Mundo de ficçãoIniciar sessãoEle se voltou para mim, cruzou os braços e disse com aquela ironia fria que parecia sua marca registrada:
— Quando eu disse ontem que você ia destruir o meu escritório, parece que eu estava adivinhando.Respirei fundo, sentindo minhas mãos formigarem, mas ergui o queixo. Não deixaria a provocação dele me abalar.— Mas, doutor Luccero, — falei com calma, mas sem perder o brilho no olhar, — um jardim é destruição? Pelo amor de Deus… o senhor vive em cinza e preto. Ontem mesmo estava com aquele terno chumbo, camisa branca, gravata chumbo, sapatos pretos. O senhor parecia uma fotografia antiga. A única cor que havia em todo o conjunto eram seus olhos… — fiz uma pausa, engoli em seco e acrescentei com sinceridade — que, com todo respeito, são lindíssimos.Ele arqueou uma sobrancelha, e percebi que não estava acostumado a ouvir elogios tão diretos.Continuei, apontando discretamente para a varanda e para as plantas distribuídas pelo espaço:






