Elora, marcada por cicatrizes do passado e detentora de um poder há muito adormecido, carrega segredos que podem mudar seu destino. Dorian, o dominador Rei Lycan, inspira temor e desejo a cada passo, fazendo com que até as sombras se curvem diante de sua presença. Quando seus caminhos colidem, uma faísca proibida rasga a noite — desejo e raiva se entrelaçam em uma tensão tão intensa que até o próprio destino parece tremer. As forças sinistras cercam Elora, sedentas pelo poder oculto que ela carrega. Ainda assim, ela sente-se irresistivelmente atraída por Dorian — o homem capaz tanto de salvá-la quanto de arrastá-la para a perdição. Em meio às trevas e encantamentos de um reino ancestral, cada encontro entre Elora e Dorian sussurra segredos e emoções arrebatadoras, tornando o desfecho tão sedutor quanto imprevisível.
Ler maisA floresta respirava morte.
Sob a luz espectral da lua cheia, Elora corria, o vestido rasgado encharcado de sangue — sangue que antes pulsava dentro dela, sangue que deveria ter dado vida ao seu filho. Agora, ela apenas lutava para respirar enquanto o mundo parecia se fechar ao seu redor. Atrás dela, os rugidos selvagens do Alfa ecoavam pelas árvores: Cedric, o homem que uma vez prometeu protegê-la, agora em sua forma de lobo, sedento por sua morte. Seu ventre doía, um vazio horrendo onde antes havia esperança. Ela havia perdido tudo. O ataque fora brutal. Ele a descobrira tentando contar à mãe dele sobre a gravidez — uma última esperança de proteger seu filho da crueldade do próprio pai. Mas antes que as palavras pudessem ser pronunciadas, Cedric se transformou. Arrancou dela não apenas o filho, mas a própria fé nos deuses antigos. Elora tropeçou, os joelhos rasgando-se contra a terra gelada. Ao seu redor, as árvores pareciam se inclinar, testemunhas silenciosas de sua agonia. Uma voz interior — antiga, feroz — sussurrou em seu ouvido: "Você é mais do que dor. Você é herdeira do sangue de Velora. Levante-se." Tremendo, ela colocou-se de pé. Quando Cedric saltou das sombras, dentes à mostra, olhos dourados manchados de loucura, Elora não fugiu. Ela aceitou o ódio que crescia dentro dela. A magia adormecida no fundo de sua alma queimou, como se a própria noite atendesse seu chamado. — "Por nosso filho..." — Ela sussurrou. O lobo alfa avançou. E num grito de pura fúria e desespero, Elora canalizou toda a dor, toda a perda, toda a escuridão. Uma explosão de energia invisível irrompeu dela, jogando Cedric para trás como uma marionete despedaçada. Ele uivou, tentando se erguer. Mas Elora já estava sobre ele, com a adaga prateada — presente esquecido de sua avó — cravada em sua mão trêmula. — "Por nosso filho!" — gritou novamente, enquanto a lâmina mergulhava no coração do monstro. O uivo dele se tornou um gemido. Seus olhos dourados, por um breve momento, pareciam pedir clemência. Ela não ofereceu. Quando o corpo de Cedric caiu morto entre as folhas, Elora cambaleou para trás, encharcada do sangue dele e do seu próprio desespero. Ao longe, ela já ouvia os primeiros passos — guardas, familiares... a matilha. Eles viriam para vingar o Alfa caído. A pulsação mágica em seu peito tornou-se insuportável. Ela gritou, e as sombras ao seu redor responderam. O chão sob seus pés tremeu. A realidade se rasgou como um véu de seda. Sem saber como, Elora foi arrancada daquele mundo — lançada através do vazio, o corpo despedaçado, a alma em frangalhos, levando consigo apenas o ódio, a dor... e a esperança apagada de um filho que nunca respirou. O mundo desapareceu. E ela caiu... em um novo pesadelo. --- Antes de tudo desmoronar, houve um momento de luz. Elora se recordou — como uma faca cortando através da escuridão — da manhã em que descobriu a vida crescendo dentro dela. Lembrava-se do calor que se espalhara em seu peito, da sensação doce e quase incrédula ao sentir que não estava mais sozinha. Ela acariciara o ventre ainda liso, os olhos brilhando de emoção. Naquela hora, o futuro parecia possível. Ela sonhara com pequenas mãos agarrando seus dedos, com risadas que ecoariam pelos corredores frios da casa de Cedric. Foi então que tomou a decisão: buscaria a ajuda da mãe dele, a matriarca que, apesar da frieza, talvez tivesse piedade de uma nova vida. Se conseguisse contar, se tivesse apoio, talvez Cedric não ousasse levantar a mão contra ela ou contra o bebê. Era um fio de esperança. Frágil, tênue, mas real. Agora, esse fio partira-se, como o berço que nunca seria preenchido. E tudo o que restava era a lembrança... e a fúria silenciosa de uma mãe que perdera tudo.A floresta escureceu à medida que Lilith e Nyra se aproximavam do Vale Esquecido — um local onde a própria luz hesitava em entrar. Não havia som de vento ou de criaturas, apenas um silêncio espesso, sufocante, que parecia pesar sobre os ossos.— Estamos perto — disse Lilith, a voz abafada. — Elandra falou de uma fenda... um lugar onde a alma do Devorador se fragmentou, tentando esconder sua essência da destruição.Nyra farejou o ar, os sentidos em alerta.— Aqui não existe tempo. Nem cheiro de vida. Tudo está... estagnado.No centro do vale, havia uma árvore morta de raízes expostas, como dedos tentando escapar do solo. Ao redor, círculos de pedras flutuavam levemente, sem tocar o chão, marcados por runas antigas — cada uma com o símbolo de uma dor, um medo ou uma escolha quebrada.Lilith se aproximou. Sentia um pulsar no peito, como se algo dentro dela reconhecesse aquele lugar.— Essas são as âncoras — murmurou. — Cada pedra mantém preso um fragmento do que ele foi... ou ainda é.As
O som das raízes crescendo como ossos antigos se arrastava pelas paredes do santuário, enquanto Lilith e Nyra seguiam Elandra por um corredor estreito, esculpido diretamente na pedra viva. A antiga sacerdotisa caminhava com reverência, os dedos tocando suavemente símbolos gravados nas paredes — inscrições que só reagiam ao toque de quem ainda carregava fé.— Este caminho leva à Forja dos Ecos, um lugar onde armas não são apenas forjadas... são escolhidas — disse Elandra, sem olhar para trás. — Elas reconhecem o coração de quem ousa empunhá-las.Nyra arqueou a sobrancelha. — Armas que escolhem seus guerreiros?— Não são armas. São vontades que dormem — corrigiu a sacerdotisa. — E nem todas desejam ser acordadas.O trio adentrou uma câmara circular, onde uma fornalha de pedra flutuava suspensa no centro do vazio, sustentada apenas por correntes de energia que serpenteavam como serpentes douradas. Um calor silencioso emanava do lugar, não físico, mas ancestral. A sensação de estar sendo
O céu sobre a cidade dos perdidos se partiu com um som seco, como vidro estilhaçado em silêncio. As nuvens negras se abriram como cortinas, revelando um vácuo pulsante — olhos rubros como brasas surgiram no alto, encarando Lilith e os que estavam com ela.Aqueles olhos não tinham pupilas. Nem misericórdia.Nyra estremeceu ao lado dela. — Ele acordou.Lilith manteve-se firme, ainda que suas pernas vacilassem sob o peso daquele olhar.O chão sob os pés dos despertos tremeu. Da terra morta emergiram figuras negras, feitas de sombras líquidas. Não tinham rostos, mas tinham garras. E fome.— Fiquem atrás de mim! — gritou Lilith, estendendo os braços.A chama em sua pele despertou mais uma vez, mas agora ela não era mais apenas fogo.Era sangue. Era memória. Era verdade.Nyra se colocou ao lado dela, e de sua palma saiu um brilho prateado, como a luz da lua refletida em gelo.— Nós enfrentamos isso juntas, disse, com um sorriso tenso.As criaturas correram.Lilith lançou a chama. Ela cortou
O caminho as levou a uma clareira silenciosa. Mas não havia natureza. Apenas ruínas.Era uma cidade construída com fragmentos de memórias. Torres partidas flutuavam no céu como castelos esquecidos. Portas sem paredes se abriam para o nada. Ruas feitas de livros rasgados e ossos partidos se estendiam à frente. E em meio a tudo aquilo... eles estavam ali.Milhares. Cegos, mas sorrindo. Presos em suas próprias ilusões.— Eles acham que ainda estão vivos — sussurrou Nyra, com os olhos arregalados. — Estão presos em versões de si mesmos. Felizes, talvez... mas falsas.Lilith sentiu um nó na garganta. Um homem acariciava uma criança que não existia. Uma mulher dançava com um amante feito de névoa. Um jovem desenhava em uma parede invisível com os dedos ensanguentados.— O Devorador os alimenta com o que eles mais queriam. Mas é tudo mentira. — pensou Lilith, o coração pesado.Nyra apertou sua mão. — E se tirarmos isso deles... eles vão sofrer. Talvez não resistam.Lilith assentiu. — Mas se
O caminho à frente se estreitava. Rochas flutuavam no ar como pensamentos não ditos, e as árvores que restavam eram sombras petrificadas de algo que talvez um dia tenha sido vivo. Lilith e Nyra caminhavam lado a lado, os dedos entrelaçados, como se aquilo fosse a única âncora entre o real e o esquecimento.O chão tremia sob seus pés.— Ele está perto — disse Lilith, os olhos fixos em uma fenda que se abria como um suspiro no tecido do mundo.Nyra não respondeu. Ela estava em silêncio, mas seus olhos dourados observavam tudo. O instinto da loba gritava dentro dela, inquieto.— Ele quer que entremos. Quer que pensemos que temos escolha. — disse Nyra mentalmente. — Mas essa caverna... não é só uma entrada. É um convite.Lilith sentiu as palavras ecoarem em sua mente e respirou fundo. A aura do lugar era sufocante. Não havia cheiro de sangue, nem de morte. Era pior. O ar tinha cheiro de rendição.Elas entraram.A caverna era um útero de pedra viva. Pulsava. As paredes vibravam com sussurr
A escuridão da dimensão pulsava como um coração podre. Lilith sentia seu peito arder a cada batida, como se o próprio tempo estivesse tentando arrancá-la do que restava de si. O ar era espesso, cheio de sussurros. Vozes antigas, fragmentadas, que não pertenciam a nenhuma criatura viva.Nyra caminhava ao lado dela, mas seus passos não faziam som. Era como se a realidade ao redor as rejeitasse, tentando dissolvê-las lentamente. O solo era feito de memórias calcificadas. O céu, um véu sem cor. A dimensão era o corpo do Devorador — viva, consciente, e faminta.— Você está ouvindo isso também? — perguntou Lilith em um sussurro, os olhos fixos em uma fenda na rocha que parecia respirar.Nyra assentiu, seu rosto mais sério do que o habitual.— Eles tentam entrar na sua mente. Mostrar o que você teme. Ou o que você deseja. — Ela se aproximou e tocou o braço de Lilith. — Não acredite em nada que veja aqui.Mas era tarde demais.Lilith piscou... e estava de volta na cela.Chão de pedra. Corrent
Último capítulo