guarda desde os quinze: ela é apaixonada por Dante Carvalho, o melhor amigo do seu pai. Dezoito anos os separam. Uma amizade de décadas protege o que ela sente. E o fantasma de Helena — a esposa que ele amou e perdeu — torna tudo ainda mais impossível. Mas o coração não obedece à razão. Dante luta contra o desejo proibido que sente pela filha do homem que considera um irmão. Ele se odeia por olhar para ela e não ver mais a menina que ajudou a criar. Tenta se afastar. Tenta esquecer. Mas Lívia não desiste — e quando finalmente cedem à paixão que os consome, o preço é devastador. Depois da primeira vez, Dante a rejeita. Palavras duras. Culpa sufocante. E Lívia, destroçada, esconde o segredo que carrega: está grávida. Três meses depois, um acidente muda tudo. Dante descobre a verdade no hospital — e percebe que quase perdeu a única mulher que conseguiu fazê-lo sentir algo depois de Helena. Agora, ele vai ter que lutar. Contra a culpa. Contra o julgamento. Contra o melhor amigo que nunca imaginou que isso pudesse acontecer. Porque o amor, quando é verdadeiro, não pede licença. Ele simplesmente existe — e exige que você seja corajoso o suficiente para viver com as consequências. Uma história de desejo proibido, redenção e recomeços. Onde o amor mais improvável se torna o único capaz de curar.
Leer másExistem amores que nascem devagar, como quem aprende a respirar debaixo d'água. Outros explodem de repente, como um incêndio que consome tudo em segundos. O meu não foi nenhum dos dois.
O meu amor nasceu no silêncio. Entre olhares que duravam um segundo a mais. Entre sorrisos que eu guardava só para ele. Entre a distância que todo mundo via — e a proximidade que só eu sentia.
Eu tinha quinze anos quando percebi que Dante Carvalho não era apenas o melhor amigo do meu pai.
Ele era o homem que eu queria para o resto da vida.
A casa estava cheia. Como sempre estava quando meu pai decidia reunir os amigos para um churrasco de domingo. Risadas altas, cerveja gelada, o cheiro de carne na brasa misturado ao som de música antiga tocando no som da sala. Théo corria pelo quintal com os filhos dos amigos do meu pai, e minha mãe organizava as saladas na cozinha enquanto conversava com as outras mulheres.
Eu estava sentada na beirada da piscina, os pés dentro da água, fingindo ler um livro que não conseguia processar uma única linha. Porque ele estava ali.
Dante.
Sentado na área gourmet, ao lado do meu pai, segurando uma garrafa de cerveja com aquela postura relaxada que fazia qualquer coisa parecer elegante. Ele vestia uma camisa azul-marinho com as mangas dobradas até os cotovelos, revelando os antebraços fortes, marcados por veias que desenhavam um mapa que eu queria memorizar. O cabelo escuro estava levemente bagunçado, como se ele tivesse passado a mão ali distraidamente — e isso o tornava ainda mais devastador.
Ele ria de algo que meu pai disse. Um riso baixo, contido, que fazia o peito dele subir e descer devagar. E então, como se sentisse o peso do meu olhar, ele virou a cabeça.
Nossos olhos se encontraram.
Foi apenas um segundo. Talvez menos. Mas foi o suficiente para o mundo parar.
Ele não sorriu. Não desviou o olhar imediatamente. Apenas me viu — realmente me viu — e algo mudou no ar entre nós. Algo que não deveria estar ali. Algo perigoso.
Então ele piscou, como se acordasse de um transe, e voltou a atenção para meu pai. Mas eu senti. Senti o peso daquele olhar na minha pele, como um toque que não aconteceu, mas deixou marca.
Respirei fundo e voltei os olhos para o livro. Mas as palavras continuavam embaralhadas. Porque tudo o que eu conseguia sentir era o calor do sol na pele — e o calor muito mais perigoso que aquele olhar tinha deixado em mim.
— Lívia, vem ajudar aqui! — a voz da minha mãe me tirou do transe.
Levantei devagar, ajeitei o biquíni e a saída de praia que cobria meu corpo, e caminhei até a cozinha. Sentia os olhos de algumas pessoas em mim — mas o único olhar que eu queria sentir era o dele.
Quando passei pela área gourmet, fingi não perceber que Dante parou de falar no meio da frase. Fingi não notar que os olhos dele me acompanharam até eu desaparecer pela porta da cozinha.
Mas eu sabia.
Ele tinha me visto.
E pela primeira vez, senti que talvez — apenas talvez — ele também estivesse começando a me ver de um jeito diferente.
A tarde passou devagar, como costumava passar em domingos assim. Eu ajudei minha mãe, conversei com Júlia (que tinha vindo com os pais), evitei Bruno, que insistia em flertar comigo mesmo depois de eu ter terminado com ele três meses atrás.
Mas o tempo todo, minha atenção estava dividida. Metade de mim prestava atenção nas conversas, nas risadas, nas pessoas ao redor. A outra metade estava presa nele.
Em como ele sorria quando meu pai contava uma história. Em como ele se inclinava para ouvir alguém falar, como se realmente se importasse com cada palavra. Em como ele ficou sério quando a mãe dele — Dona Laura, que estava sentada ao lado dele — mencionou Helena.
Helena.
A esposa dele.
A mulher que ele amou mais do que qualquer outra coisa no mundo. A mulher que morreu três anos atrás e levou com ela a luz dos olhos de Dante.
Eu lembrava de Helena. Ela era doce, delicada, sempre sorria para mim quando vinha às festas. Me tratava com carinho, como se eu fosse uma sobrinha distante. E eu gostava dela. Não conseguia odiá-la, mesmo sabendo que ela tinha tudo o que eu queria: o coração de Dante.
Mas Helena se foi. E Dante ficou.
Preso. Sozinho. Vivendo como se uma parte dele tivesse morrido junto com ela.
E eu... eu queria ser a pessoa que o trouxesse de volta à vida.
Mesmo sabendo que isso era errado.
Mesmo sabendo que ele nunca deveria me olhar daquele jeito.
A noite caiu, e aos poucos as pessoas começaram a ir embora. Dona Laura se despediu com um beijo na minha testa, e Felipe — irmão de Dante — bagunçou meu cabelo como sempre fazia desde que eu era criança.
— Está crescendo rápido demais, Lívia — ele disse, sorrindo. — Daqui a pouco vai estar formada, casada, com filhos...
— Calma, Felipe. Ainda tenho uns dez anos pela frente antes de pensar nisso — respondi, rindo.
Ele riu também, mas Dante, que estava ao lado dele, não disse nada. Apenas me olhou — e havia algo naquele olhar que eu não conseguia decifrar.
Algo que parecia... medo.
Quando todos foram embora e só restaram meu pai, Dante e Rafael — o sócio dele — sentados na varanda, eu subi para o meu quarto. Tomei um banho demorado, deixando a água quente lavar o calor do sol (e o calor muito mais perigoso que eu sentia por dentro).
Vesti um pijama de seda curto e me joguei na cama, pegando o celular. Júlia tinha mandado uma mensagem.
Júlia: "Você passou o dia inteiro olhando pra ele. Tá ficando óbvio, Liv."
Mordi o lábio e respondi.
Eu: "Não sei do que você está falando."
Júlia: "Claro que sabe. E ele também percebeu. Vi o jeito que ele te olhou quando você passou."
Meu coração disparou.
Eu: "Ele não me olhou de jeito nenhum."
Júlia: "Continua se enganando, amiga. Mas um dia você vai ter que fazer alguma coisa. Ou vai passar a vida inteira esperando?"
Tranquei o celular e joguei no criado-mudo. Virei de lado, abraçando o travesseiro, e fechei os olhos.
Júlia estava certa.
Eu não podia passar a vida inteira esperando.
Mas o que eu poderia fazer?
Ele era o melhor amigo do meu pai. Ele tinha dezoito anos a mais que eu. Ele ainda estava preso ao fantasma da esposa morta.
E eu... eu era apenas a filha do Roberto.
A menina que ele viu crescer.
A menina que ele nunca deveria desejar.
Mas eu sentia. Sentia que algo estava mudando. Que os olhares estavam durando mais tempo. Que a tensão no ar estava ficando impossível de ignorar.
E uma parte de mim — a parte imprudente, desesperada, apaixonada — queria forçar essa tensão até que ela explodisse.
Mesmo que isso destruísse tudo.
Adormeci e sonhei com olhares que duravam para sempre. Com toques que nunca deveriam acontecer.
Com um amor que eu sabia — no fundo, sempre soube — que ia me consumir por completo.
"O amor proibido não pergunta permissão. Ele simplesmente nasce — e cresce até que não caiba mais dentro do peito."
— Sophie CastellanBRUNO Eu não sou um cara mau. Quero deixar isso claro desde o início. Não sou o tipo de pessoa que sai por aí machucando os outros de propósito. Não sou cruel. Não sou vingativo. Mas Lívia Almeida me fez questionar tudo isso. A gente namorou por três meses. Três meses que, para mim, foram incríveis. Ela era diferente de todas as garotas que eu tinha conhecido. Inteligente. Engraçada. Linda de um jeito que não parecia real. Mas sempre houve algo. Algo que eu não conseguia identificar. Uma parte dela que nunca estava realmente presente. Como se, mesmo quando estava comigo, estivesse pensando em outra pessoa. Em outro lugar. Quando ela terminou, disse que não estava pronta para um relacionamento. Que pre
CLARICE Eu sempre soube que Dante Carvalho seria meu. Desde o dia em que entrei na Carvalho Tech como diretora de marketing, cinco anos atrás, soube. Ele era tudo o que eu procurava em um homem: poder, inteligência, beleza, respeito. E quando Helena morreu, pensei: Agora é minha chance. Esperei o tempo apropriado. Um ano de luto. Dois. Três. Me aproximei aos poucos. Jantares corporativos que se estendiam. Conversas que iam além do profissional. Toques sutis que testavam o terreno. Mas ele nunca reagiu. Educado. Sempre educado. Mas distante. E eu aceitei. Porque sabia que homens como Dante Carvalho levam tempo. Que a perda de Helena tinha sido devastadora. Que eu só precisava ser paciente. Até que, dois meses atrás, algo
DANTE — DOIS MESES DEPOIS Dois meses. Tinha se passado dois meses desde aquela noite. Desde que cruzamos a linha que não tinha volta. Desde que Lívia se tornou minha de todas as formas possíveis. E nesses dois meses, algo dentro de mim mudou. Eu sorria mais. Acordava com um propósito. O vazio que me acompanhava desde a morte de Helena começou a ser preenchido por algo diferente. Por amor. Por esperança. Por Lívia. Estávamos na minha casa. Era domingo à tarde, e pela primeira vez em semanas, conseguimos algumas horas juntos sem precisar nos esconder tanto. Marta tinha o dia de folga. A casa estava em silêncio, apenas o som da chuva lá fora batendo nas janelas. Lívia estava deitada no sofá da sala, a cabeça no meu colo, lendo um livro. Eu passava os dedos pelo cabelo dela distraidamente, meio assistindo algo na TV, meio apenas observando-a. — Você está me olhando de novo — disse ela, sem tirar os olhos do livro. — Estou. — Por quê? — Porque eu posso — respo
LÍVIADuas semanas.Tinha se passado duas semanas desde a explosão. Desde que meu pai descobriu. Desde que a casa se transformou em um campo de batalha silencioso onde ninguém falava sobre o óbvio, mas todos sentiam o peso dele.Meu pai mal olhava para mim. Quando olhava, era com uma mistura de decepção e tristeza que me partia ao meio. Ele e Dante não se falavam. A amizade de décadas estava suspensa em um fio fino prestes a se romper.E no meio disso tudo... eu e Dante.Tentando encontrar espaços para respirar. Para existir. Para amar sem que o mundo desabasse ao nosso redor.Nos encontrávamos em segredo. Sempre longe da cidade. Sempre cuidadosos.Cafés distantes. Parques vazios. A casa dele quando Marta não estava.E cada encontro era uma mistura de felicidade
ROBERTOEu dirigi sem destino por quase duas horas.Não queria ir para casa. Não queria ver ninguém. Não queria sentir nada além da raiva que queimava dentro de mim como fogo.Dante.Meu melhor amigo.Apaixonado pela minha filha.As palavras dele ecoavam na minha cabeça, se repetindo como uma tortura."Eu estou apaixonado por ela."Como ele ousou? Como ele teve a coragem de olhar nos meus olhos e dizer aquilo?E Lívia... Lívia sentia o mesmo?Minha filha. Minha menina. Que eu criei. Que eu protegi a vida inteira.Estava apaixonada por um homem de trinta e oito anos. Por alguém que eu considerava família.Isso não pode estar acontecendo.Quando finalmente cheguei em casa, já passava das nove da noite. A ca
DANTETrês dias.Tinha se passado três dias desde a conversa no café. Três dias desde que admiti em voz alta que estava apaixonado por Lívia. Três dias desde que ela beijou o canto da minha boca e saiu do carro, deixando para trás o cheiro do perfume dela e o peso de uma promessa não dita.E nesses três dias, uma verdade se tornou cada vez mais clara:Eu precisava conversar com Roberto.Não podia adiar mais. Não podia seguir em frente com Lívia escondendo isso do meu melhor amigo. Não podia ser covarde o suficiente para deixar que ele descobrisse por acaso.Se eu realmente amava Lívia — e eu amava — então precisava ter coragem de enfrentar as consequências.Mesmo que isso significasse perder a amizade mais importante da minha vida.Rafael concordou quando liguei para ele.





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