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capítulo 4 escrava das sombras

Os dias seguintes passaram como uma sucessão de sombras. Cada um mais opressor do que o anterior. Elora, uma prisioneira sem nome, era forçada a servir os nobres e soldados de Vo'korr, os quais viandavam pelos corredores do castelo como monstros em busca de diversão macabra. Seu corpo estava exausto, mas sua mente ainda queimava com a necessidade de resistência. Os guardas não lhe davam descanso, e os outros prisioneiros a olhavam com desconfiança — como se a beleza quebrada de Elora fosse um símbolo de algo que eles já haviam perdido.

Era um ciclo sem fim: limpar, servir, ajoelhar. Os soldados riam dela, e cada olhar, cada palavra, parecia uma lâmina afiada em sua pele.

Mas em meio a tudo isso, algo começou a mudar.

Um dia, enquanto limpava o salão principal após mais uma festa que terminara em sangue, Elora encontrou uma figura que se destacava entre os outros. Não era uma mulher jovem nem bonita, mas havia algo em sua postura que chamou sua atenção. Uma escrava, como ela, mas com uma calma inquietante que não era comum entre aqueles que estavam ali há tanto tempo.

A mulher estava parada perto das paredes do salão, seus olhos vagos, como se olhasse para o além, mas ao mesmo tempo, tão profundamente atenta ao que acontecia ao seu redor.

— Você não parece como as outras — disse Elora, sem saber muito bem por que se atrevia a falar com ela. Era um risco, mas algo na mulher parecia confiável.

A escrava a olhou com um sorriso enigmático. Ela não era bonita de forma óbvia, mas algo na sua expressão transmitia uma sabedoria ancestral. Ela tinha a pele pálida e marcada por cicatrizes antigas, mas seus olhos... seus olhos estavam claros, quase etéreos, como se algo muito profundo estivesse escondido ali.

— E você não parece como as outras escravas — respondeu ela, a voz calma e segura. — Não tem medo de estar aqui.

Elora não sabia se estava mais surpresa por ser abordada ou pela dureza de suas palavras. A escrava estava certa: ela não tinha medo, pelo menos não do tipo que quebraria sua alma. Mas a dor e o cansaço eram inimigos constantes.

— Quem é você? — Elora perguntou, aproximando-se um pouco mais. Não podia explicar, mas sentia que havia algo muito mais profundo naquelas palavras.

A mulher respirou fundo, como se ponderasse por um momento. Ela se inclinou um pouco para frente, o rosto mais próximo do de Elora, e disse com uma voz baixa, como se falasse apenas para ela:

— Lilith.

O nome caiu como uma bomba em seu peito. Lilith... Ela não era uma simples escrava. Elora sabia disso. O nome tinha um peso que ela não conseguia compreender completamente. Algo relacionado à magia, algo antigo.

— Você... é diferente — Elora continuou, seus olhos agora fixos nos de Lilith. Algo naquele olhar a fazia sentir-se mais forte, mais centrada. Era como se Lilith fosse uma força da natureza, um remanescente de uma era perdida.

Lilith sorriu suavemente, como se fosse um segredo compartilhado entre as duas.

— Eu sou antiga, Elora. Muito mais do que você imagina. Conheço as histórias, os segredos que estão enterrados nas terras de Vo'korr. Sei o que você é, o que você pode se tornar.

Elora franziu a testa, desconfiada. O que Lilith queria dizer com isso? Ela sabia que algo estava acontecendo, algo mais profundo dentro dela. Cada dia, o poder oculto dentro de seu ser parecia se aproximar, mas ela não sabia como controlar.

Lilith olhou ao redor, certificando-se de que ninguém estava ouvindo.

— Você é uma das Filhas de Velora, não é? — perguntou ela, a voz tensa, mas quase reverente. — Você carrega um poder ancestral que muitos desejam destruir ou escravizar.

A menção de Velora fez o sangue de Elora ferver. Ela sempre soubera, no fundo de sua alma, que havia algo mais em sua linhagem. Algo que seus pais não lhe contaram, algo que se estendia além dos limites da compreensão humana. As Filhas de Velora... um nome que ela ouvira em sussurros, mas nunca soubera de onde vinha.

Elora respirou fundo. Tudo o que ela sabia sobre sua linhagem e seus dons parecia uma piada diante da realidade cruel que agora enfrentava.

— Como você sabe disso? — ela perguntou, a voz tremendo, mas determinada.

Lilith deu uma risada sombria.

— Porque eu também sou uma das filhas. Não de Velora, mas de um outro tempo. Conheço os dons que estão em você, Elora. Mas antes de qualquer coisa, você precisa entender quem você realmente é. Os seus poderes... eles estão apenas adormecidos.

Elora olhou para ela, confusa, mas algo em seu olhar dizia que Lilith sabia o que estava falando. Ela sentia que havia uma conexão ali, algo além da compreensão imediata.

— Eu não sei como fazer isso... — Elora começou, as palavras saindo mais fracas do que gostaria.

— Não se apresse. O castelo tem seus próprios segredos, suas próprias regras. Mas eu posso te ajudar. — Lilith disse, uma confiança calma no tom. — Você vai despertar aquilo que está dentro de você. O poder das Filhas de Velora é o que sustenta os próprios ventos deste lugar.

Elora a observou atentamente, tentando entender cada palavra, cada movimento dela. A escrava sabia mais do que Elora jamais imaginara. Seus olhos começaram a brilhar com uma luz estranha, como se o conhecimento dela fosse algo ancestral e devastador.

Lilith fez um gesto com as mãos, puxando Elora para mais perto.

— Você é mais forte do que pensa. Não só fisicamente. Você carrega um poder que, se bem orientado, pode mudar tudo. Mas primeiro, você precisa aprender a controlar essa força. E é aqui que entra meu papel.

Elora sentiu o coração bater mais forte. A promessa de Lilith era tentadora, mas também cheia de perigos. O que ela sugeria era algo que poderia levá-la ao ápice do poder ou destruir tudo o que ela era.

— O que devo fazer? — Elora perguntou, a voz quase um sussurro.

Lilith a olhou diretamente nos olhos, como se estivesse avaliando cada centelha de sua alma.

— Vamos começar. Mas não se engane, Elora... O despertar dos seus poderes vai exigir mais de você do que imagina. E os sacrifícios podem ser muito grandes.

Elora olhou para ela, determinada. Se havia uma chance de escapar daquela escuridão, seria através do poder que Lilith parecia prometer. Mas ela sabia que estava entrando em um caminho sem volta.

E aquele caminho, por mais assustador que fosse, poderia ser sua única saída.

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