####CHIARA E LUCCERO

Chiara ergueu uma sobrancelha, claramente incomodada com o tom firme dele.

— O que está acontecendo com você hoje, Luccero? Você está agressivo, nunca me tratou desse jeito.

Ela cruzou os braços, como se ainda esperasse que ele voltasse atrás, mas ele não deu espaço.

— Já te falei antes: se você não tem o que fazer, se vive de rendas, se é herdeira e nunca precisou trabalhar, ótimo. Mas eu também sou herdeiro, e escolhi trabalhar. Se ocupe com algo útil e pare de incomodar quem está tentando manter uma empresa funcionando.

— Você está me dispensando? — ela perguntou com incredulidade.

— Estou pedindo que pare de se incomodar com as cores que as funcionárias da minha empresa usam. — A voz dele soava cortante, firme. — Se quer uma empresa bege, cinza e marrom, funde a sua, aqui, a Nicola trabalha bem, ela é competente, organizada e me entrega tudo no prazo. Se ela usa rosa ou amarelo, isso não me importa. E se continuar me pressionando, Chiara, eu vou começar a achar que você está mais preocupada em se manter como enfeite do que em respeitar o meu espaço.

— Enfeite?! — Chiara deu um passo para trás, ofendida.

— Eu não sou seu namorado, nem sequer te pedi em namoro. Nós temos um acordo de conveniência, que já nem está mais funcionando. Se quer um relacionamento, procure alguém que queira isso com você. Eu, não. E se continuar se intitulando minha noiva, eu vou ser obrigado a emitir uma nota à imprensa dizendo que é mentira. E olha que você sabe que eu faço.

Ele caminhou até a porta, abriu com elegância e estendeu o braço, indicando a saída.

— Agora, se me der licença, eu tenho uma reunião para gerir, tenha uma boa tarde, Chiara.

Ela hesitou por um segundo, os olhos úmidos pela humilhação.

Luchero olhou o relógio, depois a fitou com total frieza.

— Eu acabei de dizer pra você que em quinze minutos eu teria uma reunião. Esses quinze minutos já estão estourando. Eu tenho uma reunião, Quehara. Então vá fazer o que você gosta de fazer: gastar dinheiro. E me deixe ir para a minha reunião.

Ele virou-se para a porta do escritório e, em tom objetivo, chamou:

— Francesca, vamos para a reunião enquanto a Nicola redige esse contrato e o transcreve para os idiomas que eu pedi.

E, voltando o olhar por um último instante para Chiara completou, impassível:

— E tenha uma boa tarde, Chiara, porque eu preciso trabalhar.

Sem dizer mais uma palavra, ele se afastou ao lado da secretária, deixando a porta aberta atrás de si.

O som do salto agulha de Chiara ecoou pelo mármore enquanto atravessava o corredor com o orgulho ferido. Mas antes de sair, girou o pescoço em direção à jovem sentada à mesa, e disparou, com a voz carregada de veneno:

— Você deveria se vestir com mais discrição para trabalhar em uma empresa. Principalmente numa função como a sua.

Nicola ergueu o rosto com suavidade e firmeza. Seus olhos cor-de-mel brilharam, mas sua postura permaneceu serena.

— Senhorita — começou com um tom calmo, porém firme — a minha competência é uma. O meu modo de vestir é outro. Se eu estou vestida, estou. Se eu uso rosa, florido, ou o que for, é porque eu gosto. A senhora prefere bege e marrom? Que ótimo, a senhorita é monocromática, tem um gosto neutro.

Ela cruzou os braços lentamente e concluiu com elegância, sem elevar a voz:

— Eu gosto de jardim, de primavera, a cor, me define... desde o momento em que a senhorita entrou aqui, só me ofendeu. Eu aguentei por respeito, mas agora eu estou sendo obrigada a lhe dar uma resposta. Com licença, eu tenho mais o que fazer.

Sem dar tempo para réplica, Nicola retornou o olhar para a tela do computador e começou a revisar os documentos que Luccero havia solicitado.

Chiara saiu com o salto ainda mais estalado, mas por dentro, desfeita.

E a cor-de-rosa que ela tanto criticava, ainda perfumava o ambiente inteiro.

Hoje eu escolhi flores para a minha entrevista.

No meu primeiro dia de treinamento, já conheço a namorada do Sr. Luccero. Ele preto e cinza, ela bege e marrom. Que casal monocromático! E ela ainda vem querer me ensinar a me vestir? Era só o que me faltava.

Se essa criatura voltar aqui com mais alguma “sugestão fashion”, eu juro, vou dar de presente para ela um vestido todo estampado com hibiscos, margaridas e girassóis. Vai que ela se anima, porque, olha... pensa numa mulher apagada!

Hoje, quando eu sair daqui, a primeira coisa que eu vou fazer é passar naquela floricultura que tem aqui próximo da empresa. Vou comprar umas plantas bem lindas para enfeitar essa recepção. Já estou até vendo lavandas , girassol e umas suculentas... Ah, sim, vou!

Eu vou transformar esse escritório em um jardim. Porque esse é o meu ambiente de trabalho agora. E o Sr. Luccero que se acostume.

Nicola respirou fundo, e um pequeno sorriso brotou nos lábios enquanto ela ajustava a fonte do contrato que estava digitando. Seus dedos voltaram a correr pelo teclado com mais leveza. O perfume do campo ainda não estava ali, mas dentro dela... a primavera já tinha começado.

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