Um vampiro destinado ao poder. Uma loba que desafia todas as leis. Cassius Stormborn é o herdeiro de um dos clãs vampíricos mais antigos dos Ajaks—sanguinário, calculista e preso às tradições que exigem seu casamento com uma vampira de sangue puro. Sua vida é regida por deveres frios, até o dia em que seus caminhos cruzam com Ravenna Thorne, a filha rebelde do temido Alfa Supremo Sebastian Thorne. Ravenna não é apenas uma loba. Ela é uma Vortex—uma raridade entre os lobos, capaz de despertar poderes ancestrais que ameaçam até mesmo os imortais. Selvagem, imprevisível e tão letal quanto irresistível, ela é tudo o que Cassius deveria evitar. Mas quando a atração entre eles explode em chamas, nenhuma das regras que os separam parece importar. Em um jogo onde sangue, luxúria e traição se misturam, Cassius descobre que Ravenna não é só uma tentação—ela é uma maldição. E o preço por se entregar a ela pode custar mais do que sua honra. Pode custar sua imortalidade.
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O céu estava tingido de sangue naquele fim de tarde.
Protegido nas sombras da janela, eu espiava o horizonte, com suas nuvens vermelhas e laranjas acima das montanhas cobertas de neve. Até os pinheiros pontiagudos eram como agulhas furando o líquido viscoso. Sempre achei aquele período do dia o mais lindo. O sol me trazia encantamento, talvez por ser proibido para mim. Mas eu só o observava de longe. Ainda era novo demais para saber como seria sentir os raios sobre a pele.Meu pai disse que era questão de tempo até podermos sair algumas horas por dia. As misturas de ervas para beber e os linimentos para passar na pele, que protegiam os vampiros dos raios solares, tinham sido inventadas há décadas. Os adultos estavam testando e suportavam quase uma hora lá fora.
Eu achava aquilo extraordinário. Se aquela experiência finalmente desse certo, eu não precisaria ficar dentro de casa quando o sol estivesse brilhando. Correria pela neve ou pela montanha durante o dia, sem estar refém da noite ou de dias nublados.Estava tão concentrado naquelas questões que mal percebi a pesada porta do meu quarto se abrir, até passos ecoarem no chão. Virei-me rapidamente.
Uma sensação boa me invadiu na hora ao encontrar os olhos cinzentos da minha mãe. Sentia orgulho por tê-los herdado dela, mas não saí do lugar quando notei sua expressão altiva e distante de sempre. Pensei como seria correr para perto e receber um abraço. Mas papai brigou comigo quando tentei fazer isso certa vez. Ele exigia que ela não nos mimasse, especialmente a mim, o primogênito do Clã Stormborn.Um vampiro sério não demonstrava emoções e nem fraquezas a ninguém. Era melhor aprender cedo.
Aos dez anos de idade, eu sabia bem. Estranhei que viesse até meu quarto. Nos víamos apenas durante algumas ocasiões. Era difícil cruzar com ela dentro de um castelo tão grande.— Mãe...
Foi difícil não me alegrar ou me encher de esperanças. Intimamente, esperei um sorriso ou alguma surpresa boa. Mas ela parou a uma certa distância, cruzando as mãos à frente do vestido longo e escuro, cuja barra arrastava no chão. A gola era fechada até o alto, escondendo o pescoço longo e esguio. Cabelos castanhos com faixas brancas estavam presos para cima.
— Seu pai acordou há algumas horas. Ele quer sua presença na biblioteca.
— Agora?
— Sim.
Assenti, sabendo que havia chegado de viagem na madrugada daquele dia, depois de passar semanas fora. Ouvi sua carruagem.
Dado o recado, ela não demorou mais. Busquei algo que estendesse sua presença, me aproximei, mas tudo o que vi foram suas costas eretas até a porta se fechar silenciosamente atrás dela.
Procurei não me chatear. Já devia ter me acostumado.Peguei o paletó azul escuro de brocado acomodado sobre uma poltrona e o vesti. Ajeitei a camisa de gola rendada por baixo, com os botões alinhados. Já estava calçado e corri os dedos pelos cabelos loiros, confirmando que os fios rebeldes estavam assentados como meu pai exigia. Ele não aceitava nada menos que perfeição. Pronto, saí do quarto.
O corredor longo estava iluminado parcamente pelos candelabros em aparadores, as luzes das velas tremulando sobre as paredes de pedras cinzentas. O vento frio vinha de algum lugar lá fora e canalizava ali, mas não me importei.
Percorri o labirinto até descer e pegar novo corredor até a ala da biblioteca. Era o local favorito do meu pai. Bati três vezes na porta e a empurrei. Então parei, esperando que me permitisse a entrada.
Sentado na pequena mesa de frente para a janela, Antares Stormborn fazia o mesmo que eu: observava o horizonte vermelho começar a ceder à escuridão.
— Acomode-se na poltrona — ele disse baixo, sem sequer me espiar.
Obedeci, quieto, meus pés longe do chão quando me recostei contra o estofado verde e alto. Fogo crepitava na lareira. Mas o que me chamou a atenção foi a taça de vinho cheia sobre o tampo redondo ao lado dele. Não me contive:
— Isso não nos mata?
Cresci ouvindo o discurso de desprezo aos vampiros transformados e misturados, que desrespeitavam nossa raça, comportando-se como os humanos: comendo e bebendo coisas mundanas. Dizia que, se a coisa continuasse assim, em breve não existiríamos mais.
— Não. Apenas machuca. — Sem se incomodar com isso, segurou a taça com sua mão enluvada e tomou um gole do líquido parecido com sangue fresco, mas não era saboroso nem quente como um de verdade.
— O efeito é devastador para nosso organismo. Somos fracos para tudo que não seja sangue.
Fez uma careta. Somente então percebi a garrafa aberta sobre outra mesa. Já teria bebido mais daquilo?
Sua palidez era quase esverdeada, como se estivesse enjoado e fosse vomitar. Senti um misto de asco e curiosidade. Nunca experimentei nada além do meu alimento fundamental. Nada além de sangue.
Meu pai terminou o vinho, até pôr a taça vazia de volta no lugar. Alterado, sem o controle de sempre, olhando a neve cair. Distante demais dali.
Aguardei, fui educado para nunca interpelar um adulto. Às vezes, tantas regras me irritavam. Eu sentia vontade de ser como os vampiros da aldeia: livres, brincando, recebendo carinho dos pais.
Pensava que não devia ser tão ruim nascer como humano ou lobo. Ou até um bruxo híbrido. Eles pareciam se divertir bem mais do que nós. Principalmente em relação ao nosso império, como líderes puros do Clã Stormborn.— Essa foi a primeira vez que me reuni com os Draganov de modo particular, em séculos — disse Antares de repente, chamando minha atenção.
Era outro clã de vampiros europeus, que ficava na Bulgária. Desde muito novo aprendi tudo sobre os 13 Clãs, como nosso povo funcionava, como eram as relações entre cada um.
— Eles evitam estar no mesmo ambiente que eu. Quando somos obrigados a nos ver em reuniões dos Templos, ficam longe e não me dirigem a palavra. A não ser um cumprimento polido e obrigatório. — Calou-se, passando a mão pelo rosto, o aspecto mais abatido.
— Por que, pai? — Não me contive.
— Já fomos da mesma família. Antes de me casar com sua mãe, fui casado com Isolde Draganov.
Aquilo me deixou ainda mais surpreso do que ver Antares Stormborn tomando vinho.
Um vampiro só se separava do cônjuge se um deles morresse ou se um fosse estéril e não pudesse levar nossa espécie adiante. Ele se ergueu e bambeou um pouco, meio tonto, a pele verde de verdade. Ia realmente vomitar sobre o chão de pedras, eu já podia ver isso. Uma vez ouvi que um juiz ficou de cama por dias, com mal-estar digestivo, por ter ido a uma festa e experimentado álcool.
Meu pai não se descontrolava nunca. O que estava acontecendo naquele dia?
Preocupado, observei-o se debruçar sobre a janela e respirar o ar frio que vinha de fora, tentando se estabilizar. Dedos crispavam-se sobre a madeira, o perfil parecendo de uma estátua. Olhos ferozes, dessa vez sem a frieza habitual.
Quis perguntar por que se casou duas vezes, mas segurei minha língua. Ele não apreciava ser questionado. Por fim, a resposta veio numa voz levemente desestabilizada:
— Sabe qual é a pior coisa que pode acontecer a um de nós, Cassius?
— Não, senhor. Ser decapitado? — arrisquei, lembrando de histórias de caçadores de vampiros com estacas e espadas afiadas.
— O amor. É isso que destrói. Por esse motivo, e para manter os puros entre nós, só casamos por conveniência. Puros com puros.
Isso eu também sabia. Os clãs possuíam os líderes, vampiros que nunca se misturaram e mantinham nosso sangue intacto. O objetivo era a união através do casamento e da procriação.
— Isolde e eu fomos prometidos antes mesmo de nascermos. Um Stormborn e uma Draganov. Era para ser... — Engoliu, quando sofreu uma ânsia inesperada, seguida de novo mal-estar. Demorou vários instantes e me remexi na poltrona. — Um arranjo. Mas nós éramos ingênuos e inexperientes demais.
Caímos na tolice de amar.
Virou-se de repente, os olhos azuis ficando vermelhos, esbanjando ira. Fixos nos meus pela primeira vez na noite. Paralisei-me, achando que me odiava. Mas estava dominado por lembranças, por seus sentimentos. Olhava para além de mim, para seu passado.
Engoliu algumas vezes, até se aprumar e os olhos retornarem à normalidade. Voltou-se para a janela.
— Fomos felizes por 300 anos. Até uma coisa ficar óbvia. Ela não podia ter filhos. Todos os clãs foram convocados e uma reunião marcada no nosso Templo. Votaram pelo divórcio, pois eu era um vampiro poderoso e forte demais para não dar herdeiros aos puros.
— Até o clã dela?
— O dela foi contra. Um ente da família ser devolvido é um imenso sinal de vergonha. Mas a maioria venceu. E eu aceitei meu destino, segui a tradição. Isolde não se conformou e morreu.
Arregalei os olhos, cheios de perguntas. Meu pai não me deu tempo. Foi até a mesa e pegou seu lenço. Limpou a boca, fitando com desprezo a taça vazia e manchada de vermelho ao lado. Quando me encarou, havia marcas escuras sob seus olhos, e o esverdeado de seu rosto estava quase ficando roxo. Talvez, nos dias seguintes, ficasse pior do que o juiz beberrão.
— Dias atrás, esse precipício entre os Draganov e os Stormborn acabou. Eu garanti que, de um jeito ou de outro, a união do passado seria retomada. Nossos clãs, enfim, terão herdeiros, como sempre deveria ter sido.
— Mas...
— Eu ainda estou falando.
Calei-me imediatamente. A voz contida seguiu:
— Você está oficialmente noivo de Elisa Draganov. Daqui a 200 anos, pouco mais do que isso, se casarão.
Não demonstrei meu susto. Como herdeiro, tinha aceitado a ideia do casamento arranjado. Achei que teria mais tempo pela frente, talvez até conhecendo minha companheira antes de assumir um compromisso. Assenti, sabendo o que seria exigido de mim no futuro.
Eu seria o novo líder do meu Clã.
— Não esqueça, Cassius. O amor fica de fora. Honre a nossa espécie, a nossa família e a tradição.
— Sim, senhor. Eu honrarei.
Ele assentiu e me deu as costas, fazendo sons estranhos com a garganta. Murmurou:
— Agora vá.
Saí imediatamente. Antes que fechasse a porta, ouvi o som de algo esguichando e espiei, vendo-o vomitar.
O sangue negro saía em jatos de sua boca e era despejado no chão.
Foi a primeira e única vez que vi o poderoso Antares Stormborn perder o controle.
"Cassius"— Já notei. Muito responsável, um excelente profissional, um ótimo marido para minha filha. Porém, sei que tem saudades de certas coisas. De viver entre os seus.Não era muito fácil receber elogios dele e gostei. De certa forma, me conhecia bem.Eu tinha notícias do meu clã. Por lá, as coisas continuavam praticamente no mesmo nível, com exceção de Caliban, que se tornara noivo de uma pura do Clã Akunda, da África do Sul. Parecia que meu pai investia nele para ser seu sucessor, já que fui excluído da sua existência.Minha vida entre os Stormborn foi muito diferente da que eu tinha ali. Por meses, me tornei alguém mais leve e amoroso, passei a apreciar tipos novos de afeto, a rir mais. Principalmente por conta de Venna, que mudara tudo.Estar perto dela era sempre pouco. Eu queria viver dentro da sua alma, não conseguia nem imaginar como teria sido a minha vida se eu não a tivesse escolhido. Árida, fria, pensando em disputas dos clãs, leis, regras rígidas. Sendo infeliz.— Sin
"Ravenna"— Lindo...Percorri minhas mãos pelas saliências duras, seus contornos. E ele me puxou, cheirando-me, seus dedos beliscando meus mamilos, me deixando louca.Reduziu as presas, mas todo o resto continuou. As asas se fecharam em volta de nós dois quando beijou a minha boca e derreti, toda melada e excitada.Gemidos ecoaram na noite, quando agarrei seu membro com as duas mãos, masturbando-o, sentindo sua lubrificação rosada molhar os meus dedos. Minhas pernas bambearam quando me masturbou também, uma mão por trás, outra pela frente.Delirei em sua língua, senti que era bolinada nos dois orifícios ao mesmo tempo, entre as coxas e no meio da bunda. Dedos longos usando minha própria lubrificação para se enfiar em mim, nos dois lugares diferentes.— Gosta assim? — Sua voz grossa mexeu em minhas terminações nervosas.— Adoro...— Logo terá o meu pau nessa bundinha gostosa.— Ah...Cassius vinha me preparando, a ponto de eu quase suplicar por aquilo. Era o que ia fazer, mas me perdi q
"Cassius"Eu também. Bom, vou me despedir. Em breve nos falaremos. Hoje, Thorn levará mais uma remessa de sangue para você. Depois, ele retornará aos EUA. Se precisar aí, me avise. Arranjarei alguém de confiança que nos ajude.Eu me preocupei com ela:Não corra riscos. Me viro aqui. Está bem.Nos despedimos e já chegava ao castelo quando outra voz me chamou. Daquela vez era Thorn:Estou a caminho.Eu sei. Daqui seguirá direto para sua casa? Não. Farei uma parada antes.Pareceu diferente, misterioso. Até animado, o que me fez ficar alerta.Onde?Na janela do quarto de uma certa loba.Eu parei e o guarda na porta me espiou, curioso. Cumprimentei-o e voltei a andar, dando a volta no castelo.Ficou maluco, porra? Me diz que não é a Zara. Qual o problema?Ainda pergunta, Thorn? Aquela noite foi estranha e, mesmo assim, garantiu que nem a conhecia direito, você fez aquela cena na frente da Venna. Agora vai fazer o que na janela dela? Quer arrumar confusão? Já não basta as que você já tem?E
"Ravenna"Eu encarei Cassius e ele a mim, franzindo o cenho. Não entendemos, mas não falamos nada, como se isso fosse quebrar alguma corrente ou feitiço.Então Zara soltou o ar e deu um passo para trás, sua expressão carregada, até meio assustada. Ofegando de leve. Virou para mim, a voz meio atropelada:— Preciso ir.— Mas você chegou agora! O que aconteceu?Sacudiu a cabeça, meio desnorteada. Olhou de novo para o vampiro e avançou, como se fosse atacá-lo ou empurrá-lo para passar.— Zara! — Eu fui atrás.Thorn não se mexeu, uma estátua enorme e sombria ali, apenas olhando-a se aproximar. A sensação era de que a pegaria quando chegasse perto.Fiquei nervosa, mas ela não parou. Escapou pelo espaço entre o corpo dele e o corredor, sumindo nele, seus saltos batendo no chão.— O que aconteceu? — perguntei a Thorn, que apenas sacudiu a cabeça, como se saísse de algum transe. Então, me surpreendeu, virando e indo atrás dela. — Hei!— Venna! — Cassius segurou meu braço, antes que eu o perseg
"Cassius"— Thorn está demorando.— Ele deve ter esperado escurecer para sair sem gerar desconfianças.Nesse horário geralmente estão se alimentando na ala esquerda.Foi estranho falar da minha casa, dos nossos costumes. Parecia muito distante e ainda ia completar vinte e quatro horas longe deles.— Está sentindo falta? — murmurou, percebendo meus pensamentos.— Não.— Meu pai foi muito duro com você?— Ele me ofereceu emprestar suas roupas.— Não acredito! — Arregalou os olhos e depois riu. — Morre de ciúmes daquelas roupas!— Deve ter sentido pena do meu estado. Pobre vampiro sem lar, expatriado, com as roupas rasgadas — ironizei e gostei de ver seus olhos brilhando, o sorriso aberto.— Quem diria! Sebastian Thorne de amizade com o genro vamp
"Cassius"Quando o sol se pôs, eu pude circular livremente sem temer ser queimado por algum raio indevido.Sentia sede e fome, mas recusei o sangue de Venna e o de qualquer outro. Ela ofereceu perguntar quem podia doar, mas preferi não aceitar. Era meu primeiro dia em seu lar; não queria já ser visto como uma espécie de predador. Já bastava ser o diferente, o intruso entre eles.Insisti para que saísse, fosse às minas das quais sentia saudade, reencontrasse os moradores e amigos. Mas o fez apenas rapidamente, ansiosa para estar comigo. Com as janelas fechadas, desci e interagi com seus irmãos e mãe. Reencontrei Nerin e sua filha Estelle, assim como Cezar, marido dela e o chefe da guarda.Todos me receberam bem, mas pareceram desconfiados. Entendi como Venna devia ter se sentido no palácio, entre os vampiros. Eu me acostumaria. Por ela. Não seria f&aa
Último capítulo